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'Vingança' injeta energia ao gênero de... vingança

"Vingança" injeta energia ao gênero de... vingança

Filme francês traz premissa batida mas impressiona na originalidade dos elementos visuais trabalhados

Publicado em 26 de junho de 2018 às 20:10

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Vingança. (Fênix Filmes)

"Um dia é da caça, o outro, do caçador". Essa é a frase que resume os filmes de vingança. Obras recentes como a franquia “Doce Vingança” acabaram responsáveis tanto pela (re)popularização quanto pela saturação do gênero nos últimos anos. Quando parecia a vingança não teria mais para onde seguir, estreia “Vingança”, filme francês que é basicamente um “Doce Vingança”, só que bom.

O filme tem uma história simples e e até batida. Ela acompanha Jen (Matilda Anna Ingrid Lutz), uma mulher deixada para morrer após ser violentada. Após se reerguer. ela parte em busca de vingança contra seus agressores. A simplicidade ou a derivação da história não restringem a diretora Coralie Fargeat de dar escopo e personalidade ao longa.

Mesmo em seu primeiro filme, Fargeat já possui seu próprio estilo visual. Ela mantém o filme sempre em movimento, até antes da ação começar. A diretora faz movimentos inventivos com a câmera e usa constantemente o plano detalhe, que se torna parte fundamental da linguagem narrativa da obra - o recurso é usado para transmitir passagem de tempo, reforçar cenas pesadas e realça o "gore" etc.

Fargeat também mostra um controle não só de câmera, mas de elenco. Isso fica visível em um plano sequência que dá espaço a uma tensão crescente ao longo de toda a cena. Em contrapartida, a diretora não consegue equilibrar o uso de metáforas visuais, que são esquecidas após a metade do segundo ato..

Entretanto, algo que faz diferença em uma história de vingança com uma protagonista mulher é a visão feminina. No modo como trabalha a protagonista e trata temas como o machismo disfarçado e o feminicídio, Coralie Fargeat faz lembrar a maneira como Jordan Peele trabalhou o racismo mascarado em “Corra” (2017).

TÉCNICA

Outro acerto que salta aos olhos é a cinematografia, que funciona à base de contrastes, usando o deserto monocromático para realçar as cores vivas (muito azul e rosa) presentes na mobília e nas vestimentas.

Outro aspecto técnico é a trilha sonora eletrônica extremamente enervante e incômoda, que enfatiza as cenas de gore, que, por sua vez, funcionam graças à excepcional maquiagem.

“Vingança”, ao fim, é um filme que traz vida nova a um gênero já batido e apresenta uma promissora diretora aos olhos do público.

 

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