Enquanto cuida da grama e poda e molha as plantas, Luciano Monjardim, 56 anos, sente o sol queimar a pele, sem nenhuma proteção além de calças e um boné. Na época de calor, até procuro usar uma camisa com proteção UV e filtro solar fator 50 no rosto, pescoço e orelhas. Mas nesses dias de clima mais ameno, como no outono inverno, não passo nada, diz o jardineiro.
Pessoas como Luciano, que trabalham ao ar livre, têm até três vezes mais risco de ter câncer de pele. É o alerta do Instituto Melanoma Brasil, uma Organização Não-Governamental (ONG) formada por médicos dermatologistas, oncologistas, cirurgiões e psicólogos, que atuam para conscientizar a sociedade sobre esse que é o tipo mais agressivo da doença.
Na campanha Trabalhe com segurança. Proteja sua pele, o recado vai principalmente para bombeiros, paisagistas, jardineiros, carteiros, agricultores, salva-vidas, garis e outros tantos trabalhadores que passam a maior parte do tempo expostos ao sol. Todo ano fazemos uma campanha para um público específico. Desta vez, resolvemos falar para os trabalhadores que podem estar negligenciando a proteção da pele que é tão necessária, diz Rebecca Montanheiro, presidente da entidade.
O objetivo, segundo ela, é divulgar informações sobre o câncer de pele, que afeta cerca de seis mil pessoas no Brasil anualmente, e sobre o melanoma, que tem o registro de 1,5 mil casos por ano no país. Sabemos que há um desconhecimento sobre a doença, o que faz com que as pessoas a descubram quando ela está avançada, com as chances de cura reduzidas, cita Rebecca, que viveu ela própria a experiência de tratar o melanoma.
A campanha mostra que não existe exposição solar segura, independente de ser recreativa ou pelo ofício. É importante proteger a pele dos raios nocivos do sol em qualquer horário. Num país como o Brasil, tem que ter esse cuidado o ano inteiro. Para se ter uma ideia, nos meses de inverno, a radiação na cidade de São Paulo é a mesma registrada em Paris nos meses de verão, explica Rodrigo Munhoz, oncologista e membro do Comitê Científico do Melanoma Brasil.
Além da prevenção, o diagnóstico precoce também é fundamental. Esses trabalhadores deveriam ter um acompanhamento dermatológico bem feito, da mesma forma que têm exame ocupacional. Isso poderia identificar sinais, como pintas assimétricas na pele, feridas que não cicatrizam... Pode ser câncer de pele ou já um melanoma, que tem um risco de morte maior, mas também é uma situação curável se for descoberta cedo, aponta ele.
Como prevenir o câncer de pele
Horários
Se for possível, evite exposição solar entre as 10h e as 16h, período em que a radiação atinge seu nível mais alto
Filtro solar
Aplique protetor solar e labial todos os dias, independentemente do clima. Mesmo em dias nublados há radiação. A primeira aplicação deve ser feita 30 minutos antes da exposição. Reaplique a cada duas horas
Mais proteção
- Use produtos com proteção contra radiação UVA e UVB, que tenham fator de proteção solar (FPS) 30 ou maior, como chapéu e camisa
- Nas atividades ao ar livre é fundamental o uso de chapéu para cobrir cabeça, orelhas e pescoço, além de óculos escuros, camiseta de mangas compridas e calças
Reaplique
Saia do sol quando puder e faça pausas na sombra. Caso tenha transpirado ou entrado em contato com água, reaplique o produto, mas sempre com o corpo seco
Autoexame
Faça o autoexame regular da pele e fique atento a qualquer tipo de alteração, como feridas que não cicatrizam e lesões assimétricas (quando divididas ao meio, têm um lado diferente do outro), bordas irregulares, coloração preta, dimensão acima de 6cm ou ainda lesões em evolução
Busque ajuda
Consulte um dermatologista sempre que notar alguma alteração na pele ou, pelo menos, uma vez por ano para o exame completo. Siga hábitos saudáveis de vida, com prática regular de atividades físicas e alimentação balanceada e rica em vitaminas
Fonte: Instituto Melanoma Brasil
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