O boxe talvez seja o esporte mais fácil de ser levado para os cinemas. Não por acaso a sétima arte já agraciou seu público com clássicos como Rocky: Um Lutador (1976), Touro Indomável (1980), Menina de Ouro (2004) e, mais recentemente, os bons Creed (2015) e Nocaute (2015). A dinâmica é simples: aquelas pessoas nunca lutam apenas pelo esporte ou pela glória, elas trocam socos por suas famílias, por vingança ou para provar algo a alguém e todo nós, público, já lutamos por isso em nossas vidas, mesmo que não em cima de um ringue.
É nesse contexto que 10 Segundos Para Vencer, cinebiografia do ícone Éder Jofre, o maior boxeador brasileiro da História, considerado um dos 10 maiores da história do esporte, funciona tão bem. Desde o início do filme de José Alvarenga Jr. (Os Normais) já entendemos que não se trata de boxe, mas de família.
O filme, num primeiro momento, acompanha Éder na infância, mas o foco é em Silvano Zumbano (Ricardo Gelli), tio de Éder, um lutador talentoso, mas boêmio, treinado por Kid Jofre (Osmar Prado), pai do protagonista. É o desejo de deixar o pai feliz, de retomar o sonho dele de lutar nos EUA, que leva o pequeno Éder ao ringue.
Quando voltamos a encontrar Éder Jofre, lá pelos 18 anos, ele já é vivido por Daniel de Oliveira, cuja cara de menino ajuda, mas não é o suficiente para fazer um ator de 41 anos rejuvenescer mais de duas décadas o que Daniel compensa com muita vontade e talento.
Foram as circunstâncias que fizeram o jovem Éder desistir dos desenhos para se dedicar ao boxe. Como os protagonistas dos filmes citados no parágrafo inicial, ele não luta apenas pelo esporte, mas por algo maior.
ARQUIVO
A ascendente trajetória do lutador é mostrada de maneira interessante em tela. Fazendo uso de muito material de arquivo, o filme se preocupa em recriar os momentos mais marcantes, como as lutas pelos títulos mundiais; no resto do tempo o que se vê em tela é o relacionamento de Éder com a família.
10 Segundos Para Vencer recria bem a tensão de uma luta de boxe não pelas lutas em si, até porque as sequências não passam de razoáveis, mas por fazer o público entender o que uma vitória ou uma derrota significaria naquele momento da vida do protagonista e todos que o cercam.
É possível perceber que se trata de uma superprodução para os padrões nacionais fotografia, direção de arte e atuações são impecáveis. Além disso, ao contrário do que acontece nas maiorias das cinebiografias, os personagens não são endeusados pelo texto.
O grande porém do filme de José Alvarenga Jr. é algo comum a esportistas: não saber a hora de parar. Toda a tensão é construída para um clímax que chega rápido. O ritmo do filme se transforma e, apesar dele seguir competente, sua capacidade de prender o interesse do público só é retomada nos minutos finais. Um problema que afeta experiência cinematográfica, mas que não compromete o filme como um todo.
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