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Crítica social e suspense em 'A Primeira Noite de Crime'

Crítica social e suspense em "A Primeira Noite de Crime"

Filme conta as origens da noite do expurgo: as 12 horas em que vale tudo e ninguém pode ser punido

Publicado em 26 de setembro de 2018 às 00:05

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Filme A Primeira Noite de Crime. (Universal Pictures)

A série de filmes “Uma Noite de Crime” tem uma das premissas mais interessantes do cinema pop recente: por uma noite no ano tudo é liberado. Não existe leis ou punições nem para os piores crimes. Tudo volta ao normal no outro dia e permanece assim por mais 364 dias.

A história da noite do expurgo nasceu mais simples, em 2013, no filme que mostrava uma família abastada feita de refém em uma das tais noite. Com custo de apenas US$ 3 milhões, o filme fez quase US$ 90 milhões em bilheteria. As continuações seriam inevitáveis.

“Uma Noite do Crime: Anarquia” (2014) e “12 Horas Para Sobreviver: O Ano da Eleição” (2016) expandiram a mitologia levando o espectador para o que acontecia nas ruas naquelas doze horas de selvageria.

Além da premissa, de alguns personagens e do universo em que estão situados, sabe o que liga os três filmes? Nenhum deles é realmente bom.

“A Primeira Noite do Crime”, que estreia nesta quinta-feira, funciona, como o nome diz, como a origem da noite do expurgo. Seguindo a tradição, ele também não é um bom filme.

Apesar disso, por incrível que pareça, é interessante ver como tudo começou. A franquia, que desde seu início sempre trouxe críticas sociais e sobre o comportamento humano, agora deixa qualquer resto de sutileza de lado para criticar o governo Trump e suas políticas – há, inclusive, referências nada sutis a eventos recentes como o a marcha de supremacistas brancos em Charlottesville e o massacre na igreja em Charleston (além de uma cena que parece ter sido incluída somente para usar um termo chulo pelo qual Trump ficou conhecido).

Filme A Primeira Noite de Crime. (Annette Brown/Divulgação)

A trama tem início após uma breve montagem sobre a ascensão dos Novos Pais Fundadores, um partido de discurso simplista que representou a terceira via após décadas da dualidade entre Democratas e Republicanos. Com apoio da psicóloga vivida por Marisa Tomei, os Novos Pais estão em fase de testes para a implantação da noite do expurgo: um canal para aliviar a tensão da população. O que para a psicóloga era um estudo, para os políticos era um veículo de limpeza étnica – não à toa a comunidade selecionada para os testes é reduto de negros e latinos.

O roteiro acompanha três personagens: a ativista social Nya (Lex Scott Davis), seu irmão Isaiah (Joivan Wade) e o traficante Dmitri (Y’lan Noel), cada um com ações e motivações distintas.

CRUELDADE

“A Primeira Noite de Crime” tem aspectos interessantes sobre o já citado comportamento humano (as festas, as máscaras...), mas foca nas possibilidades e na crueldade governamental de armar a população pobre e deixar que eles se matem. O governo, assim, não precisaria mais gastar dinheiro com pessoas que “não importam”.

O filme, porém, logo abandona qualquer estudo para se tornar um longa de ação com cenas que podem não estar no nível “John Wick” de qualidade, mas também passam longe do nível “Punho de Ferro”.

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Ao fim, tal qual os outros filmes e a série de TV da franquia , “A Primeira Noite de Crime” atrai pela premissa e pelo que poderia vir ser, mas entrega apenas um longa raso, com texto didático.

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