> >
Jefferson Schroeder mostra que é mais que uma 'máquina de vozes'

Jefferson Schroeder mostra que é mais que uma "máquina de vozes"

Ator, que viralizou após vídeo com Fábio Porchat em que imita vozes de programas dublados, coleciona participações na telinha e no cinema

Publicado em 11 de julho de 2018 às 01:53

Ícone - Tempo de Leitura 0min de leitura
O ator Jefferson Schroeder como Kate, uma de suas personagens, para uma propaganda. (Divulgação/Ifood)

Com uma agenda bastante apertada, Jefferson Schroeder, 31, teve um tempo para mostrar que é um rapaz que, além de ocupado, é multifacetado. É fácil lembrar do artista neste momento em que um vídeo dos bastidores de uma gravação para o canal do Youtube Porta dos Fundos viralizou. Nele, o rapaz mostra suas habilidades em imitar as vozes de personagens de programas dublados como "Os Vídeos Mais Incríveis do Mundo". Bastou ele dizer "Oh, Meu Deus", com aquele típico tom sedutor da personagem Kate, ao lado de Fábio Porchat - a quem considera um parceiro nos trabalhos - para os números em seu perfil no Instagram explodirem de 30 mil para mais de 260 mil seguidores.

"Sempre gostei de mudar minha voz. Por ser homem, também, sempre foi um desafio mudar a voz, sair desse registro masculino e fazer vozes femininas... Eu passava trotes... (risos) tinham essas coisas assim. Eu estudei com uma menina que fazia voz de dublagem e eu achava muito legal ela fazer aquilo. Comecei a treinar, até que chegou num ponto em que eu achei que estava divertido. Essas vozes de dublagem são umas das vozes que eu faço. Tem esse som, talvez essa melodia, que remete a essas coisas dubladas que a gente assiste", descreve.

Making of do vídeo do Porta dos Fundos que viralizou

Quem olha os vídeos e redes sociais do catarinense, que muitos confundem com dublador, acha que ele estaria tentando um espaço com o trabalho feito com a voz. Mas o rapaz já vem conquistando seu espaço há um bom tempo e mostra que vai muito além de uma máquina reprodutora de vozes e personalidades. Só para se ter uma ideia, a agenda citada no início do texto é dividida entre redes sociais, onde atualiza seu trabalho e mantém contato assíduo com os fãs, escrita de um livro, gravações de filmes e a composição de um Trabalho de Conclusão de Curso, o famoso TCC.

A princípio, acompanhando por poucos dias as redes sociais do ator, você percebe mais de 10 personagens diferentes. "Tem mais. Quero até anotar para ver quantos são. Não tem uma quantidade. Quer ver, de dublagem tem: o velho; a velha; a menina; o menino e uma criança - que tenho mais dificuldade de fazer -; aí tem o Jair, que é o caipira; tem uma ET, que fala tudo no feminino; tem a Sivli; o Jairo que é marido dela; tem a Gaúcha; tem a Meiri do meu monólogo; tem uma que fala coisas no final que não dá pra entender; tem a Roberta; tem o cara que é sexy. Sei lá, eu falei agora, deu uns 14, e tem mais. Para mim, a ideia é, cada vez mais, descobrir as regiões da minha voz que sejam surpreendentes para mim", detalha Schroeder.

Mas não se engane, Jefferson não está apenas restrito a esses vídeos. Ele tem um longo trabalho na dramaturgia, com novelas, filmes e peça de teatro. Inclusive, nos palcos há uma obra escrita e encenada pelo próprio. "Me defino como ator e tenho tentado me definir como autor também, pois estou escrevendo. Eu nunca dublei, não sou dublador. Também não me encaixo muito nesse lugar de humorista e comediante. Apesar de fazer coisas com comédia e humor, eu ainda tento entender qual é o tipo de humor que eu tenho. Às vezes, me sinto desencaixado em algum formato de humor", diz Jefferson.

Apesar de não se definir como humorista, essa vertente sempre o seguiu. Dois anos no "Zorra Total", onde interpretou o personagem andrógino Darci, alguns trabalhos no Porta dos Fundos e até as vitórias no 2º Prêmio de Humor - ele venceu as categorias de Melhor Texto e Melhor Performance -, no Rio de Janeiro, com o monólogo "A Produtora e a Gaivota", mostram que a veia cômica de Schroeder é forte. Nesses trabalhos, na TV, teatro e web, o ator mostrou bem o que faz com sua voz.

"Isso, pra mim, foi muito significativo. Eu escrevi um humor para mim. Isso ajudou muito, de alguma forma, porque foi meu texto... Sou eu defendendo a minha ideia e fazendo o tipo de humor que tem em mim, um humor mais de situação e menos de armar piada", analisa ele, sobre a vitória na premiação.

