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'Dá para ser criativo e comer muito bem com o que temos em casa'

"Dá para ser criativo e comer muito bem com o que temos em casa"

Wallace Aranha se divide entre o trabalho na área de marketing e o de "influencer"

Publicado em 9 de junho de 2019 às 00:35

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Wallace faz sucesso nas redes sociais com receitas que levam ingredientes baratos. (Ricardo Medeiros)

Ele não é um grande chef de cozinha, nem dono de restaurante. Mas as comidas que prepara fazem um sucesso danado. Onde? Na internet. Como o pudim de leite condensado na panela de pressão.

Quem quiser provar essa sobremesa tem que ver o vídeo em que o capixaba Wallace Aranha ensina o passo a passo. Não é complicado. Mais de 14 milhões de pessoas fizeram isso. E mais de 320 mil compartilharam a receita com outras.


É do fogão da casa dele, em Vila Velha, que saem delícias assim. Outro dia, ele aproveitou que a sobrecoxa estava em promoção no supermercado e preparou um franguinho assado com batatas que deixou gente aguada no Rio de Janeiro, em São Paulo e até de fora do país.

Estava lá na página do Wallace no Facebook, a “Cozinha de Pobre”, onde uma seguidora comentou que a comida que ele faz “é muito chique”.

“Alguns anos atrás, eu acompanhava uns chefs, mas achava que os ingredientes que usavam eram muito caros. Quando estou cozinhando, cozinho o que as pessoas conseguem comprar. Mostro que dá para ser criativo e comer muito bem com o que tem em casa! Isso inspira as pessoas”, diz Wallace, um jovem de 33 anos que já foi professor e hoje é diretor de marketing de uma rede de hamburguerias no Estado e universitário do 7º período do curso de Comunicação.

Mas ele chama a atenção mesmo como o influenciador digital que cativou mais de 80 mil seguidores no Instagram, onde se revela do jeito que é, um sujeito de fala mansa, mas língua afiada e humor bem franco – principalmente quando é para desabafar sobre alguns internautas sem noção.

ETIQUETA 

Na rede, ele escancara sua forma de pensar a vida: “Tenho uma filosofia que é a seguinte: se não vai me agregar, deixo pra lá. Muita gente, bloqueio mesmo. Ou respondo com ironia e brinco. Entendo que tudo isso ainda é muito novo, tanto para quem produz conteúdo quanto para quem consome. As pessoas ainda estão aprendendo a etiqueta digital”, comenta.

Como quando ele resolveu falar abertamente sobre sua vida conjugal com o companheiro, com quem é casado há 10 anos. “Quando comecei a abrir minha vida pessoal, estava muito consciente, sabia que estava sujeito a críticas e represálias. Tanto é que perdi uma parcela massiva de seguidores. Mas a sexualidade para mim não é tabu ou algo mágico. Não é a pauta de discussão.”

ACESSÍVEL 

Wallace sabe que as redes sociais aproximam. E se orgulha de ajudar a propagar algo mais acessível: “No começo, uns quatro ou cinco anos atrás, eu até pensava que teria que ser uma coisa diferente para atrair. Mas é o contrário. Num momento em que há pessoas tão inatingíveis digitalmente, com padrões de vida inacessíveis, acho que consigo criar uma identificação real, mostrando meu cotidiano, como uma pessoa de verdade, que se frustra, se irrita.”

Em um post recente, ele fez questão de mostrar que não precisa de uma cozinha de luxo para conquistar amigos e admiradores. “Ainda não tenho um armário muito ‘top’. Algumas coisas ficam até no chão, empilhadas. Até janeiro deste ano, usava um fogão que só tinha duas bocas funcionando. Aí consegui comprar um novo”, relatou.

Em outra postagem, o influenciador reclama de ter que responder a perguntas sobre seu peso. “Você se sente confortável? Não pensa em operar ou emagrecer? Peso 190 quilos. Meu sonho é voltar a ter 130 quilos, que é quando eu me sentia muito feliz e confortável com meu corpo”, disse Wallace em um vídeo que teve mais de 9,2 mil curtidas.

Ele fica mais satisfeito mesmo quando o assunto gira em torno do seu talento culinário, uma paixão que é de família. “Aprendi muita coisa com minha mãe. Mas comecei a praticar mesmo vendo os vídeos da Jane Loures. Era até por necessidade, na época da faculdade. Ou iria comer só miojo todos os dias”, conta.

Mas também usa seu perfil para dar dicas sobre empreendedorismo, educação infantil e até sobre livros. “Compartilho experiências literárias de baixo custo. Livros de R$ 10.”

“O pessoal me acompanha como uma novela”

Na certidão de nascimento ele é Elielson Policarpo Fêu. Mas no Instagram, é apenas Elielson Beans, um rapaz de 29 anos que adora fazer graça para seus seguidores.

“Meu segmento é entretenimento. Minha vida é naturalmente engraçada. O pessoal me acompanha como uma novela. O que mais bomba é quando faço um vídeo em alguma situação inusitada. Aí é uma chuva de ‘directs’”, conta ele a respeito do retorno que recebe diariamente dos mais de 44 mil fãs que seguem seu perfil na rede social do momento.

Apesar de atuar exclusivamente como influenciador digital, Elielson se considera um mero vendedor. “Sempre trabalhei com vendas. Mas acabei fazendo do meu lazer uma profissão. Me considero um vendedor, pois vendo de faxina a roupas, acessórios. Mas não sou hipócrita. As pessoas confiam em mim porque sou verdadeiro e não faço propaganda enganosa”, afirma.

Hoje, o jovem é pago por várias marcas, para que fale sobre elas em seu perfil. Mas tem uma propaganda que Elielson faz questão de fazer – e de graça: “Sou um garoto de Cariacica que mostra a vida como ela é. Meu público maior é daqui. Nasci e fui criado em Vitória, mas me mudei cedo para Cariacica. Não faz sentido falar mal do lugar onde moro. Claro que a cidade precisa de mais segurança, de infraestrutura. Tem todo um lado ruim. Mas eu exalto o que é bom. Meu bordão é ‘Cariacica é o poder’. É muito barato viver aqui, e o povo tem muito orgulho.”

Elielson admite que tem que lidar com o preconceito em relação ao município. E ainda com alguns ‘haters’, internautas que só fazem questão de provocar, como quando ele aparece com o namorado. “Já tive vários haters. Mas quem me conhece sabe que não dou ibope para isso. Se me xingam, xingo de volta ou bloqueio a pessoa, dependendo do meu humor no dia.”

Ele se assusta mesmo com o assédio nas ruas. “Os seguidores encontram meus parentes e tiram foto com eles para me mandar. Tem gente fanática, que chora quando me vê na rua. Dá até medo.”

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Além de produtos e serviços, ele compartilha boas ações. “Participo de um projeto chamado ‘Adote Um Avô’, e reúno seguidores para visitar um asilo em Vitória. Levamos alegria, afeto e também doações. Na última vaquinha on-line que fizemos, juntamos R$ 15 mil em doações.”

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