"Um dia é da caça, o outro, do caçador". Essa é a frase que resume os filmes de vingança. Obras recentes como a franquia Doce Vingança acabaram responsáveis tanto pela (re)popularização quanto pela saturação do gênero nos últimos anos. Quando parecia a vingança não teria mais para onde seguir, estreia Vingança, filme francês que é basicamente um Doce Vingança, só que bom.
O filme tem uma história simples e e até batida. Ela acompanha Jen (Matilda Anna Ingrid Lutz), uma mulher deixada para morrer após ser violentada. Após se reerguer. ela parte em busca de vingança contra seus agressores. A simplicidade ou a derivação da história não restringem a diretora Coralie Fargeat de dar escopo e personalidade ao longa.
Mesmo em seu primeiro filme, Fargeat já possui seu próprio estilo visual. Ela mantém o filme sempre em movimento, até antes da ação começar. A diretora faz movimentos inventivos com a câmera e usa constantemente o plano detalhe, que se torna parte fundamental da linguagem narrativa da obra - o recurso é usado para transmitir passagem de tempo, reforçar cenas pesadas e realça o "gore" etc.
Fargeat também mostra um controle não só de câmera, mas de elenco. Isso fica visível em um plano sequência que dá espaço a uma tensão crescente ao longo de toda a cena. Em contrapartida, a diretora não consegue equilibrar o uso de metáforas visuais, que são esquecidas após a metade do segundo ato..
Entretanto, algo que faz diferença em uma história de vingança com uma protagonista mulher é a visão feminina. No modo como trabalha a protagonista e trata temas como o machismo disfarçado e o feminicídio, Coralie Fargeat faz lembrar a maneira como Jordan Peele trabalhou o racismo mascarado em Corra (2017).
TÉCNICA
Outro acerto que salta aos olhos é a cinematografia, que funciona à base de contrastes, usando o deserto monocromático para realçar as cores vivas (muito azul e rosa) presentes na mobília e nas vestimentas.
Outro aspecto técnico é a trilha sonora eletrônica extremamente enervante e incômoda, que enfatiza as cenas de gore, que, por sua vez, funcionam graças à excepcional maquiagem.
Vingança, ao fim, é um filme que traz vida nova a um gênero já batido e apresenta uma promissora diretora aos olhos do público.
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