> >
'Bella ciao': Conheça a história da música de 'La casa de papel'

'Bella ciao': Conheça a história da música de 'La casa de papel'

Canção que foi hino da resistência italiana contra fascismo, retornou com série espanhola e virou funk no Brasil

Publicado em 3 de maio de 2018 às 14:49

Ícone - Tempo de Leitura 0min de leitura
Professor e Berlim cantam 'Bella ciao'. ( Reprodução )

Quem já assistiu a série espanhola "La casa de papel", provavelmente ficou com um refrão musical na cabeça: "Bella ciao o bella ciao, Bella ciao ciao ciao". Porém, a canção que aparece pela primeira vez em um flashback que mostra os personagens Professor (Álvaro Morte) e Berlim (Pedro Alonso), não foi composta para a produção da Netflix que virou fenômeno mundial.

Na série, o avô de Professor, que era da resistência italiana, teria lhe ensinado a canção. Ele então a teria passado ao grupo como forma de manter a unidade em caso de complicações do plano de assalto a Casa da Moeda da Espanha.

Canção símbolo da resistência da Itália contra o fascismo, não tem autoria definida e se popularizou durante a Segunda Guerra Mundial. Sua melodia, porém, também aparece em cantos de trabalhadoras do rurais italianas do fim do século XIX, e em canções de protesto contra a Primeira Guerra Mundial.

Na letra composta pelas camponesas, já aparecia o cunho de resistência e protesto que iria ressoar nas outras versões na canção.

Veja um trecho da letra:

"O chefe está de pé com uma vara, Bella ciao (adeus querida), Bella ciao (adeus querida) Bella ciao ciao ciao (adeus, adeus adeus querida)! O chefe está de pé com uma vara E nós curvados a trabalhar!

Trabalhe infame, por pouco dinheiro, Bella ciao (adeus querida), Bella ciao (adeus querida) Bella ciao ciao ciao (adeus, adeus adeus querida)Trabalho infame, por pouco dinheiroE sua vida a consumar!

Mas chegará o dia em que todos, Bella ciao (adeus querida), Bella ciao (adeus querida)Bella ciao ciao ciao (adeus, adeus adeus querida)Mas chegará o dia em que todos,trabalharemos em liberdade!"

Mas foi a versão com a letra da luta anti-fascista que se tornou mundialmente conhecida e aparece em momentos marcantes da série.

Ela foi composta pelos "Partigiani", homens e mulheres que representavam a resistência italiana contra o nazismo e o fascismo.

Veja um trecho da letra na versão "Partigiani":

"Ó resistente, leva-me embora, Bella ciao (adeus querida), Bella ciao (adeus querida) Bella ciao ciao ciao (adeus, adeus adeus querida)Ó resistente, leva-me embora Porque sinto a morte a chegar.

E se eu morrer como resistente Bella ciao (adeus querida), Bella ciao (adeus querida) Bella ciao ciao ciao (adeus, adeus adeus querida) E se eu morrer como resistente Tu deves sepultar-me E sepultar-me na montanha

...

É esta a flor do homem da Resistência Que morreu pela liberdade"

DE CANÇÃO DE PROTESTO A PARÓDIA EM FUNK

Após o fim da guerra a canção começou a se popularizar pela Europa em festivais de grupos da juventude comunista em cidades como Berlim, Praga e Viena. As primeiras gravações da canção são da cantora italiana Emilian Giovanna Daffini e do francês de origem toscana Yves Montand.

No começo dos anos 70, o conjunto chileno Quilapayún também gravou uma versão do tema. Foi uma das canções que marcaram o ambiente cultural revolucionário do governo de Salvador Allende, que acabou derrubado por um golpe de estado promovido pelo general Augusto Pinochet.

Em 2018, após se popularizar novamente devido o sucesso de "La casa de papel", ganhou uma versão argentina de protesto contra o presidente Mauricio Macri, com letras contrárias aos ajustes e cortes promovidos por seu governo.

Já no Brasil, "Bella ciao" caiu no gosto popular através da paródia feita pelo funkeiro MC MM "Só quer vrau". No acelerado ritmo da batida em 150 BPM, nova moda do gênero musical, a música chegou ao primeiro lugar das mais escutadas no Spotify no país.

Este vídeo pode te interessar

 

Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rapido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem

Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta

A Gazeta integra o

The Trust Project
Saiba mais