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De 'Homem de Ferro' a 'Guerra Infinita': uma década de Marvel Studios

De "Homem de Ferro" a "Guerra Infinita": uma década de Marvel Studios

Universo Cinematográfico Marvel completa 10 anos com muita história para contar e muita lenha para queimar

Publicado em 30 de abril de 2018 às 22:51

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Vingadores. (Marvel/Divulgação)

A estreia de "Vingadores: Guerra Infinita" não só simboliza a culminância de todos os 18 filmes da Marvel, mas também marca os 10 anos dessa que é a franquia mais rentável do cinema. São mais de 13,5 bilhões de dólares arrecadados mundialmente (sem contar o novo filme). O sucesso é tão grande que entre as 10 maiores bilheterias de todos os tempos, três são da Marvel.

Mas não foi sempre assim. Antes de seu universo cinematográfico ter início, a Marvel passava por sérios problemas financeiros. Nos anos 1990, ela teve que vender os direitos cinematográficos de seus principais personagens para diversos estúdios. Foi quando a Sony comprou o "Homem-Aranha" e a Fox adquiriu os direitos cinematográficos de "X-Men", "Quarteto Fantástico", "Demolidor", entre outros.

Os filmes começaram a sair: "X-Men" e "Homem-Aranha" fizeram grande sucesso. Até "Blade" foi bem, e a Marvel via seus personagens renderem fortunas para bolsos de outros estúdios.

Em 2004, a Marvel tinha um plano: usou sua propriedade intelectual (as que restavam) como garantia para um empréstimo utilizado para produzir o que seria o primeiro filme da Marvel Studios. Era um risco apostar em um personagem secundário e no diretor Jon Favreau, um sujeito oriundo do cinema independente. Além disso, o protagonista, Robert Downey Jr., era um ator talentoso, mas problemático, que vivia problemas com a lei e com as drogas. Ele já tinha atuado, sem problemas, nos ótimos "Beijos e Tiros", de Shane Black, e "Zodíaco", de David Fincher, mas ainda era um risco. Não era o ideal, mas era o que tinha. Foi quando a história do cinema começou a ser reescrita.

Homem de Ferro

O longa, que estreou no dia 30 de abril, marcou o início do universo compartilhado da Marvel. O filme estabeleceu diversas convenções hoje muito utilizadas pelo gênero, entre elas a chamada "fórmula Marvel", que atualmente pauta diversas discussões sobre sua saturação.

Homem de Ferro. (Marvel/Divulgação)

E mesmo sendo amplamente debatida, poucos de fato explicam o que é a tal fórmula. Ela "consiste", mais ou menos, em um herói com problemas mundanos enfrentando um vilão genérico. Tudo isso sempre pautado pelo bom humor e pela leveza do filme, que, pelo menos a princípio, não terá grandes consequências.

Uma pequena curiosidade:o filme dirigido por Jon Favreau, não teve relação com a Disney. A Marvel Studios, na época, firmou uma parceria de distribuição com a Paramount. Muitos creditam a isso a liberdade com que o diretor conduziu o filme, conferindo a ele seu tom e sua maneira de contar história, balanceando comédia, drama e ação de forma equilibrada, sem pesar a mão na transição entre tais gêneros. 

Mesmo com a boa direção, o filme não teria funcionado sem um aspecto: o “casting” perfeito. Robert Downey Jr. é o Homem de Ferro, quebrando a separação entre ator e papel, de tal forma que hoje é quase impossível desvincular o personagem do ator. 

O filme também trouxe duas cenas que definiriam certos pontos no universo que estaria por vir. A primeira é quando Tony Stark revela sua identidade secreta publicamente, estabelecendo que os filmes do universo cinematográfico Marvel não se preocupariam com as identidades secretas dos personagens. A segunda é a que surge após os créditos, mostrando Samuel L. Jackson como Nick Fury. O personagem revela de forma literal, que o herói fazia parte de um universo maior, e o convida a participar de um grupo. E você, claro, sabe que grupo é esse.

Vingadores

Tendo sido estabelecidas as bases do universo com "Homem de Ferro", firmado os pilares com "O Incrível Hulk", "Thor" e "Capitão América", e preparando as expectativas com cenas pós-créditos em cada um dos filmes que davam um vislumbre do que estava por vir, era hora de finalmente mostrar o que vinha sendo preparado há quatro anos; era hora de juntar todos os lados desse universo em um filme só, era hora dos Vingadores finalmente chegarem ao cinema.

Vingadores. (Marvel/Divulgação)

O filme é praticamente um sinônimo de planejamento. Isso possibilitou que o diretor e roteirista Joss Whedon não se preocupasse em estabelecer quase nada, pois quase tudo ali era de conhecimento prévio. Os heróis já tinham seus filmes solos, a S.H.I.E.L.D. e seus associados, como Nick Fury, Coulson, Viúva Negra e Gavião Arqueiro, também já tinham dado as caras, além do vilão e do "macguffin" (objeto que durante a história é perseguido tanto pelos protagonistas, quanto pelos antagonistas). Isso possibilitou o diretor focar na relação entre os personagens e em seus conflitos. 

