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Ufes pesquisa novo tratamento contra a sífilis

Ufes pesquisa novo tratamento contra a sífilis

A ideia é testar em voluntárias infectadas com a doença uma droga que funcione como alternativa à penicilina para ser usada em mulheres grávidas

Publicado em 28 de agosto de 2019 às 22:43

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Grávida. (Reprodução/Pixabay)

Pesquisadores da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) vão participar de um estudo inédito que tem como objetivo encontrar um novo tratamento para a sífilis, uma doença sexualmente transmissível que também é passada de mãe para filho durante a gestação.

O alvo serão mulheres grávidas, uma vez que a infecção pode trazer consequências graves de saúde para o feto, que pode nascer com surdez e danos neurológicos importantes, por exemplo. Depois de décadas, o Brasil vive uma nova epidemia de sífilis: desde 2010, foram 228 mil novos casos.

Os testes serão com um antibiótico que pode se tornar a alternativa ao atual e único medicamento usado contra a doença em gestantes, a penicilina, diante do risco de escassez dessa substância no mercado internacional.

“Com essa questão da falta de penicilina, não se tinha um substituto eficiente. Começamos a pensar: e se a penicilina acabar, como vamos tratar as gestantes?”, diz a médica ginecologista e professora da Ufes Neide Tosato Boldrini, que integra o estudo.

Aposta

A medicina agora aposta todas as suas fichas agora na cefixima, um remédio utilizado mundialmente para o tratamento de outras doenças sexualmente transmissíveis, como a gonorreia, por exemplo, mas que será testada pela primeira vez para tratar a sífilis.

“Em testes in vitro, de cultura, descobriram que a cefixima é eficaz para diversas doenças. Agora decidiram testar em humanos”, explica a médica.

Além do Hospital Universitário Cassiano Antônio Moraes (Hucam), a pesquisa será realizada em outras cidades brasileiras: Fortaleza (CE) e Pelotas (RS). Ela é patrocinada pela Organização Mundial de Saúde (OMS), pela Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) e pelo Ministério da Saúde.

“A identificação precoce dos casos de sífilis com subsequente tratamento proporcionará a eliminação de riscos de manifestações clínicas severas, reduzirá a transmissão para o parceiro e o recém-nascido e diminuirá os custos gerais com a saúde”, explica a coordenadora da pesquisa no Espírito Santo e professora do Departamento de Medicina Social da Ufes, Angélica Espinosa Barbosa, que é coordenadora-geral de Vigilância das Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST) do Ministério da Saúde.

Segundo Neide Boldrini, no Estado serão selecionadas 72 mulheres, não grávidas e com HIV negativo, acima de 18 anos, infectadas com sífilis. “Vamos fazer uma triagem no ambulatório do Hucam, nas mulheres infectadas com sífilis. Também vamos às unidades de saúde oferecer às pacientes”, explica Neide.

Os testes terão início em setembro e vão durar dois anos. Na capital capixaba, os dados serão coletados no Hucam e enviados à Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) para análise laboratorial. “É um estudo muito rigoroso. Uma fase seguinte será testar em grávidas. Mas só quando já tivermos a eficácia e a segurança comprovadas”, destaca a ginecologista.

No mundo

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De acordo com a OMS, a sífilis atinge mais de 12 milhões de pessoas em todo o mundo. Ela provoca feridas na região contaminada, febre, mal-estar e manchas no corpo. A longo prazo, a doença pode causar problemas cardiovasculares e neurológicos. Se transmitida da mãe para o bebê, a criança pode nascer com problemas ósseos, deficiência mental ou cegueira, em decorrência da sífilis congênita.

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