Sucesso na internet, novos autores migram para o impresso
De olho ao que acontece na internet, editoras buscam novas apostas em meio ao que faz sucesso na rede
Bem no comecinho da carreira, o escritor Cesar Bravo enviou dois de seus primeiros romances para uma editora. Sua expectativa, como a de todo mundo que tem a literatura como métier, era ser publicado e ver as lombadas de seus livros expostos nas prateleiras país afora. Não rolou.

“Ainda tenho as cartinhas carinhosas que diziam: ‘Gostamos muito do seu livro, mas ele não se encaixa em nossa linha editorial’”, relembra Bravo, que passou a publicar o que escrevia digitalmente no site da Amazon.
Na internet, autopublicou romances e antologias. Um deles foi a coletânea de contos “Além da Carne” – um dos livros do gênero de terror mais vendidos na plataforma. O sucesso online atraiu o interesse da Darkside Books.
Agora parte do cast de uma das principais editoras do país voltada para o gênero, Cesar lança na versão física o livro “Ultra Carnem” – extensão do sucesso literário digital. Além de Cesar, a editora também está publicando outro sucesso na internet: “Diário de uma Escrava”, livro de Rô Mierling, que anteriormente foi disponibilizado na Wattpad.
Já a Suma de Letras – que publica os livros de Stephen King no país – está apostando no novo trabalho ainda sem título de Gabriel Réquiem, que deve ser lançado no primeiro semestre de 2017. “Ainda tenho dificuldade em acreditar que o livro estará sob o olhar dos fãs de horror nas prateleiras do país”, comemora.
Outro sucesso no Wattpad que está em vias de ver uma obra sua ser publicada é Felipe Sali. No próximo mês, “Mais Leve que o Ar” será publicado pela editora Lote 42. “O livro foi adaptado para quem não conhece a versão na internet”, destaca o escritor de 24 anos.
Mas o que significa, para eles, a publicação? É ter sua arte disponível ou uma chancela? Rô Mierling, mesmo em partes, concorda. “É um ‘lacre’, um ‘selo’, uma aprovação, vamos dizer assim”, opina a escritora.
Para Christiano Menezes, editor da Darkside, o livro impresso é uma forma de chancela. “Essa nova geração já tem contato com o online de uma maneira natural. No final das contas, se torna uma chancela e ele tem uma experiência além do online”, conclui.
Alguns exemplos
Perdido em Marte - Andy Weir
Antes de ser publicado em papel pela primeira vez em 2014, a ficção científica do escritor americano – adaptada para o cinema pelo diretor Ridley Scott e indicada a sete Oscar neste ano – foi um sucesso no mundo virtual.
Já matei por menos - Juliana Cunha
Por coincidência, o primeiro livro da Lote 42 foi esta reunião de textos publicados pela jornalista ao longo de cinco anos em seu blog.
O PINTINHO - Alexandra Moraes
Sucesso online, a saga em quadrinhos d’O Pintinho já ganhou dois livros.
O Amor não Tem Leis - Camila Moreira
Foi a primeira escritora brasileira que saiu do Wattpad para as prateleiras das livrarias.
Trilogia “cinquenta tons de cinza” - E.L. James
A trilogia mega-seller foi autopublicada pela autora britânica antes de virar um sucesso tanto literário quanto cinematográfico.
Lost Boys - Lilian Carmine
Quando conseguiu 1 milhão de leituras online, Lilian Carmine (pseudônimo para Bruna Brito) decidiu publicar em papel seu livro. Fora do país foi editado pela Random House e por aqui pela LeYa.