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Fenômeno na internet fala sobre mundo virtual na Bienal Rubem Braga

Fenômeno na internet fala sobre mundo virtual na Bienal Rubem Braga

Pedro Henrique, criador do projeto "Um Cartão", que arrasta mais de 1 milhão e 700 seguidores no Instagram, participa de mesa-redonda na quinta-feira (17)

Publicado em 15 de maio de 2018 às 22:45

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Formado em Direito, Pedro Henrique tinha seu projeto de carreira definido e se dedicava aos estudos para concurso público. Em meio à pressão dos estudos, ele, que sempre foi apaixonado pelas palavras, buscou nelas um escape para se distrair e aguentar a rotina. Assim criou o projeto "Um Cartão", com frases e mensagens escritas à mão que discursam sobre a vida e o amor. Pedro começou a publicar suas mensagens no Instagram e hoje já possui mais de 1 milhão e 700 seguidores que se identificam e se inspiram com os posts diários. 

Suas frases viraram livro, lançado pela editora Rocco em 2015, e até coleção de camisetas.  Mas em um universo em que as selfies dominam a timeline, Pedro é avesso à fama. Não gosta de mostrar o seu rosto e nem divulgar o seu sobrenome. Para falar um pouco mais sobre o mundo virtual, Pedro desembarca em Cachoeiro de Itapemirim no dia 17 de maio para participar da mesa "Conectado nas redes sociais: como se comportar”, ao lado de  Lígia Fascioni (Berlim/Brasil) e Simone Lacerda. Em entrevista ao Gazeta Online, ele conta como começou a escrever e suas inspirações.

Você é formado em direito. Como começou a escrever e resolveu levar isso a sério?

 

A história do "Um Cartão" representa o marco de uma nova história da minha vida. Para contar essa parte da história, eu preciso voltar no tempo e contar a parte da história de ser um completo apaixonado pelas palavras. Escrever, para mim, é nobre e intenso demais para não ser levado a sério. Carrego a verdade das palavras com um cuidado ímpar e isso sempre foi uma das coisas que mais me deu prazer: entender que elas têm um poder muito grande para serem tratadas de qualquer jeito. Eu respeito as palavras e elas me fazem um homem muito melhor.

Como teve a ideia de criar um perfil no Instagram para escrever suas mensagens?

Os cartões nasceram um momento muito delicado para mim. Eu era um jovem advogado recém-formado e já estudando na Escola do Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro, para depois prestar o concurso da carreira. A rotina de estudos de quem estuda para concursos públicos é devastadora. Eram muitas horas por dia, todos os dias da semana, com uma dose de pressão ainda maior pelo fato de ser mantido graças à minha família e com uma cobrança muito forte. Nesse cenário, me vi torcendo para que esse tempo até a aprovação passasse milagrosamente, sem dor, sem sacrifício, como em um passe de mágica. Me vi torcendo para que a minha vida passasse rápido, ainda que isso me custasse o aprendizado de muitos momentos únicos, de vivência de muitas histórias inesquecíveis e de muitas outras coisas incríveis que só o tempo pode trazer. Ao perceber isso, precisei voltar às palavras, que não me abandonaram antes, e que, certamente, não me abandonariam no momento em que mais precisava delas, para poder voltar a sorrir, para reencontrar os motivos para seguir em frente e para ser feliz de novo. Foi assim que os cartões nasceram.

E quando percebeu que tinha virado um sucesso?

Para mim, sucesso é muito relativo. É abrangente demais a gente discutir o que isso representa agora. Alguns vão entender como cifras, como quantidade de dinheiro ou coisas que podem ser  compradas. Outros vão falar de fama, de mídia ou de qualquer outra coisa que não possa ser tocada ou medida. Eu respeito todas as definições, sem julgar qual seria a melhor ou mais completa. Eu percebi que o "Um Cartão" tinha virado sucesso quando eu voltei a sorrir, quando percebi que a minha vida, apesar de todas as dores, era incrível e que tinham muitas coisas lindas ao meu redor. Sucesso, para mim, é isso.

Qual sua inspiração para escrever?

Mesmo depois de quase quatro anos de "Um Cartão", eu confesso que não entendo a pergunta sobre de onde me chega a inspiração para escrever. A inspiração está em todas as coisas, em todos os momentos, em todos os acontecimentos. Dos maiores aos menores, dos mais importantes aos menos valorizados, dos grandes dias aos dias comuns. A inspiração está em como a gente percebe o mundo. Em como a gente absorve as coisas que nos cercam e em como a gente resolve encarar a vida. Não é aquela utopia de mundo cor de rosa onde tudo é bom o tempo todo, mas é a certeza de que até nas piores coisas existem boas coisas. Saber filtrar isso é o segredo para se inspirar por tudo.

Em uma época em que todos gostam de aparecer, fazer selfies, você faz sucesso sem nem mostrar o rosto. Como explica isso?

Os cartões não precisam de um competidor físico. Eu repito isso como um mantra, às vezes para mim mesmo. A explicação me vem rápida e direta: as pessoas não precisam gostar de mim, não precisam aprovar ou reprovar o jeito que sou, como sou, onde vou, o que visto e assim por diante. Elas não precisam de um personagem para materializar ou satisfazer a curiosidade de quem é o cara por trás do Um Cartão, porque elas já têm a minha alma através deles. Ler o meu coração é muito mais poderoso do que ver o meu rosto.

Você escreve tudo manualmente. Por quê?

Acredito sinceramente que as palavras passadas para o papel à mão carregam uma verdade mais forte, mais literal e muito mais bonita. Elas são frutos do que me escorre e do que sai de mim, como em uma relação paternal e isso faz com que eu ame todas elas.

Na Bienal Rubem Braga você vai participar da mesa sobre comportamento nas redes sociais. Existe uma fórmula pronta? O que acha desse mundo das redes sociais? Qual o lado bom e o lado ruim?

As redes sociais só refletem as redes reais. Falar sobre fórmulas prontas, lados bons e ruins seria discorrer sobre a construção da sociedade e do comportamento humano como um todo. Claro que existem algumas pequenas peculiaridades e os meios de interação, mas adiantar isso seria estragar a Bienal, né?

SERVIÇO

Mesa: “Conectado nas redes sociais - como se comportar”, com Pedro Um Cartão (RJ), Lígia Fascioni (Berlim/Brasil) e Simone Lacerda (ES)

Quando: 17 de maio (quinta-feira), de 9h às 14h

Onde: Auditório Marco Antônio de Carvalho. Cachoeiro de Itapemirim

Entrada gratuita.

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