Dois filmes com sinopses bem parecidas chegaram aos cinemas com diferença de um mês em 2014. John Wick foi o segundo deles. Na trama, um ex-assassino sai da aposentadoria para se vingar de gângsters que mataram seu cachorro. Por mais simplista que possa parecer, o longa estrelado por Keanu Reeves e dirigido pela dupla Chad Stahelski e David Leitch, ambos ex-dublês, se tornou um dos melhores filmes de ação dos últimos anos, com cenas inventivas e uma mitologia própria tanto que o filme ganhou uma continuação ainda melhor e está prestes a virar uma série de TV explorando o rico universo dos assassinos. O filme foi bem de bilheteria (até porque teve custo de produção baixo), mas ainda teve arrecadação inferior a seu concorrente que estreou um mês antes, mas sem todos os predicados ditos acima: O Protetor.
Inspirado na série oitentista de mesmo nome e vendido como o reencontro entre Denzel Washington e o diretor Antoine Fuqua (ignorando o remake de Sete Homens e Um Destino), que fizeram sucesso em Dia de Treinamento (filme, inclusive, do qual Denzel ainda não se livrou. Mais sobre isso adiante), O Protetor é uma obra sisuda, com cenas de ação razoáveis e um estilo forçado. Apesar disso, fez sucesso e garantiu a produção de O Protetor 2, que chega amanhã aos cinemas.
CARISMA
Apesar de já conhecermos Robert McCall (Denzel Washington) de outros carnavais, o personagem continua não sendo atrativo para o público. Ele escolhe as causas certas, mas sua construção, desde o primeiro filme, com o transtorno obsessivo compulsivo, pouco ajuda no carisma. Isso, na verdade, só coloca McCall entre os personagens piloto automático de Denzel Washington nos últimos anos todos eles parecem derivados do detetive de Dia de Treinamento, papel que lhe rendeu o Oscar de Melhor Ator, exceção feita talvez aos protagonistas de Um Limite Entre Nós (2016) e Roman J. Israel, Esq. (2017).
O FILME
A trama de O Protetor 2 mostra McCall levando sua vida dupla: um homem pacato e um justiceiro que busca igualar as chances de oprimidos contra valentões daí o Equalizer (algo como igualador) do título original. Robert agora vive como motorista de Uber e de vez em quando se mete nos problemas de seus passageiros. Essas sequências rendem ótimas cenas de ação nas quais o protagonista elimina seus adversários das mais variadas maneiras, a exemplo do que acontecia no filme anterior.
O foco, no entanto, não é mais na transformação do protagonista em um justiceiro implacável. O texto se aprofunda no passado de McCall, na história de sua esposa, e em antigos fantasmas.
A tentativa de sensibilizar o protagonista é constante, com novos apadrinhados e outros personagens, como o interpretado por Pedro Pascal (Narcos), cruzando seu caminho, mas nunca é o suficiente.
O Protetor 2, tal qual seu antecessor, tem boas cenas de ação e excelente parte técnica, mas, também como seu antecessor, é um filme que carece de carisma. O resultado é um filme de ação genérico, pouco inventivo e facilmente esquecível.
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