Além de tudo, o diretor trouxe um diferencial, que foi a presença de um bom vilão: Tom Hiddleston como Loki foi um antagonista carismático e que não dependeria só da força para esmagar os heróis, ele, afinal, é o Deus a Trapaça e, assim, criaria intrigas internas para dividi-los.

O longa foi um marco no cinema de herói, porque além de estabelecer a tal "fórmula Marvel" de vez, estabeleceu a maneira de criar um universo compartilhado, algo que os estúdios hoje tentam a todo custo replicar. Além disso, ele foi um marco de crítica e público, tendo arrecadado mais de U$ 1,5 bilhão mundialmente, a quinta maior bilheteria na história.

Já para o universo Marvel, o filme estabeleceu a divisão dos filmes da Casa das Ideias em fases, "Vingadores" marcava o fim da fase 1, e em sua cena pós créditos estabeleceria o vilão que seria trabalhado durante anos, até o fim da fase três do estúdio: Thanos. O vilão hoje conhecido era um personagem esquecido do Jim Starlin, um sujeito que promete destruir metade do universo com um estalar de dedos. 

Agents of S.H.I.E.L.D.

Nem só de cinema vive a Marvel, em 2013, um ano após o sucesso de "Vingadores", a Disney resolveu levar seu universo expandido de heróis para mídias além do cinema. Assim nascia a série "Agents of S.H.I.E.L.D.", que se propunha a explicar os bastidores dos longas. Ela mostra as consequências dos filmes através dos olhos dos agentes da Superintendência Humana de Intervenção, Espionagem, Logística e Dissuasão. 

A série, ainda hoje no ar, trouxe personagens remanescentes dos filmes, como Lady Siff, Nick Fury, Maria Hill, entre outros, e teve certa relevância. Um de seus episódios deu origem à série "Agent Carter", obra que mostrava as aventuras da Agente Peggy Carter após o desaparecimento do Capitão América. Ela teve uma boa recepção da crítica mas foi mal de público e foi cancelada em sua segunda temporada.

Guardiões da Galáxia

Após o sucesso de "Vingadores", a Casa das Ideias estava estabelecida de uma vez por todas. Os heróis do filme já estavam tendo suas continuações e sendo desenvolvidos em seus filmes solos. Era hora de expandir esse universo, ir em novas direções, trazer novos personagens e mostrar outro lado desse universo. Então foi anunciado como décimo filme da Marvel o longa que traria um grupo desconhecido da editora, que mostraria o lado espacial desse universo, era hora de trazer para as telas os Guardiões da Galáxia. 

O filme dirigido por James Gunn, trouxe um frescor ao gênero super-herói, inserindo elementos de "óperas espaciais" ao longa e trabalhando elementos de comédia de uma forma mais escrachada do que nos filmes anteriores.

O mais importante da relação "Guardiões" e Universo Marvel é a participação (curta, mas importante) de Thanos, que estabelece de vez o Titã Louco no universo espacial da Marvel, mostrando seus interesses, sua família, Gamora e Nebula - algo que é mais explicado em "Guerra Infinita", mas que foi plantado inicialmente no filme de 2014. As Joias buscadas por Thanos são singularidades de imenso poder, como diz o Colecionador. Algumas delas já foram mostradas em filmes anteriores, como o Tesseract ("Vingadores"), Cetro do Loki ("Vingadores"), Eter ("Thor: O Mundo Sombrio") e o Orbe neste filme.

Além de apresentar um novo lado do universo, o filme simbolizou a liberdade criativa dada aos diretores. James Gunn trabalhou de forma mais inventiva em cima da fórmula Marvel, algo que o garantiria, no futuro, criar um dos primeiros roteiros originais de filmes de super-heróis em "Guardiões da Galáxia 2", liberdade que depois reverberou em "Thor: Ragnarok" e "Pantera Negra".

Séries Netflix

Depois de "Agentes da S.H.I.E.L.D.", era hora de mostrar outra parte deste Universo, não consequências dos filmes, ou personagens remanescentes do cinema, mas os heróis urbanos que não tinham a preocupação de salvar o mundo, mas sim a cidade, o bairro. Era o momento para então desenterrar um herói que foi um fiasco em sua versão cinematográfica e dar-lhe uma nova roupagem, era hora da Marvel, (junto à Netflix) trazer o Demolidor de volta às telas. 

A série teve uma boa recepção de crítica e de público, mas é impossível dizer com precisão, já que a Netflix não divulga tais dados, mas de imediato garantiu uma segunda temporada, além de botar as séries dos heróis urbanos nos trilhos.

