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Preconceito e intolerância em espetáculo de jazz contemporâneo

Preconceito e intolerância em espetáculo de jazz contemporâneo

"Anagrama - Sentido e Destino" foi criado pelas coreógrafas Carol Mattedi e Eliane Fezter e será apresentado no Teatro Sesc Glória neste final de semana

Publicado em 23 de março de 2018 às 20:25

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Trocar de posição e se colocar no lugar do outro através da dança e levar isso para a vida real. Esse é o objetivo de “Anagrama – Sentido e Destino”, criado pelas coreógrafas Carol Mattedi e Eliane Fezter. O espetáculo de dança que será apresentado neste sábado e domingo, dias 24 e 25, no Teatro Sesc Glória, em Vitória, aponta para os conflitos gerados pela falta de habilidade ou de vontade de reconhecer e respeitar o outro.

A ideia surgiu a partir de momentos vividos pela própria Carol. “Eu vivenciei durante anos algumas experiências que me colocaram na situação de me questionar sobre o nosso comportamento. Me senti vítima e depois me senti culpada após sofrer um assalto, isso me colocou em uma situação de preconceituosa. Eu, amedrontada, saía na rua, achava meio assustador e olhava para as pessoas com preconceito. Isso me feriu como pessoa e decidi usar isso nas minhas composições da dança”, explica a bailarina e coreógrafa da Soul Jazz Cia. de Dança.

“Anagrama” traz sete bailarinos no palco interagindo durante 50 minutos com elásticos presos ao teto, elementos cênicos que significam a linha da vida e compõem a movimentação dos bailarinos, que se enroscam e trocam de posição durante o espetáculo.

“Cada bailarino tem essa linha que representa a linha da vida, a linha do raciocínio, e cada um defende essa linha como se fosse sua verdade. Com ela, eles constroem informações diferentes, figuras e até prisões. Depois os bailarinos trocam de lugar, o que é o principal: a troca, o olhar para o outro e se colocar no lugar dele”, adianta Carol.

Eliane Fezter, que conta com mais de 180 prêmios em festivais nacionais de dança, foi convidada para co-construir o espetáculo. “Ela trouxe o olhar dela, que somou muito. Ela montou parte de um terço do espetáculo”, revela Carol.

O nome do espetáculo foi escolhido pelo significado: anagrama é a palavra ou frase construída pela mudança da posição das letras alterando todo o seu sentido, ou seja, uma simples troca de lugar cria novos sentidos, novos contextos.

Carol e Eliane sugerem outras formas de olhar as diferenças, no desejo de viver num mundo onde as pluralidades sejam vistas como um valor positivo e não como uma ameaça, tudo sob a ótica do jazz contemporâneo. Aliás, outro paradigma que Carol pretende quebrar é o preconceito contra o jazz, que, segundo ela, ainda sofre por estar muito conectado ao estilo dos anos 1980.

“Comecei a trabalhar nesse projeto em maio do ano passado. É uma obra atemporal, que vai tocar a plateia, e minha esperança é que seja algo forte. A gente utiliza o jazz dance, e até nisso existe um preconceito. As pessoas veem o jazz como uma dança que não tem nada a dizer. ‘Anagrama’ também vem mostrar que se pode dizer muito com o jazz, existem muitas possibilidades para ele. Eu também sofri intolerância ao meu trabalho com o jazz. A dança contemporânea e o balé clássico têm um espaço muito bom, mas as pessoas ainda ligam o jazz aos anos 80, mas hoje é muito diferente”, afirma.

Ao fim, “Anagrama” não vem como história, mas como uma realidade. “Acho que é fácil atingir a plateia porque as pessoas vão se conectar com isso. É um trabalho que conta a história real da gente, experiências reais, nem todo mundo passou por isso, mas pode passar”, explica a coreógrafa.

ANAGRAMA – Sentido e Destino

Soul Jazz Cia. de Dança

Quando: Sábado (24), às 19h30, e domingo (25), às 19h.

Onde: Centro Cultural Sesc Gloria. Av. Jerônimo Monteiro, 428, Centro, Vitória

Ingressos:R$ 30 (inteira) e R$ 15 (meia entrada e comerciários)

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Informações: (27) 99953-6888

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