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'Criança que come bem é aquela que come qualquer coisa em qualquer lugar'

"Criança que come bem é aquela que come qualquer coisa em qualquer lugar"

Nutricionista e apresentadora do canal GNT vai dar dicas a pais e mães no Encontros do Saber, na próxima quarta-feira, na Rede Gazeta

Publicado em 2 de junho de 2019 às 00:11

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Um dos principais desafios que as famílias enfrentam hoje em dia é fazer com que as crianças tenham uma boa alimentação. É comum ouvir pais desabafando que os filhos se recusam a comer alimentos saudáveis, e muitos ficam sem saber como lidar com essa situação. Segundo a nutricionista e apresentadora da GNT Gabriela Kapim, é preciso oferecer sempre diferentes opções às crianças. Com base nisso, a especialista vai abordar a seguinte questão: “Meu filho é ruim de garfo. E agora?”, na próxima quarta-feira, no auditório da Rede Gazeta, em Vitória.

O evento faz parte do projeto Encontros do Saber, que conta com a parceria da Casa do Saber Rio. Confira abaixo uma entrevista com Kapim sobre a importância de manter um diálogo aberto com as crianças.

Na correria do dia a dia, o que você acha da facilidade das comidas industrializadas?

É preciso evitar industrializado o máximo possível. Eu acredito que fizeram a gente acreditar que é mais prático abrir um pacote de biscoito do que descascar uma banana ou uma tangerina. É uma questão da gente se habituar a pensar a comida de verdade. O que eu vejo é que as pessoas perderam o hábito de pensar em fazer uma marmita, de preparar um lanche. Aí vão comendo pão de queijo e misto quente. É mais preguiça do que pensar e organizar a comida.

Mas como evitar esses produtos?

Quando você pensa que sua alimentação faz parte do seu dia, a referência muda. Você passa a prestar atenção no que você vai comer e na maioria das vezes a gente se dá conta de que não dá tanto trabalho assim. Um macarrão instantâneo, por exemplo, demora três minutos para ficar pronto. Um macarrão de verdade demora oito. Cinco minutos vai fazer tanta diferença assim no seu dia?

Como lidar com as crianças que recusam comida saudável?

Esse alimento tem que ser oferecido o tempo inteiro para as crianças. Geralmente a criança recusa e nunca mais aquele alimento aparece de novo. Esse movimento é errado. A gente precisa aprender a gostar de coisas certas. Muitas pessoas não gostam de uma comida de primeira e vai se acostumando com aquele sabor. Não é de um dia para o outro, é um processo e a criança tem que ter isso introduzido dentro de casa.

E aquelas crianças que simplesmente não querem nada?

Tem que observar o em torno. Não existe criança que não come nada. Tem criança que só come um determinado alimento, mas então alguém está oferecendo apenas esse alimento ao invés de estar insistindo e tentando oferecer outros. Também tem a questão da forma como apresenta a comida e a forma como a criança é estimulada. Tem todo um contexto. Como é a alimentação dessa família? Os pais gostam de comer ou também se alimentam mal? Tem muitos fatores que envolvem esses momentos de negociação com as crianças.

E os doces? Não pode comer nenhum?

Açúcar branco é um veneno. É um nutriente que eu não oriento ninguém a comer. A minha recomendação é sempre quanto menos, melhor. Rigidamente, crianças menor de dois anos não precisam de açúcar, não tem a menor necessidade, nem socialmente. Depois dos dois anos de idade que começa uma pressão social e é preciso negociar esse açúcar. Mas também conheço um monte de criança que não gosta de chocolate porque criou o hábito de não comer açúcar no dia a dia, é uma construção. É difícil viver numa família saudável que tem um bom relacionamento com a comida e ter uma criança que come mal.

O que você acha das recompensas?

Muitas crianças acabam desenvolvendo compulsão alimentar. Passam a comer tudo só para ganhar algo em troca. Mas as crianças devem comer bem para ter saúde, para o bem-estar, para a mobilidade. Também tem casos de crianças que desenvolvem anorexia e bulimia. Há estudos dizendo que a proibição total de um alimento sem justificativa pode trazer compulsões em outras fases da vida e essa não é uma boa estratégia.

O que você tem de dica para os pais?

Educar filho dá trabalho, mas para mim é um trabalho totalmente que vale a pena. Eu não tenho preguiça de educar meus filhos nem os filhos dos outros que me procuram pedindo ajuda. Não tem atalho. É desligar seu telefone na hora de sentar na mesa com seu filho para comer. A forma como a gente apresenta a comida faz toda a diferença.

O que é uma criança que come bem?

Comer bem é comer tudo e qualquer coisa em qualquer lugar. Criança que come o que tiver na mesa aonde ela tiver é uma criança que come bem. Na hora que eu levar meus filhos para Disney, vão comer hambúrguer. Na Itália vão comer massa. No México, comida apimentada. É poder explorar o que o mundo tem para nos dar. Na hora que me limito, perde a graça.

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