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Idade metabólica: de acordo com a balança, ela tem apenas 18 anos

Idade metabólica: de acordo com a balança, ela tem apenas 18 anos

Empresária, que na verdade tem 36 anos, conta como estilo de vida fez melhorar a saúde

Publicado em 16 de março de 2019 às 22:17

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Talana tem 36 anos e frequenta a academia de noite para manter a boa forma. (Bernardo Coutinho)

Ao falar sobre sua idade, a empresária Talana Roza Venezia tem duas respostas diferentes. Cronologicamente, são 36 anos bem vividos. Mas na balança tem metade, só 18.

Não que Talana dê muita bola para isso. Mas ela não esconde a pontinha de satisfação ao saber que está no caminho certo. E prefere se apegar a outro número que diz mais sobre sua condição de saúde: os 17 quilos que perdeu nos últimos anos. “É mais do que um dos sacos grandes de ração que costumo carregar todo dia”, ri a dona de um petshop em Vitória.

Três anos atrás, a empresária se incomodava com o sobrepeso, dores de cabeça constantes, pouca disposição para aguentar a rotina pesada de trabalho. “Antes era um tormento comprar roupa. Nada ficava bem. Então, busquei orientação nutricional e intensifiquei o treino na academia. Sigo à risca o que prescrevem”, conta.

Foi uma mudança drástica. “Passei a comprar e fazer minha própria comida, que é de qualidade. Hoje tenho muita disposição. Minha atividade profissional exige bastante de mim. E quando chego ao final do expediente, ainda tenho energia para malhar.”

Assim, é por volta das 21 horas que a empresária vai para a academia, pelo menos cinco vezes por semana. “Minha idade metabólica vem caindo. No mês passado, era 19. Neste mês, ficou em 18. Meu percentual de gordura diminuiu. E não preciso mais perder peso, só ganhar mais massa muscular.”

Mesmo pique tem o engenheiro de segurança do trabalho Daniel Costa Inácio, 42. “Saio do trabalho e vou direto para a academia. Se consigo ir três, quatro vezes, fico feliz. Já tive idade metabólica de 38 anos, hoje é de 29. Vejo que se reduzo a medida do meu abdômen e aumento a do bíceps, essa taxa cai”, comenta ele, que não esconde o orgulho quando ouve, vez ou outra, que não aparenta a idade que tem.

DADOS NÃO DEVEM SER META

Embora concordem que um bom condicionamento é conquistado à base de atividade física regular e alimentação equilibrada, os especialistas acreditam que a idade metabólica não deve servir de parâmetro por quem busca a boa forma. Isso porque não há comprovação científica de que ela funcione como um marcador importante para a saúde.

O endocrinologista Eduardo Camargo afirma que existem pesquisas sobre o assunto em uma nova área da medicina, a medicina metabolômica, mas eles ainda são muito iniciais. “Ainda é complicado utilizá-la na prática. Não há referências comprovando que a idade metabólica pode predizer saúde futura ou risco de doença. Na prática, é um número que pode trazer a lembrança de jovialidade ou de envelhecimento, mas apenas de forma ilustrativa.”

Para a endocrinologista Lusanere Cruz, a história é mais um modismo no meio fitness. “Não tem nada que estude condicionamento do corpo que inclua idade metabólica. Não é parâmetro que se use na vida real.”

VALIDAÇÃO

Outro que desconfia de métodos de avaliação que se baseiam na idade metabólica é o professor Roque Luz, profissional de educação física, wellness coaching e comentarista da Rádio CBN Vitória. “Como não tem validação científica, não vou prescrever um exercício baseado em idade metabólica da pessoa.”

O professor lembra que algumas balanças usadas na bioimpedância são confiáveis. “Umas têm uma margem de erro altíssima, mas algumas de marca boa são melhores. Mesmo assim, prefiro analisar os dados separadamente, como a quantidade de água no corpo, gordura corporal...”

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Por fim, segundo Camargo, a idade metabólica é um adereço, ainda sem validade para se tornar uma medida relevante. “Não deve ser usada como meta, já que os parâmetros de saúde se sobressaem a esse cálculo. Fiz um teste com uma paciente minha, de 35 anos, que é magra, estressada e tabagista. Deu uma idade metabólica de 23 anos. Que valor tem esse resultado frente aos parâmetros de risco como estresse e tabagismo? Em resumo, é mais uma rotulagem para as pessoas. Futuramente, esperamos que esse dado evolua e nos auxilie”.

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