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Estudo liga psicoses com uso diário de maconha com alto teor de THC

Estudo liga psicoses com uso diário de maconha com alto teor de THC

Um estudo pioneiro indica, por exemplo, que fumar todos os dias maconha com alto teor de THC (tetraidrocanabinol), como skunk, não seria recomendável

Publicado em 26 de março de 2019 às 09:57

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O estudo não aponta a maconha como causa da psicose, mas há uma correlação forte. (Pixabay)

O clima político no Brasil do governo Bolsonaro não favorece o debate sobre a legalização da maconha, que avança em vários países, menos ainda sobre as recomendações médicas do uso recreativo e a regulamentação correspondente, que se deveriam discutir em seguida.

Não falta, contudo, produção científica relevante para isso. Um estudo pioneiro indica, por exemplo, que fumar todos os dias maconha com alto teor de THC (tetraidrocanabinol), como skunk, não seria recomendável, pois parece aumentar o risco de psicose.

O trabalho saiu na terça-feira (19) na revista médica The Lancet. A maioria dos 2.629 participantes foi recrutada em 11 localidades de 5 países europeus, mas havia também 494 moradores de Ribeirão Preto (Paulo Rossi Menezes, da Faculdade de Medicina da USP na cidade paulista, é um dos autores).

Excluídos os casos em que faltaram informações, sobraram 2.138 na amostra, assim divididos: 901 pacientes admitidos com primeiro episódio psicótico e 1.237 pessoas saudáveis, para comparação dos padrões de uso de cannabis.

Conclusão geral: tanto o hábito de fumar diariamente quanto o de usar maconha com alto teor de THC (maior que 10%), em separado, eram mais frequentes entre os psicóticos (29,5% e 37,1%, respectivamente, contra 6,8% e 19,4% no grupo de controle).

O estudo não aponta a maconha como causa da psicose, mas há uma correlação forte. É possível que a cannabis favoreça o surgimento de psicoses, mas também é possível que psicóticos tenham maior inclinação para fumá-la -ou ambas as coisas.

O elo entre maconha e psicose ainda é controverso entre pesquisadores. Mesmo que assim permaneça por mais tempo, parece sensato que uma eventual regulamentação da maconha liberada dificulte o acesso ao produto de alto teor ou limite a quantidade máxima de THC.

O uso diário também está correlacionado com incidência mais alta de psicoses, algo que decerto precisará ser objeto de campanhas de informação, dirigidas sobretudo para adolescentes.

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A orientação geral quanto à maconha, levando em conta esses dados é: use com moderação, como se diz do álcool -uma droga lícita que causa graves danos pessoais e sociais.

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