O que seria melhor do que assaltar um banco cheio de dinheiro? Bem... talvez só um elaborado golpe diretamente na fonte onde o dinheiro é produzido a expressão tempo é dinheiro nunca significou tanto quanto na série La Casa de Papel, cuja primeira temporada está disponível na Netflix, ou algo parecido. Minissérie espanhola de 15 capítulos, a trama ganhou outro formato por aqui; a gigante do streaming pegou os 9 primeiros episódios e os reeditou em 13 partes, algo como uma temporada. A segunda temporada, com os 6 episódios restantes (no original), deve chegar por aqui entre abril e maio, mas enquanto isso já há uma baita série para ser assistida.
A trama acompanha oito assaltantes que, como dito anteriormente, planejam um elaborado golpe na Casa da Moeda em Madrid. Eles precisam ficar lá dentro o maior tempo possível para poder produzir o dinheiro e, claro, colocar em execução um ousado plano de fuga.
PERSONAGENS
Enquanto alguns assaltantes são deixados meio de lado, outros ganham arcos completos e bom desenvolvimento. Um dos grandes méritos da série é ter um ritmo acelerado desde o primeiro episódio mesmo que ainda não conheçamos os personagens, já passamos a nos importar com eles.
Como o público já conhece a identidade dos assaltantes desde o início, o que dá o tom da série não é o mistério, mas a dinâmica entre eles e a detetive Raquel Murillo (Itziar Ituño), responsável por tirar os reféns lá de dentro a salvo e prender os bandidos. Raquel lida diretamente com o líder do grupo, o misterioso Professor (Álvaro Morte), que parece estar sempre um ou dois passos à frente da equipe de investigação.
A história ainda ganha novos contornos com algumas subtramas (dispensáveis) da vida pessoal da detetive, mas nada que mereça destaque ao final elas servem apenas para o desenvolvimento da personagem e para que o público compreenda melhor alguns de seus atos.
O mais legal de toda a série é a maneira como sua narrativa parece sempre guardar uma surpresa. Apesar de formulaico e de às vezes parecer demais com seus pares americanos, o texto é inteligente o suficiente para prender o espectador e fazer com que ele queira sempre mais isso funciona muito bem quando o roteiro se aventura pelas histórias regressas dos assaltantes, pois cada um tem um motivo diferente para estar ali, além, claro, dos bilhões de euros.
O que mais difere La Casa de Papel das produções americanas do gênero é que ela, desde o começo, sabe aonde quer chegar. Isso significa que tudo, desde o primeiro frame, está ali por um motivo narrativo, ou seja, nada é gratuito apenas para enganar o espectador e gerar uma ansiedade desmotivada é lógico que os cliffhangers (os famosos ganchos) de um episódio para outro estão presentes, mas o espectador não se sente enganado com suas resoluções.
La Casa de Papel, ao menos para o público brasileiro, ainda se beneficia de trazer rostos desconhecidos, que não carreguem o estigma de outros personagens. Assim fica mais fácil a identificação com Tóquio, Rio, Nairóbi e até Berlim (todos os assaltantes usam cidades como pseudônimos) durante a trama.
Mesmo sem trazer algo extremamente inovador ou emocionante, a série cumpre bem seu papel de entreter sem subestimar seu público. La Casa de Papel tem bons atores, bons personagens e uma narrativa que funciona muito bem. Não dá para pedir muito mais do que isso.
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