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Como cidades capixabas pouco famosas subiram de categoria turística?

Como cidades capixabas pouco famosas subiram de categoria turística?

Secretarias de Turismo de Iconha e Divino São Lourenço contam o que fizeram e quais os projetos para subir ainda mais no ranking do Ministério do Turismo

Publicado em 21 de fevereiro de 2018 às 17:32

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Com a atualização da categorização dos municípios que compõem o Mapa do Turismo Brasileiro, realizada pelo Ministério do Turismo, 15 cidades capixabas subiram no ranking devido crescimento econômico apresentado pelo setor, seja por terem aumentado o número de empregos através do turismo, ampliado os estabelecimentos formais de hospedagem ou o fluxo de turistas domésticos e internacionais. Mais hospedagens, mais restaurantes, comerciantes e oferta de serviços cadastrados junto à prefeitura são alguns dos itens levados em consideração.

De qualquer forma, o que chama a atenção, desta vez, são cidades que não estão tradicionalmente na rota dos destinos mais procurados do Espírito Santo aparecerem protagonizando em novas posições do levantamento nacional. Um exemplo de município nem tão esperado nessa lista de acensão é Iconha. A pacata cidade subiu uma categoria no conceito - ela foi para a categoria D - e agora tem acesso a um possível crédito de R$ 150 mil para incrementar ainda mais a infraestrutura que já possui.

Mas o que ela fez para conseguir essa proeza? Para o gerente de Cultura e Turismo do município, Rubens Bossatto Cardoso, o movimento foi maior no último ano e o turismo no Sul do Espírito Santo cresceu internamente. Ele avalia que as festas da cidade também chamaram a atenção de famílias, que passaram a ver o local como um destino alternativo às tradicionalidades do Estado.

"A Agência de Desenvolvimento Turístico da Região da Costa e da Imigração (Adeturci) ajudou muito. Tivemos mais recursos para fazer campanhas mostrando o que Iconha tem para oferecer e atraímos, principalmente, as famílias. Agora, com esta possibilidade de mais recursos, queremos aumentar as sinalizações turísticas e melhorar o que já temos", alerta.

Rubens enxerga que os empresários também vão se ater mais para essas questões quando observarem que o lucro pode aumentar. "O município quer que eles (os empresários) peguem parte do lucro para investir. Eles vão entender que isso é positivo para eles", corrobora.

Divino de São Lourenço, na região do Caparaó, também subiu para a categoria D e pode contar com mais ajuda federal a partir da última pesquisa do Ministério do Turismo. A chefe do departamento de Turismo da Secretaria de Turismo da cidade, Relva Rodrigues de Carvalho, avalia que o envolvimento da comunidade na organização das festas ajudou muito ao município subir na categoria.

"Todas as festas que acontecem passam por um consenso no Conselho Municipal de Turismo. Então todo mundo concorda com aquilo que é realizado. Além disso, a população muitas vezes participa ativamente do evento", diz.

Para ela, o crescimento do número de pousadas, restaurantes e empreendimento que atraem turistas também foi crescente de 2000 para cá. "Eu mesma percebi esse aumento e fiz um levantamento que comprova que em 2000 era uma pousada na cidade, contra dezenas que já estão funcionando na cidade desde o ano passado. E tem mais: muita gente começou a alugar casas por temporada e até quartos que antes não eram usados. Tudo isso é registrado e monitorado pela prefeitura", completa.

ATRATIVOS

Nessa mesma missão de incrementar o turismo, Iconha também apostou nos eventos menores para atrair o público aos poucos. "Hoje, ainda não temos uma estrutura hoteleira que comporte muita gente. Porém, a cidade chega a receber até 20 mil pessoas em eventos como o Pré-Carnaval, que acontece uma semana antes do carnaval do Rio de Janeiro e São Paulo, a Festa da Polenta de Solidão, da comunidade de Solidão, e algumas festas menores de caráter esportivo, que brindam artistas da própria cidade", finaliza.

Para o gerente de Cultura e Turismo de Iconha, um chamariz e centro de turismo da cidade é o Espaço Cultural de Iconha, local em que são concentrados: museu, galeria de arte e até apresentação de bandas. Por lá, também ficam artesãos da cidade, que expõem seus produtos, inclusive em franquias de mostra de arquitetura e design nacionais.

"E têm as cachoeiras, também. A cidade oferece um roteiro muito bacana das cachoeiras e ele está sendo explorado com atividades ao ar livre, a gastronomia e hospedagens", diz. O gerente conclui que envolvem as cachoeiras também circuitos turísticos que juntam até passeios ecológicos.

Enquanto isso, Divino de São Lourenço conta com uma agenda fixa de eventos que vão do carnaval até festas holísticas. As da folia, por sua vez, são menores e - de novo - tem participação ativa da comunidade, que fica por conta de produzir os atrativos da programação da ocasião.

"Neste ano vai acontecer o 10° Festival Holístico de Artes Cósmicas, com bandas que já produzem o evento desde a primeira edição", pondera.

Além destas, a cidade também é famosa pela Festa da Integração. Considerada a mais representativa da cidade, ela reúne tudo o que o município tem de produção local: da arte à música.

