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Apresentador Zeca Camargo lança livro sobre culinária indiana

Apresentador Zeca Camargo lança livro sobre culinária indiana

Zeca já rodou o mundo quatro vezes e visitou a Índia em oito ocasiões. Da última , fez uma viagem de 15 dias para produzir o livro

Publicado em 3 de agosto de 2018 às 23:14

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A primeira viagem internacional do apresentador e escritor Zeca Camargo aconteceu aos 9 anos. Buenos Aires foi o destino do garoto que agora, aos 55, já rodou o mundo quatro vezes, possui mais de 14 passaportes e fez de Paris sua terceira casa. Formado em Administração e Publicidade, Zeca acabou se encontrando no jornalismo graças a sua curiosidade aguçada e sua paixão por escrever.

Zeca fez parte do “Fantástico” por 18 anos e atualmente apresenta o “É De Casa”. Autor de cinco livros, sua nova empreitada é “Índia: Sabores e Sensações”, que produziu ao lado do amigo indiano Varunesh Tuli durante uma viagem pela Índia por 15 dias.

Quando aconteceu sua primeira viagem para Índia?

Foi em 1986. Eu fui com um grupo de dança e foi uma experiência bem diferente. Não conhecia nada e já na primeira vez eu fui para provar tudo.

E foi amor à primeira vista?

A Índia é aquela coisa de que ou você gosta ou rejeita. Eu me apaixonei logo de cara. Nesses trinta anos eu já fui pra lá oito vezes. A última foi em 2016 para fazer especificamente esse livro.

E como surgiu a ideia do livro?

Tenho um amigo indiano, o Varunesh Tuli. Ele é casado há uns 25 anos com uma amiga brasileira que dançava comigo. Somos muito amigos e ele sugeriu que fizéssemos um livro, eu escreveria sobre a Índia e ele faria as receitas da mãe dele. São 30 receitas caseiras. Não é um livro gourmet, é um livro do dia a dia da comida indiana. Viajamos em 2016 e fomos só para comer. Tudo que fizemos em 15 dias de viagem era em função da comida. E são todas receitas vegetarianas. Lá você tem carne, não a de boi (o animal é sagrado no país), mas muito peixe, frango... Mas o dia a dia do indiano é vegetariano e optamos por isso. Todas as receitas podem ser feitas no Brasil sem problemas de ingredientes, fizemos pequenas adaptações.

E o que acha mais interessante na relação dos indianos com a comida?

A culinária indiana é uma coisa que tem muito perfume, muito tempero. É uma cozinha muito fresca. O que acho louco é que eles não têm horário pra comer. Não existe essa coisa de café da manhã, almoço... É uma mesa sempre farta e você pode comer quando quiser. Você pode comer muito de manhã e ficar sem comer nada até às 18h, ou comer só antes de ir dormir. A refeição é um pouco bagunçada e eles comem o tempo todo. Outra coisa que me chamou atenção é que é uma culinária que tem muita fritura, então precisamos dar uma moderada. No Brasil também existe muita fritura, mas na Índia é algo mais presente.

 

Falando de viagem, quando foi sua primeira internacional?

Eu tinha 9 anos, em 1972, e fui com a minha família para Buenos Aires. Agora eu vou direto para lá, mas dessa vez foi uma aventura, era como se tivesse cruzado o Atlântico. Eu vou muito para Buenos Aires até hoje e acho que existe algo emocional porque foi o primeiro lugar fora do Brasil que conheci.

Quando terminou a faculdade você colocou a mochila nas costas e foi viajar. O que essa experiência trouxe pra você?

Foi mais do que uma viagem, porque eu saí de casa e fiz o estilo mochilão. Eu falo isso com um pouco de medo de parecer clichê, mas foi uma grande escola. Foi fundamental porque uma viagem faz você ser curioso. Se você já é, fica mais ainda porque fica frente a frente com imprevistos e algo que nunca viu. Esse aprendizado não tem faculdade que ensine. Dou muitas palestras em universidades e sempre aconselho a quem quer ir depois da formatura. Você abre a sua cabeça. Eu já tinha viajado com a minha família pela América Latina, feito a viagem clássica para Disney, mas nunca tinha ido para algum lugar que me colocasse em outra realidade como os países africanos, a Tailândia ou a Índia. É ótimo pra gente entender que não existe só a gente no mundo, nosso quintal é muito maior. Tem que ser pé no chão, claro, mas vá viajar.

Quando você chega em um lugar como é? Você pesquisa antes ou se joga?

Eu dou uma boa lida nos guias antes de ir, mas eu falo sempre que tem que deixar o guia no hotel ou você fica escravo daquilo. Você tem que estar preparado para aquele lugar, mas não seguir ao pé da letra. Isso tira a possibilidade de ver muitas coisas.

