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Audição de 1 bilhão de jovens está ameaçada

Audição de 1 bilhão de jovens está ameaçada

OMS faz alerta e cobra maior controle de som em aparelhos

Publicado em 18 de fevereiro de 2019 às 23:00

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Mais de 1 bilhão de jovens no mundo corre o risco de desenvolver problemas auditivos diante de uma exposição prolongada e excessiva a sons em volume alto, principalmente por meio de fones de ouvido. O alerta é da Organização Mundial da Saúde (OMS) que publicou novos padrões para a produção de produtos tecnológicos que, segundo a entidade, estão contribuindo para a atual situação. A estimativa é de que o risco atinge 50% da população entre 12 e 35 anos de idade.

Em um projeto que colocou lado à lado a OMS e a União Internacional de Telecomunicações, especialistas do setor de saúde e de tecnologia estabeleceram parâmetros a serem seguidos pela indústria, incluindo a de celulares.

Hoje, cerca de 5% da população mundial, cerca de 466 milhões de pessoas, tem problemas auditivos, com um custo anual para a economia global de US$ 750 bilhões. Até 2050, a estimativa é de que esse número supere a marca de 900 milhões de pessoas. 

Na avaliação da OMS, porém, chegou o momento de que padrões sejam adotados. A recomendação é para que as empresas passem a colocar opções de limite automático de volume nos aparelhos.

Uma espécie de crédito de som seria criado por semana e, caso o usuário atinja 100%, haveria algum tipo de bloqueio na capacidade de elevar o som.

Em um primeiro momento, uma mensagem apareceria ao usuário para que reduza o som. Caso a mensagem seja ignorada, o volume seria congelado automaticamente em um patamar considerado como adequado.

O usuário então poderia selecionar duas opções para que o aparelho indique quais são os usos “seguros” do nível de música. Para adultos, se o nível de som ficar abaixo dos 80 decibéis, é possível ouvir música em segurança por até 40 horas por semana. Qualquer nível acima dessas taxas seria alvo de um alerta e mesmo de uma interrupção do uso do som nos aparelhos.

CRIANÇAS

A segunda opção seria o uso desses aparelhos por menores. O mesmo controle ocorreria, mas com um índice de 75 decibéis. De acordo com os padrões, se uma criança ouvir música acima de 100 decibéis, qualquer duração acima de 6 minutos por semana já seria perigoso para sua audição.

Ao utilizar fones de ouvido, o ideal é que o volume seja ajustado em menos de 60% do máximo que pode ser alcançado. O equipamento deve estar ajustado e, se possível, ter cancelamento de ruído, como os fones que cobrem toda a orelha do usuário.

“Hoje, não temos exatamente como saber se estamos ouvindo a música num volume adequado ou não. É como dirigir um carro em uma estrada sem os ponteiros de velocidade nos carros”, disse Shelly Chadha, especialista da OMS.

Segundo ela, são os governos que precisam estabelecer os padrões e, assim, exigir que os produtos possam seguir as recomendações. Na Europa, alguns países já adotam exigências de que colocar cores nos volumes de celulares, mostrando em vermelho um eventual excesso. Mas isso, na avaliação da OMS, não seria suficiente.

“Dado que temos o ‘know-how’ tecnológico para impedir a perda auditiva, não podemos simplesmente permitir que crianças sofram com isso ao escutar música”, disse Tedros Ghebreyesus, diretor-executivo da OMS. “Eles precisam entender que, uma vez perdida a audição, ela não retorna”, alertou.

Ao usar o fone de ouvido na rua ou no transporte público, o usuário não tem o impacto do volume alto, pois vai aumentando gradualmente. Assim, a lesão ocorre sem que a pessoa sinta os danos.

LIMITES

“Em ambientes comuns, como o ônibus, o nível de ruído já está no limite, que é de 80 decibéis. A pessoa aumenta o volume por causa do barulho e coloca acima dos limites”, explica o médico otorrinolaringologista Luiz Fernando Manzoni Lorençone, membro titular da Associação Brasileira de Otorrinolaringologia e Cirurgia Cérvico-Facial.

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Segundo o médico otorrinolaringologista Jamal Azzam, o ouvido tem um sistema de controle que permite neutralizar sons intensos. “Mas ele não consegue cortar sons de 100, 120 decibéis. Quando é muito intenso, danifica as células auditivas. Quando o paciente percebe a perda auditiva, é porque ela já evoluiu. É importante saber que todas essas lesões são irreversíveis.” (Estadão)

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