Escritora baiana lança livro em Vitória
Poeta baiana Lívia Natália vem a Vitória lançar seu quarto livro e participar de bate-papo
No último ano, a escritora baiana Lívia Natália teve, como ela classifica, um “entrevero” com a polícia militar da Bahia. Motivo: um outdoor em Itabuna Sul da Bahia, exibia o seu poema “Quadrilha”, presente no livro “Correntezas e Outros Estudos Marinhos” (2015).
“Ele diz assim: ‘Maria não amava João. Apenas idolatrava seus pés escuros. Quando João morreu, assassinado pela PM, Maria guardou todos os seus sapatos’”, recita a poeta, que participa hoje, no Centro de Vitória, de um bate-papo em que promove o lançamento de “Dia Bonito Pra Chover”, seu novo livro, o quarto de sua carreira.

O painel com os versos, em vez de ficar três meses aos olhos da população, não passou de 15 dias. E foi no meio disso tudo que se construiu a já citada confusão. “Infelizmente, essa atenção não foi das melhores, porque foi uma atenção quase violenta”, lamenta.
Contudo, a experiência-censura serviu para que ela se desse conta de como a arte se relaciona com a realidade. “Esse poema me ajudou a entender que a poesia e o mundo real são contíguos”, destaca a escritora, que terá hoje a companhia da também poeta Ríssiani Queiróz.
A passagem de Lívia por aqui se dá por conta de uma turnê literária que ela tem feito, ao lado do escritor Nilton Resende, por meio de um projeto do Sesc. Ontem, por exemplo, ela esteve em Colatina. Anteontem, em São Mateus. “Depois (de Vitória) vamos para o Rio de Janeiro e fechamos a turnê em Paraty”, adianta ela.
Paraty, justamente a cidade que acabou de receber a Festa Literária de Paraty (Flip), evento onde Lívia também lançou “Dia Bonito Para Chover” – um livro, segundo ela, composto por poemas de amor. “É um livro que de amor que conta a história de amor de um casal, mas ao mesmo tempo existe nele um processo de amadurecimento daquilo que a (escritora e ativista) Bell Hooks chama de autoamor”, ressalta Lívia sobre a obra publicada pela editora Malê, casa editorial voltada exclusivamente a autores negros contemporâneos – mas que também publica nomes como Conceição Evaristo e Muniz Sodré.
“Ele (o livro) dialoga com muita coisa da Hilda Hilst, muita coisa da Conceição Evaristo e com algumas coisas de Cecília Meireles. É um livro que gostei de ter escrito. Ele é uma carta para a mulher que estou construindo para ser. É uma carta para todas as mulheres que estão se construindo para serem as mulheres da sua vida”, analisa.
Caminhos de volta + Reenconstro de Si
Quando: hoje, a partir das 16h.
Onde: Espaço Raíz Forte, Rua do Rosário, 140, Centro, Vitória.
Contribuição voluntária.
Informações: (27) 99983-6558.