Na hora de escolher o nome Moreati, os músicos Izac Almeida, Vitor Locatelli e Luiz Alves procuravam um termo que soasse como nome próprio e universal. Aceitaram sugestões, fizeram pesquisas, mas nada agradava. Um dia, assistindo à série "Sherlock", chegaram perto do nome escolhido. Tiraram umas letras aqui, acrescentaram uma sonoridade ali e pronto. No fim das contas, numa rápida pesquisa na internet, o trio descobriu que o termo era usado para designar o peixe pedra aqui no Estado. Ou seja, além de tudo, calhou de ser algo com identificação local.
A história é um retrato da união e um pequeno recorte das experiências do power trio capixaba que acaba de lançar o disco de estreia, "Algum Lugar". Nele, Izac, Vitor e Luiz juntos na banda desde 2016 reúnem sentimentos de raiva, decepção, revolta, amor e paixão, tudo disposto em oito faixas produzidas de maneira independente pelos amigos.
A sonoridade mescla influências que vão d'Os Mutantes a Novos Baianos, passando por Boogarins e pela banda Ventre, referência no cenário indie carioca.
"Passamos pela adolescência ouvindo indie rock, The Strokes, Arctic Monkeys, Black Keys, Kings of Leon... Mas passamos por uma descoberta musical no meio do processo, começamos a ouvir muita coisa nacional, como Jorge Ben. Toda essa construção foi muito importante pra gente", conta o baixista da banda, Izac, em entrevista por telefone ao C2.
A história da formação do trio é no mínimo curiosa, aliás. Izac é primo de Vitor (vocal, guitarra e composições), que conheceu Luiz quando estudava Mecânica no Instituto Federal do Espírito Santo (Ifes). Na época, os dois estudantes tocavam em uma banda cover, enquanto Izac era apenas amigo da dupla. Vitor, então, foi fazer um intercâmbio na Inglaterra. Nesse meio tempo, Izac, aqui no Brasil, resolveu aprender a tocar baixo e se uniu a Luiz na espera pelo retorno de Vitor.
"Quando ele voltou, nos unimos para apostar nas composições nossas, no material autoral. O cover foi nossa porta de entrada, mas já tínhamos essa ideia de montar a banda", detalha Izac.
Do reencontro, surgiu "Algum Lugar". No disco, o power trio dá voz a melodias de questionamento e de desabafo sem um tom piegas ou simplesmente "palestrinha", como em "Desde Moleque", "Cidadão de Bem" e "Moldado".
Já apresentadas ao público em apresentações ao vivo e em vídeos na internet, "Cortejo" e "Dança" estão entre os destaques.
"Algumas das letras foram trazidas já compostas pelo Vitor em Londres, durante o intercâmbio. Muito dessa melancolia tem um pouco da distância, do distanciamento do intercâmbio. Aquelas que nos despertavam alguma emoção, preferimos gravar, outras deixamos de lado. Foi acontecendo. Não queríamos soar iguais a nada específico", explica Izac.
Embora dispensem a tarefa de levantar uma bandeira, o grupo reconhece a música como uma oportunidade política, com espaço para debates e para dar vazão às ideias do trio.
Agora, os músicos se dedicam à divulgação do trabalho. Nas próximas semanas, devem lançar uma live gravada no Estúdio Bravo, em Vitória, e planejar o lançamento de videoclipes nas redes da banda.
OUÇA
Algum Lugar
Moreati
Independente, 8 faixas
Disponível nas principais plataformas de streaming.
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