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'Musical, quando funciona, eleva nosso espírito'

"Musical, quando funciona, eleva nosso espírito"

Ator australiano Hugh Jackman, famoso pelo Wolverine, volta aos musicais em "O Rei do Show", filme em que vive o showman P.T. Barnum

Publicado em 15 de dezembro de 2017 às 20:30

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Em "O Rei do Show", que estreia no próximo dia 25, a segunda-feira de Natal, Hugh Jackman vive P.T. Barnum (1810–1891), um empresário conhecido por vender fantasias e mentiras, mas tudo de forma incrivelmente lúdica. Tido por uns como um picareta e por outros, como Jackman, como o inventor do marketing atual, como o inventor do showbusiness, Barnum ganha uma homenagem não totalmente biográfica, mas um filme que mistura vários elementos e personagens de sua vida em um musical – sua vida, afinal, sempre foi um show.

Em entrevista para divulgar o filme, Hugh Jackman fala sobre seu personagem e sobre o poder dos musicais. O ator australiano, que ficou famoso como o Wolverine nas telonas, se sente confortável cantando e dançando; para quem não sabe, Jackman tem formação de teatro e acúmula prêmios por suas atuações nos palco. Confira abaixo a entrevista.

 O filme não é uma biografia, mas foi inspirado em P.T. Barnum...

Acho que este é o filme que P.T. Barnum gostaria de ver sobre sua vida. Porque P.T. Barnum sabia, mais do que ninguém, que é preciso criar conflito e suspense para se ter uma boa história. Ele sabia contar uma boa história e que a gente não pode sempre deixar a verdade atrapalhar esse objetivo! Ele reescreveu o manual do showbiz. Acho que não existiria reality TV se não fosse por ele. De certa forma, ele é o inventor do show business.

P.T. Barnum também era um empresário astuto, não era?

Acho que é justo dizer que P.T. Barnum foi o inventor do marketing atual, pois ele entendia o que as pessoas queriam o e como fazê-las felizes. Ele disse: ‘A vida é o que a gente escolhe fazer dela.’ P.T. Barnum não media o sucesso em dólares. Ele olhava para a alegria no rosto das pessoas.

Ele não tinha nenhum problema em aplicar alguns golpes, certo?

Ele foi mesmo uma das primeiras pessoas a se envolver com loterias. Em um de seus primeiros empregos, em uma loja de conveniência, ele comprou 500 garrafas verdes por um dólar de um cara qualquer e disse ao gerente que iria usá-las como prêmios. Acabou vendendo bilhetes de uma loteria e oferecia um prêmio desconhecido. Ele limpou as garrafas, pôs uma fita vermelha em cada uma e deu as garrafas como prêmio. E disse: ‘O que você não entende é que as pessoas querem mais vencer do que querem o prêmio em si’. Esse era P.T. Barnum aos 16 anos de idade. Ele sabia que as pessoas sabiam que estavam sendo enganadas, de um jeito parecido com um mágico enganado a plateia.

Como foi trabalhar com Michelle Williams?

A Michelle é uma das maiores atrizes da sua geração. Ela ficou realmente empolgada por fazer uma coisa que era completamente diferente e difícil. Ela já fez alguns dramas sombrios e gostou muito de fazer um filme para toda a família, um projeto leve, otimista e divertido. A Michelle tem uma filha da mesma idade que a minha, que não vai poder ver muitos dos filmes dela pelos próximos cinco anos. Nossas filhas passaram pelo filme durante alguns dias e estão muito empolgadas. Mudando um pouco o assunto, minha filha me disse: ‘Pai, não quero ofender, mas este é absolutamente o melhor filme que você já fez (riso)!’ Ela gostou mesmo. As crianças são sinceras. O momento em que mais senti orgulho provavelmente foi quando minha filha ouviu a música do filme e disse em tom de surpresa: ‘Pai, você canta bem mesmo!’.

Existe uma bela interação entre você e Zac Efron. Tem uma cena no bar que parece ter sido bem difícil.

O Zac e eu nos conhecemos muito bem, pois tivemos nove semanas de ensaios. Ensaiamos a cena do bar por três semanas com os copos, o chapéu, a dança e tudo mais. O trabalho do Zac foi excelente e, evidentemente, não é seu primeiro musical. Ele realmente sabe o que está fazendo no set. Acho que o público vai adorar o Zac neste filme. Não me refiro apenas às pessoas que o conheceram em “High School Musical” (2006). O Zac brilha neste filme e vai ser um espetáculo empolgante para a plateias. E foi super fácil trabalhar com ele. Ele é um profissional.

O que você acha que é preciso ter em um excelente musical?

Acho que, no fim das contas, o que importa é a boa música. Tem que evoluir o tempo todo, não ser apenas dez canções pop. Temos que sentir os personagens se movendo e crescendo e nos dando um envolvimento emocional em cada canção, coisa que é muito difícil de fazer. A gente tem que sentir que os personagens não têm opção além de cantar.

Você acha que o sucesso de “La La Land” ajudou a promover este filme?

Sem dúvida. Acho que muita gente em Hollywood acredita que uma grande parte do público nunca iria ver um musical, e “La La Land” conquistou uma boa plateia que, normalmente, não teria interesse. Isso realmente ajuda e lembra as pessoas de que, quando um musical funciona, ele eleva o nosso espírito.

Podemos afirmar que a mensagem do filme tem um apropriado foco na aceitação e na diversidade que Barnum tinha em seu show?

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Não poderia ser mais apropriado. Quando se pensa em alguns dos shows de peculiaridades daquela época, com pessoas como o Homem Elefante (Joseph Carey Merrick), P.T. Barnum era inclusivo e os tratava bem, ao contrário do que era costume na época.

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