Defensores. (Marvel/Divulgação)

Também em 2015 veio "Jessica Jones", um sucesso, e logo depois "Luke Cage" (2016) e "Punho de Ferro" (2017), séries que tiveram recepções mistas. Em 2017 estreou a série que uniria todos os heróis urbanos, "Os Defensores". Vale também citar "O Justiceiro" em sua terceira versão live action. Vivido por John Bernthal, o personagem foi apresentado na segunda temporada de "Demolidor".

Vingadores: A Era de Ultron

Ainda em 2015, chegou aos cinemas "Vingadores: A Era de Ultron". O segundo filme do grupo de heróis reforça o conceito das Joias do Infinito, como a Joia da Mente, que neste filme passou a residir na testa do Visão. “A Era de Ultron” também apresenta mais alguns personagens como Feiticeira Escarlate e Mercúrio. Estabeleceu também aspectos que seriam abordados pelos próximos filmes, como a busca de Thor pela joias, um dos vilões de "Pantera Negra" e conflitos que acarretariam na Guerra Civil.

Capitão América: Guerra Civíl

Com um universo já estabelecidíssimo, era hora de tomar uma decisão corajosa: dividi-los.

O filme foi comandado pelos irmãos Anthony e Joe Russo, até então responsáveis apenas pelo excelente "Capitão América: Soldado Invernal". Um dos aspectos que marcou o filme foi o começo do retorno dos personagens para a Marvel, o que já havia sido iniciado com Demolidor e Cia, a trupe da Netflix. Agora era a vez de ninguém menos que Homem-Aranha ressurgir. O personagem voltou após o fracasso de seus dois últimos filmes pela Sony, que havia tentado, sem sucesso, rejuvenescer a franquia. Não deu certo.

Homem-Aranha: De Volta Para Casa. (Marvel/Divulgação)

Na nova versão, o Amigão da Vizinhança é mais moleque e vivido por um ator mais jovem, Tom Holland. O personagem, claro, foi um sucesso e ganhou seu próprio filme no ano seguinte.

Thor: Ragnarok

Depois de filmes como "Doutor Estranho" e "Homem Formiga" serem considerados apenas razoáveis, seguindo o padrão da fórmula e demitindo diretores que se recusassem a fazer o mesmo, como ocorreu com Edgar Wright no segundo, foi anunciado que o diretor Taika Waititi iria comandar o terceiro filme do Thor.

Diretor conhecido de comédias indies como "O que Fazemos nas Sombras", trabalhou o longa do Deus do Trovão de forma extremamente autoral, dando seu tom particular à história transformando o filme em uma comédia escrachada. Ele não inova a fórmula, mas a desenvolve de uma nova maneira. O filme, inclusive, tem ligação direta com "Guerra Infinita".

Pantera Negra

O cinema autoral da Marvel, que nasceu ali com "Guardiões da Galáxia" e se expandiu para "Thor: Ragnarok", ganhou um novo capítulo com "Pantera Negra", filme que fez história na Marvel: foi o primeiro filme de herói que explora a cultura africana. Cerca de 90% dos personagens principais são negros e a produção contou com uma enorme diversidade étnica, algo histórico nas produções hollywoodianas. 

O diretor Ryan Coogler e o ator Chadwick Boseman no set de "Pantera Negra". (Matt Kennedy/Marvel Studios)

O diretor Ryan Coogler, conhecido por “Creed” (2015), foi além de resolver alguns problemas recorrentes da fórmula Marvel, dando escopo para personagens secundários, personalidade ao seu vilão e trabalhando de forma intimista o conflito de seu protagonista. Ele conseguiu criar um movimento em cima do filme, fazendo com que jogadores de futebol realizassem o gesto do “Wakanda Forever” em protestos contra racismo. O longa foi um grande sucesso de bilheteria e se tornou a décima maior bilheteria da história, com mais de 1,2 bilhão de dólares arrecadados mundialmente. Posto que pode perder em breve para...

Vingadores: Guerra Infinita

E agora chega um dos filmes mais esperados de todos os tempos, o filme que finalmente fez o vilão Thanos sair de sua cadeira seis anos depois de sua apresentação, o filme que uniu todos os lados desse grande universo que está sendo desenvolvido há 10 anos. 

"Guerra Infinita" e seu sucesso estão sendo um marco não só uno Universo Cinematográfico Marvel, mas também na história do cinema em si. O que vem agora? Bem... não se sabe, mas ainda virão mais filmes que expandirão ainda mais esse já vasto universo,

Antes de termos certezas sobre o "Vingadores 4", vem mais por aí. "Homem-Formiga e Vespa" estreia em 5 de julho. O aguardado "Capitã Marvel", por sua vez, chega em 28 de fevereiro do ano que vem. Só depois, em 2 de maio, ou seja, um ano quase exato a partir de agora, é que a conclusão da saga de Thanos estará nas telas. O que pode ser dito é que venham mais 10 anos de filmes que podem não ser perfeitos, mas são no mínimo divertidos.

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