As pessoas estão viajando mais. Por que você acha que isso acontece?

Eu brinco que viajar é o melhor vírus que alguém pode pegar (risos). As pessoas estão percebendo que viajar tem valor. Antigamente viagem era coisa de rico. Hoje em dia é tão mais fácil viajar, mesmo com o país em crise. Não é o melhor momento, mas se você fizer uma poupança você vai ter valores equivalentes. Essa valorização da viagem que cresceu e faz com que pessoas optem por isso não só por decisão pessoal. Muitos pais que já viajaram e viram o valor disso, hoje estimulam seus filhos adolescentes. É como se fosse um presente, mas não é uma viagem para fazer compras.

Mas com esse crescimento, muitos destinos famosos estão sofrendo com o turismo. Acha que existe solução para esse problema?

Não tem mais paraíso, isso é uma ilusão. Eu vou muito pro Oriente, Sudeste Asiático e todo mundo acha que existe algum lugar que ninguém ainda descobriu. Todo mundo já descobriu, você tem que ir sabendo disso para não ficar frustrado quando encontrar vários turistas. Você também é um turista e seu papel é viajar com atenção e cuidado com as pessoas. É preciso dar o exemplo e aproveitar. As coisas continuam sendo bonitas, mas você não tem mais a solitude e contemplação. Mas não são as multidões que vão te atrapalhar.

E depois de tantas viagens. Quais seus destinos favoritos no mundo?

Em outubro eu tenho 10 dias de férias e ainda não me programei. Acho que vou para Croácia, um dos poucos países que não conheço ainda. Eu falo que sempre gosto de ir para cinco cidades que nunca me aborreço: : Bangcoc (Tailândia), Istambul (Turquia), Lisboa (Portugal), Buenos Aires (Argentina) e Paris (França).

E de qual lugar você não gostou?

Acho que não existe viagem ruim, existe o momento ruim. Por exemplo. fui para Angola em uma época triste lá, no meio de uma guerra civil. A Bucareste (Romênia) eu fui logo quando caiu o comunismo, depois fui pra lá novamente e achei um lugar maravilhoso. Eu quero ir pra qualquer lugar que me mandarem.

Você gosta tanto de Paris que até tem um apartamento lá. Por que Paris?

Depois de velho eu passei a gostar mais da cidade. Acho ela até mais cosmopolita que outras como Londres e Nova York. Ela absorve muito as outras culturas. E de fato você pode achar shows, exposições de qualquer lugar do mundo, é uma universalidade que me encanta, além de Paris ser linda. Sempre falei muito de Londres porque tem algo ligado à música que é forte para mim, mas eu posso ter acessibilidade à música em Paris, talvez até mais que em Londres. E se quiser ir pra lá (Londres), estou a duas horas de trem.

Qual o maior perrengue já passou em viagem?

É sempre com mala, isso é uma tristeza. Por mais que você tente dar um jeito, isso é um contratempo muito chato, acaba com sua viagem, tanto na ida quanto na volta. Eu já achei muita mala e já perdi também. Eu fui pra Noruega, em dezembro de 2016, para ver a Aurora Boreal. Botei meus casacos na mala e não chegou nada. Pensa no frio e eu não tinha casaco. Eu comprei, mas isso é a pior coisa que pode acontecer.

Esse ano você foi com mais 30 amigos para Ásia para comemorar seus 55 anos. Quando surgiu essa tradição?

A cada cinco anos eu faço isso. Acho que se eu fizesse uma festa grande eu gastaria a mesma coisa, então prefiro fazer o que mais gosto, que é viajar, e com pessoas queridas. Escolho cidades que conheço muito bem e tenho um prazer absurdo de apresentar essa cidade pra essas pessoas. É um prazer proporcionar essas experiências para elas.

Falando da sua carreira, você se formou em Administração e Publicidade, foi professor de dança, mas foi parar no jornalismo meio por acaso, né?

Eu gostava de escrever e acho que tenho essa coisa fundamental que é a curiosidade. Sem curiosidade você nem sai de casa. E foi dando certo. Foi uma carreira de casualidades, surgiram as oportunidades e eu fui.

Você já entrevistou tanta gente legal, já rodou o mundo quatro vezes, lançou livros... falta alguma coisa?

Claro que falta! Tenho muitos projetos. Um deles é fazer um projeto de um programa sobre viagem na televisão. Estamos tentando formatar. As pessoas são loucas por viagem e é algo que inspira. Se elas (as pessoas) não vão, elas podem viajar comigo.

Índia: Sabores e Sensações

Zeca Camargo com Varunesh Tuli

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Companhia das Letras, 152 páginas. Quanto: R$ 89,90.

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