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Respiros do cotidiano rendem novo CD a Diego Moraes

Respiros do cotidiano rendem novo CD a Diego Moraes

Cantor, que participou de reality musical, tirou inspiração até de conversa de ônibus para novas canções

Publicado em 19 de junho de 2018 às 18:06

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Diego Moraes. (Reprodução/Instagram @diegomoraes3)

No dia a dia, a maioria dos brasileiros vive uma rotina desgastante que acaba fazendo com que as pequenas coisas da vida acabem não sendo apreciadas. Esse cotidiano cíclico acaba acarretando em semanas, meses e anos vazios, que fizeram o cantor Diego Moraes, que também já participou de um reality musical da televisão brasileira, tentar produzir uma música que fizesse os ouvintes refletirem frente à situação. A ideia é realizar algo que faça com que toda a população também tome uma atitude e não caia - ou continue - na mesmice.

No single "Muderno", de seu novo disco, "#ÉQueEuAndoDeÔnibus", Diego chegou a se inspirar em conversas que ouviu durante algumas viagens que fez em ônibus no trajeto de casa para o trabalho. Tristes ou comemorativos, os diálogos o fizeram refletir sobre o cotidiano e, então, pensar em uma letra que pudesse servir de respiro para aquela situação.

"Quando a gente está em um sistema de trabalho bruto, nos pegamos na mesmice sem sequer perceber. Um dia, um amigo perguntou o que eu estava fazendo da vida e eu disse que estava olhando para o céu", diz.

Aspas de citação

Naquela época, eu trabalhava em um shopping durante o dia e tocava em bares durante à noite. De vez em quando, também saía

Diego Moraes, músico
Aspas de citação

E a letra, com jazz ao fundo, mostra bem esse cotidiano. Agora, ele se torna uma lembrança saudosista para o cantor. "Minha única pretensão de vida era cantar em bares. Com o decorrer do tempo quis ir, aos poucos, aumentando meus projetos. Hoje eu lembro de tudo da minha carreira com muito carinho", conta. Diego reitera que hoje se sente realizado em poder passar um pouco do que ele acredita por meio da música, mas se justifica: "Não que eu seja político - e nem pretendo ser. Deixo isso para os amigos".

DE MPB AO JAZZ

Diego garante que teve uma criação baseada nos cantos da mãe, que adorava Elis Regina, e do pai, que era amante do sertanejo raiz. Mas, de uma forma ou de outra, o que sempre o encantou foi o jazz. "Não sei como esse gênero chegou até mim, mas tudo bem (risos), porque eu amo", dispara. O artista destaca que "#ÉQueEuAndoDeÔnibus" é um reflexo disso tudo. "Eu trago momentos do sertanejo, da MPB, do jazz, do soul e do pop, também. É um espelho dos meus gostos, das minha referências. Tudo transformado em e por um brasileiro contemporâneo, é claro", completa.

Para o artista, o álbum tem uma roupagem sofisticada, mas une letras mais simples. "As pessoas estão gostando muito desse contraste. Isso acontece até pelos temas. Acho que é o charme (risos)", comenta.

MILITÂNCIA PRESENTE

Militante, o cantor também expressa seu lado politizado em algumas canções e acha que, dessa forma, consegue passar mensagens positivas para seus fãs. E os discursos estão presentes em faixas como "Não Recomendado" e "Bicho Mandado", que falam de padrões.

"Desde que sai do 'Ídolos', em 2009, eu conquistei um público que continuou me acompanhando mesmo após o programa. Eu cheguei às finais e, na ocasião, muita gente já estava encantada com a minha música", comemora, completando: "Eu só quero espelhar o que eu acredito nas músicas. Para as pessoas enxergarem e pensarem que têm que fazer algo diferente. E aí, nas minhas próprias experiências eu percebo que às vezes nos achamos muito, que às vezes nossos problemas são os maiores... Mas como eu não tenho dinheiro para pagar terapeuta, eu uso o ônibus", brinca.


"#ÉQueEuAndoDeÔnibus" ficou parado entre 2013 e 2017 - e esse é um dos motivos por ele ter enveredado tanto para o lado militante, por exemplo. Dessa forma, a obra passou pelo período do impeachment de Dilma Rousseff. "As coisas estavam ficando difíceis e nesse 'boom' político os preconceitos velados que as pessoas tinham começaram a ficar mais aparentes. Inevitavelmente essa atmosfera politizada veio para o álbum", avalia.

Mas o cantor não enxerga essa característica como sendo negativa ou como um impasse. "A reação das pessoas é o que me importa. E o público no geral tem aceitado bem, acabam aceitando porque gostam de mim cantando e acho maravilhoso poder falar disso nas músicas. Eu tenho que cantar para as pessoas que não querem me ouvir. Essa é a minha missão", conclui.

SERVIÇO

#ÉQueEuAndoDeÔnibus

13 faixas, álbum independente

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