Somos uma banda de música brasileira, mas o objetivo é que nosso som não se pareça com o de ninguém, e sim tenha a nossa cara. O recado é de Flávio Borgneth, responsável pelos vocais e pelo tamborim do grupo capixaba de samba 522. A proposta foi cumprida à risca no primeiro EP, o recém-lançado Amar É Bom.
Com quatro faixas, três delas de autoria de integrantes do grupo, a mídia entrega ao ouvinte um som leve, original e com um instrumental muito bem executado.
A primeira faixa, batizada Pescaria do 522, narra com bom humor uma história vivida pelo grupo com um amigo cachoeirense que havia convidado a galera para pescar. Os músicos faltaram ao compromisso porque precisavam tocar em um evento.
Nosso processo de composição funciona assim mesmo, cada um traz uma coisa e o resto do grupo arranja. Nesse caso específico, adaptamos a história com o amigo de Cachoeiro e acabou nascendo uma música. Nosso trabalho surge dessas pequenas histórias que vivemos juntos, destaca Borgneth
Foi em Cachoeiro de Itapemirim que nasceu a maior parte dos integrantes do grupo, na ativa desde 2009. Inclusive, 522 vem justamente do primeiro prefixo telefônico da capital secreta do mundo.
A faixa-título é considerada pelo vocalista da banda como um samba progressivo, graças à levada diferente de um samba usual. Além disso, os sambistas escolheram a música para dar nome ao EP com a intenção de passar uma mensagem mais positiva, por mais que a canção tenha uma pitada pessimista em relação ao amor romântico.
Dizer que amar é bom é algo bem sugestivo nos dias de hoje, apesar da história trazida na música. Prefiro ficar com essa mensagem construtiva, que é muito mais interessante em todos os aspectos possíveis, principalmente na política e na cultura, ressalta o músico.
Baile de Gala pode ser considerada uma marchinha rearranjada. Já Vou Partir, que fecha o EP, traz uma memória afetiva especial para Flávio e seu irmão Lucas (vocais e surdo), por ter sido composta pelo bisavô dos dois, o poeta maranhense Correa de Araújo. O choro inédito era uma música morta, conforme lembra Flávio, mas foi cuidadosamente declamada pela avó dos dois por telefone, e reeditada pelos músicos.
É uma música muito bonita e tentamos fazer algo que vemos muito no choro, que consideramos quase um fado percussivo. A gravação parece um fado, mas na segunda parte já entra a percussão, explica.
O lançamento, realizado na Rua da Lama durante o projeto Som de Fogueira, também teve um gostinho de reconhecimento do grupo, formado (além de Flávio e Lucas) por Niter Vantil (voz e pandeiro), Vinícius Gigante (flauta, gaita e guitarra), Mestre Baco (voz e cuíca), Leandro Gera (cavaquinho) e Kaka Rodrigues (violão). Os músicos foram os responsáveis pelo que chamam, sem egoísmo algum, de primeiro samba da zona sul de Vitória.
Ficamos muito felizes por sermos inseridos nesse processo de revitalização da Rua da Lama. Ocupar a rua com cultura é mais importante do que só botar polícia por lá. O movimento de ocupação do espaço público é muito importante, até para questionar as sérias restrições impostas a quem faz música na Rua da Lama, desabafa Borgneth.
Daqui para frente, o músico e seus companheiros de banda começam a trabalhar com a trilha sonora do curta-metragem Quis. Também há planos de gravar um videoclipe nos próximos meses. A aposta de Flávio é na faixa que dá nome ao EP.
Além disso, os músicos esperam manter um ritmo de lançamento de produções inéditas. Uma coisa é entender como tocar as músicas para a gente mesmo, outra coisa é juntar uma galera para tocar e produzir. Isso demora um pouco e como temos demanda de eventos, rola uma falta de tempo. Mas agora, com esse estímulo do EP, pretendemos focar nas novidades, conclui.
Amar é Bom. Banda 522. Independente, 4 faixas. Disponível nas principais plataformas de streaming.
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