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Eterna Odete Roitman, morre Beatriz Segall aos 92 anos

Eterna Odete Roitman, morre Beatriz Segall aos 92 anos

Atriz recebeu alta hospitalar recentemente, mas voltou a ficar internada supostamente por problemas respiratórios

Publicado em 5 de setembro de 2018 às 16:56

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Morre Beatriz Segall aos 92 anos, em São Paulo. (Reprodução/Instagram @siterobertajungmann)

A atriz Beatriz Segall morreu nesta quarta-feira (5), aos 92 anos, em São Paulo, segundo informa o Hospital Albert Einstein. Eternizada pelo papel de Odete Roitman, da novela "Vale Tudo", ela estaria enfrentando problemas respiratórios causados por uma pneumonia desde o início deste ano. 

O velório será realizado na própria instituição a partir das 19 horas, até por volta do meio-dia de quinta-feira. Em seguida, no mesmo dia, o corpo da atriz deve ser cremado em Cotia, na Grande São Paulo.

No Albert Einstein, Beatriz esteve internada ainda neste mês, mas havia recebido alta no dia 21 de agosto. A pedido da família, na ocasião, o motivo da internação não foi divulgado. No entanto, a atriz sofreu uma queda em casa no início deste ano e enfrentou uma pneumonia na mesma época - motivos que podem ter estremecido a saúde de Beatriz. 

HISTÓRICO

Em 2013, a atriz tropeçou em pedras soltas no Rio de Janeiro e, à época, ficou ao menos 20 dias em sua própria casa para se recuperar de hematomas no rosto. Na ocasião, o então prefeito Eduardo Paes pediu desculpas publicamente a Beatriz.

Já em 2015, Beatriz se machucou quando caiu no palco em uma apresentação de "Nine - Um Musical Feliniano", em São Paulo. Nesse episódio, precisou passar por uma cirurgia e acabou sendo substituída no espetáculo. 

A última participação da atriz na televisão foi na série "Os Experientes", há quase três anos. 

Beatriz dedicou mais de 70 anos de sua vida à TV. Em 1988, viveu o papel que a eternizou no Brasil: o de Odete Roitman. Ela deu vida à vilã da novela "Vale Tudo" e fez o País se perguntar "quem matou Odete Roitman?". 

Odete Roitman, em "Vale Tudo": personagem foi interpretada por Beatriz Segall. (Reprodução/TV Globo)

CARREIRA

Nem que quisesse Beatriz Toledo Segall poderia interpretar personagens sem classes. Nascida, em 1926, numa família de classe média, o pai dirigia uma prestigiada escola no Rio e ela teve educação esmerada, segundo os padrões dos anos 1940 - piano, francês e bordado. Amava o teatro, mas quando anunciou à família que queria ser atriz, o pai quase teve uma síncope. Meninas de boa família não subiam ao palco, naquele tempo em que atrizes tiravam carteirinhas de prostitutas para exercer a profissão. Mas, nos 50, quando recebeu uma bolsa para estudar francês e literatura em Paris, não renunciou a nada.

No Brasil mesmo, já havia iniciado um curso de teatro com a grande Henriette Morineau. A temporada na França foi gloriosa - prosseguiu esses estudos, enamorou-se do filho - Maurício - do pintor Lazar Segall. Casaram-se em 1954 e tiveram três filhos - Sérgio, Mário e Paulo. O primeiro tornou-se um importante cineasta, assinando como Sérgio Toledo. Foi premiado em Berlim, em 1987, com Vera. Durante dez anos Beatriz permaneceu devotada à família, aos filhos. Em 1964, o ano do golpe militar, retomou a carreira, substituindo Madame Morineau na montagem de Andorra no Oficina, de José Celso Martinez Correia. Não parou mais. O marido pertencia à ALN, tendo sido preso e torturado. Beatriz teve de ser o arrimo da família nesse período difícil.

Brilhou em todas as mídias - no cinema estreou em 1950, com A Beleza do Diabo, de Romain Lesage. Não filmou muito, mas participou de filmes importantes - Cléo e Daniel, À Flor da Pele, Pixote, a Lei do Mais Fraco, Romance, Desmundo. Na TV, embora tenha participado de novelas de grande sucesso - Dancin Days, Água Viva, Pai Herói, Sol de Verão, Barriga de Aluguel, etc. - o grande papel foi como Odete Roitman, que virou emblema de autoritarismo e corrupção em Vale Tudo, novela de Gilberto Braga (com Aguinaldo Silva e Leonor Bassères) na Globo, em 1988, há 30 anos. Consagrada como vilã, sua personagem inspirou o mistério que, nem depois de solucionado - Quem matou Odete Roitman? -, deixou de inspirar humoristas e autores.

No teatro, entre muitíssimas personagens, em montagens que fizeram história - Os Inimigos, Marta Saré, O Inimigo do Povo, A Longa Noite de Cristal, O Interrogatório etc -, foi uma extraordinária intérprete de Edward Albee em Três Mulheres Altas, contracenando com Natália Thimberg e Marisa Orth na versão de 1995. Em 2009. recebeu do então governador José Serra a comenda da Ordem do Ipiranga.

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(Com informações da Agência Estado)

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