Jefferson no Zorra Total

PASSAGENS NA TELONA E ESCRITA

E o trabalho se prolonga na telinha com uma participação em "Amor à Vida" (2014), como Túlio - uma das novas vítimas de Amarilys (Danielle Winits), que explorava a situação da barriga de aluguel para casais gays. Jefferson também chegou ao cinema. Sua atuação também foi destaque no filme "Minha Mãe é Uma Peça" (2013), onde ele fez o papel de André Luiz, o sobrinho de Dona Hermínia que morre num acidente, e no curta "Aceito" (2014). Agora, ele estará no longa "Crô em Família", com Marcelo Serrado, que estreia em setembro.

Jefferson Schroeder durante participação na novela "Amor à Vida" ao lado de Danielle Winitts. (Reprodução/TV Globo)

Além da dramaturgia, o rapaz quer investir no lado escritor, ainda mais depois da vitória de seu texto no 2º Prêmio de Humor. "De texto divulgado, eu tenho meu monólogo, que eu escrevi e ganhou o prêmio do Porchat (o Prêmio de Humor é produzido pelo humorista). Foi meu primeiro texto profissionalizado. Eu escrevo crônicas e contos que pretendo publicar. Eu já publico alguns no Instagram, mas pretendeo lançar o livro. Além disso, eu adapto peças. Estou tentando adaptar uma para o cinema e tenho vontade de me firmar como alguém de escrita e dramaturgia", sonha ele, que também tem planos de lançar um livro infantil.

Mas, enquanto isso, é possível ver tanto os textos quanto seus personagens e diferentes vozes no Instagram do rapaz (@schjefferson). Por lá, ele testa as vozes e textos, além de interagir com os seguidores.

"No Instagram, eu fui me permitindo cada vez mais ser mais simples. Inclusive, para valorizar esse lado humano que tem na arte, essa possibilidade do erro. Tenho improvisado mesmo. Tento umas ideias, coloco ali e publico meus erros... às vezes, alguma voz que faço e não gosto... É tudo da minha cabeça e improvisado. Algumas coisas, quando acho que caminha para um lado que acho que não vai render muito, eu não publico, refaço. Mas tenho tentado fluir, ver o que vem... Até coisas sem pé nem cabeça, eu gosto de publicar", descreve ele.

Assim, Jefferson brinca com os filtros do Instagram e publica tudo nas redes sociais. A curiosidade que fica é se os personagens que ele fez para a ferramenta foram criados antes ou depois dos filtros. "Os filtros eu estou usando em personagens que já criei. Por exemplo, a ET eu já tinha feito. Mas tento criar também em cima dos filtros. É olhar o filtro e ver que voz aquele personagem teria", conta.

FAMA E PROJETOS

E toda essa repercussão tem mostrado a fama para o ator. Mas isso não tem sido problema. Segundo Schroeder, ele tenta manter a postura que sempre teve, seja na rua, seja nas redes sociais, de levar e tratar todos como iguais.

"Estou começando a entender o que os artistas passam. Existem situações que levam você a ficar mais na sua, a talvez não querer ir pra um lugar e isso gera olhares e comentários de fora de que a pessoa é metida", explica o ator, completando: "Mas tenho tentado não me tornar alguém especial, entende? Essas pessoas que me encontram, que tenho tentado não chamar de fã porque acho que vai para um lugar muito egoico, são pessoas que gostam do meu trabalho. Tem até fanpage criada por uma menina que gosta do meu trabalho e eu pretendo conhecê-la. Eu acho bem legal, porque é um carinho, né".

O ator Jefferson Schroeder é praticamente uma máquina de vozes. (João Mendonça/Divulgação)

No momento, ele foca nos frutos do reconhecimento e quer mais. Jefferson está tentando voltar com o monólogo "A Produtora e a Gaivota" e planeja voltar a ensaiar uma nova peça para o fim do ano. Além disso, pretende curtir uma série de estreias de filmes que gravou nos últimos meses.

"Agora, com esse movimento, surgem trabalhos bons. Eu terminei de filmar o longa 'Pérola', com direção do Murilo Benício. Em setembro, estreia o 'Crô em Família', o filme que fiz com Marcelo Serrado. Em breve estreia o 'DAS - A Divisão', que é um filme que fiz do Vicente Amorim. Tenho feito coisas de dramaturgia, coisas com humor e coisas que sei e tenho afinidade em fazer. Ainda quero lançar um livro infantil que escrevi e quero chamar o pessoal do Instagram pra ilustrá-lo. Estou vendo parceria com as editoras."

Este vídeo pode te interessar

Vale lembrar que, com o talento não passando despercebido, ele ainda consegue manter-se ativo nas redes sociais e nas plataformas tradicionais e sempre interagindo com os fãs. Sim, ele realmente responde as mensagens que os fãs mandam sempre que possível. Além dos vídeos diários, ele ainda faz lives e aproveita para divulgar o trabalho. Isso mostra o cuidado com que Jefferson leva sua carreira, que certamente fará o artista ganhar o mundo.

Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rapido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem

Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta

A Gazeta integra o

The Trust Project
Saiba mais