INVESTIMENTOS

Vale lembrar que cada categoria permite ao município pleitear valores maiores do Governo Federal no apoio a eventos geradores de fluxo turístico. Relva Rodrigues destaca que o dinheiro será muito bem-vindo para Divino São Lourenço e adianta: "Como tudo, a destinação de uma eventual verba extra será decidida após reunião com o conselho. Nessas reuniões, a população também é convocada para dar sua opinião. Então vamos reunir o que a cidade ainda precisa melhorar, levar até o encontro e ver o que é mais urgente. Mas pretendemos, sem dúvida, incrementar a infraestrutura da cidade, que já vem sofrendo melhorias há alguns meses", conta. 

A chefe detalha que começaram, na cidade, a adotar políticas públicas que dessem mais conforto à população e ao turista que visitasse o local. "Aumentamos a frequência da coleta seletiva e também vamos construir uma guarita na subida das cachoeiras para dar informações turísticas e conscientizar os visitantes quanto à preservação da natureza", conclui. Ela também frisa o trabalho de novas placas de sinalização que foram instaladas no município: "Foram feitas por artesãos da cidade". 

Iconha quer manter o “time ganhando” sem mexer muito no que deu certo. Por isso, avalia que os possíveis investimentos se manterão no Espaço Cultura da cidade, além de um trabalho de conscientização com os empresários da região. O dinheiro também poderá ser aplicado em um incremento de estrutura que já existe no município, como área de eventos. Além disso, o secretário retrata que uma nova roupagem na sinalização turística também pode ser avaliada. "Isso tudo com uma atenção à associação, já que ela também nos ajudou a conquistar essa nova nota", finaliza.

À FRENTE E AVANTE

Conceição da Barra, no Norte do Espírito Santo, já está no roteiro de muita gente que viaja dentro do Estado e que vem de fora. Mas a cidade também subiu um nível na classificação do Ministério do Turismo. Na categoria B, o município passa a poder pleitear o crédito de R$ 500 mil.

Para o secretário de Cultura e Turismo de Conceição da Barra, Sebastão da Cunha Sena, o "up" aconteceu naturalmente, já que, segundo ele, a cidade criou uma atmosfera de segurança que atraiu muita gente nos últimos meses. "É uma insegurança no Estado inteiro. Aqui nós nos preocupamos em manter tudo em ordem e o turista sente isso. Com segurança, quem vem visitar Conceição da Barra pode desfrutar do melhor sem temer", defende.

Carnaval de Conceição da Barra . (Rosi Oliveira/Reprodução Prefeitura de Conceição da Barra)

De acordo com o secretário, em janeiro, a cidade recebeu um número recorde de turistas e nenhuma ocorrência foi registrada. "Essa organização vem demonstrando o resgate do turismo à cidade. Muita família está vindo, voltando a frequentar e nós observamos que nossas atrações turísticas realmente atendem esse público", completa. Para Sebastião, o dinheiro que vier a mais será destinado, a priori, à revitalização total da área do cais. "Queremos até poder atender embarcações maiores, mas a ideia é revitalizar a parte turística, dos restaurantes e praças", conclui.

Sebastião afirma que embora acredite que a classificação da cidade tenha aumentado por conta de um conjunto de fatores, o réveillon passado foi bastante proveitoso para o município. "Tivemos uma programação muito boa, com bandas regionais que brindam a cultura do Espírito Santo", detalha.

Já referência no turismo capixaba e detentora de umas das belezas que mais chama a atenção no Espírito Santo, a montanhosa Domingos Martins também subiu para a categoria B e comemora a posição. Apesar disso, a secretária de Cultura e Turismo da cidade, Rejane Entringer, destaca que os trabalhos seguiram normalmente e se pensou muito em duas coisas para os eventos deste ano: "Qualidade e parcerias. A máquina pública sozinha não sustenta festa. Por isso sempre optamos por muitas parcerias público-privadas", destaca.

"Muito que se deve a essas classificações é também creditado às hospedagens. Nesse último ano, recebemos hotéis com bandeiras de peso e muitas outras formas de hotelaria que colaboraram para esse aumento na nota", comemora. E a secretária adianta: "Nós já estamos com a agenda deste ano pronta. Em março, começam as festividades, com a Páscoa, e agora vamos trabalhar para chegar à categoria 'A".

Rejane conta que o fluxo turístico também foi favorável em 2017 e espera que esse público até aumente neste ano. Para ela, o Brilho de Natal, que acontece no fim do ano e engloba uma série de atividades no Centro da cidade, foi o ponto alto da última temporada. "Esse ano acredito que vai ser melhor", conclui.

AS CIDADES DO ESPÍRITO SANTO QUE SUBIRAM NO CONCEITO DO MINISTÉRIO DO TURISMO

Alfredo Chaves

Aracruz

Boa Esperança

Castelo

Conceição da Barra

Divino de São Lourenço

Domingos Martins

Fundão

Iconha

Jerônimo Monteiro

Linhares

Marechal Floriano

Mucurici

Nova Venécia

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