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Em novo ciclo na carreira, nana faz show em Vitória

Em novo ciclo na carreira, nana faz show em Vitória

Apresentação rola nesta sexta-feira (12) e faz parte do lançamento do disco "CMG-NGM-PDE"

Publicado em 9 de janeiro de 2018 às 22:11

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Cantora nana. (Juliana Matos/Divulgação)

A cantora baiana radicada em Berlim Ananda Costa, a nana (em minúsculo mesmo), traz pela primeira vez a Vitória o show do seu novo disco, “CMG-NGM-PDE”, lançado no ano passado. A apresentação acontece na noite desta sexta-feira, dia 12, na Casa Verde, no Centro.

O nome do álbum é inspirado na planta comigo-ninguém-pode. Quando se mudou para a capital alemã, nana comprou uma muda e refletiu muito sobre o nome. “Eu senti que tinha muito a ver com o meu momento, de ser imigrante”, conta.

O título do CD foi estilizado assim, em “internetês”, porque, segundo nana, ela queria passar uma ideia de “distância, uma coisa virtual, de compasso, feita através de touchscreen”.

Este é o segundo disco da cantora de indiepop, natural de Catu, no interior da Bahia. Antes, nana já havia lançado o disco “pequenas margaridas” (2013) e o EP “berli(m)possível” (2015).

berlim

Em 2014, a artista se mudou para a Alemanha para estudar o instrumento eletrônico teremim através de uma bolsa de estudos. Esse período influenciou na temática do álbum.

“Acho que foi a vivência de imigrante e ter problemas que eu não pensei que fosse ter. Questão de identidade sempre questionada: quando você está longe demais das suas origens você sente que as coisas que lhe são familiares estão muito distantes de você. Todas as coisas que você vê são de outro mundo que não lhe dizem muito respeito. Então eu precisava me reconectar de alguma forma com o Brasil”, diz nana, que também se inspirou em filmes brasileiros, como o clássico de Glauber Rocha, “Terra em Transe” (1967), e em músicas brasileiras. “Eu passei a ir atrás de muita música brasileira, de pesquisar mais, de ler mais e entender de onde a gente vem musicalmente”, completa.

Filmes, aliás, são um tema constante na obra de nana. O título de seu primeiro álbum é uma homenagem ao importante filme tcheco de mesmo nome, de 1966. “Como assisto muito filme, gosto muito de cinema, eu me sinto inspirada também em fazer músicas assistindo filmes”, diz.

Show

 

Quando lançou seu EP “berli(m)possível”, nana fez uma turnê pela Europa. Porém, ela garante que prefere fazer apresentações mais intimistas em locais pequenos, como o local que receberá seu show na Capital.

“Eu já toquei em palcos que eram tão altos que você só via as cabecinhas (risos) e acho um pouco estranho. Isso (locais menores) tem uma coisa mais emocional, de você olhar pras pessoas, tem uma troca“, declara.

"CMG-NGM-PDE" - nana

Independente, 10 faixas. Disponível nas principais plataformas de streaming.

 

Show de lançamento

Nesta sexta-feira (12), às 22h30, na Casa Verde (Rua Cerqueira Lima, 97, Centro, Vitória).

Entrada: R$ 10 (até 21h, com nome na lista); R$ 15.

Faixa a faixa comentado por nana:

1) "CMG-NGM-PDE":  é tipo minha música de super-herói. É sobre ser mulher e ver sua história na história de todas as mulheres, se amar com os seus defeitos e erros, e se proteger com todas as forças. Ela é um grito contra esse clichê de ser sempre visto sob um só ângulo, quando na verdade somos todos muito mais complexos.

2) "Copacabana": Fim de tarde em Copacabana. O sol brilha dourado, entre copos de mate, selfies e mergulhos, e eu sorrio porque o dia chega ao fim, e na manhã seguinte o mar já vai ser outro.

3) "Menino Carioca": Toda música como "Copacabana" precisa de uma continuação como "Menino Carioca". É sobre se descobrir muito mais feliz e completa sem a pessoa que te fazia mal botando a culpa no amor. Infelizmente tudo muito típico.

4) "Gato é Crime, Denuncie": Essa é uma das minhas preferidas. É sobre amores no tempo da internet, sobre rejeição e vingança, mas tudo muito inocente, porque dura tão pouco. Lembro que cheguei a ler discussões sobre gato elétrico em fóruns na internet (todos muito divertidos) pra escrever algumas das partes.

5) "Caoutchouc": Um dia lendo um livro sobre a Amazônia, me deparei com um trecho de La Condamine sobre a seringueira, que era chamada pelos Maias de "cahutchu", a árvore que chora. Era o nome perfeito pra essa música que eu já tinha escrito sobre minha relação com a água, que é muito forte, e sobre minha tendência a chorar por qualquer coisa ser um reflexo disso. Desde a primeira vez que toquei no violão (ao invés do piano), senti que seria a música ideal pro Felipe S. cantar.

6) "Independência ou Morte": Berlim, sala-de-estar. Um sonho muito breve, sobre palmeiras, tamanduás, bromélias. Ao longe uma flauta traz melodias de uma terra que não existe senão em meus cochilos.

7) "Rua Paysandu": A primeira vez que passei pela Rua Paissandu, me apaixonei. Era muito mágico pra não virar música. Rapidamente, escrevi um refrão pra ela. Algum tempo depois, na época do golpe, compus o resto. A imagem que eu queria passar era a de um sistema em putrefação, que usa seus últimos recursos pra manter as aparências.

8) "Dieffenbachia II": Essa foi a primeira música escrita especialmente pro disco, e não à toa se chama Dieffenbachia, que é o nome científico da comigo-ninguém-pode. Lembro que na época eu morava num quartinho de 9 metros quadrados e que as faxinas demoravam um dia inteiro, porque eu constantemente parava a limpeza pra escrever e tocar.

9) "Bomba": Em janeiro, quando estava gravando em casa as demos do disco, entre uma música e outra gravei uma demo de Bomba. Foi muito rápido, a letra, os arranjos, os timbres, tudo se formou em questão de horas. Mas ainda não tinha certeza se queria gravá-la pro disco. Quando mostrei pro Haba, resolvemos: "essa é a música perfeita pra Lulina!". E foi!

10) "W.O.": A música mais antiga do disco, do início de 2015, mas que levou meses para eu definir a letra. A ideia de falar sobre futebol surgiu de uma ligação no skype. O som estava péssimo, mas eu ouvia bem alto uma voz narrando um jogo do Flamengo e alguém tocando violão ao fundo.

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