Criado por Tom Clancy em 1984 no livro Caçada ao Outubro Vermelho, Jack Ryan se tornou o principal protagonista do escritor americano que emplacou vários best-sellers e virou até uma grife para jogos como Splinter Cell, The Division e Ghost Recon antes de sua morte, em 2013 desde então, alguns escritores, antigos parceiros de Clancy, continuam escrevendo e publicando livros com o personagem.
No cinema, ele já foi vivido por atores de peso: Alec Baldwin (Caçada ao Outubro Vermelho), Harrison Ford (Jogos Patriótico e Perigo Real e Imediato), Ben Affleck (A Soma de Todos os Medos) e Chris Pine (Operação Sombra: Jack Ryan). Agora é a vez de John Krasinski (Um Lugar Silencioso) encarnar o analista da CIA na série devidamente intitulada Jack Ryan, disponível no serviço de streaming da Amazon, o Prime Video.
A trama tem início quando o analista se depara com uma série de transações bancárias suspeitas no Iêmen. Sem o apoio de seus superiores, ele decide agir para evitar um novo 11 de setembro. Vale ressaltar que o agir, no caso, não significa pegar em armas e sair à caça de terroristas, ao menos não em um primeiro momento. O Jack Ryan de Krasinski remonta à origem do personagem, um burocrata que acaba se envolvendo em algo maior do que ele poderia imaginar.
TRAMA
A primeira temporada da série tem oito episódios (a segunda já está confirmada) e a trama demora um pouco a engrenar muito em função da direção preguiçosa de Morten Tyldum (O Jogo da Imitação) no piloto o veterano em séries Daniel Sackheim e a mexicana Patricia Riggen assumem a partir daí.
O roteiro, em um primeiro momento, é um festival de clichês reciclados de qualquer texto de espionagem internacional filmado nos últimos anos. Felizmente, lá pelo terceiro episódio, quando tanto o protagonista quanto os vilões vão sendo humanizados (dentro do possível), as coisas começam a ficar mais interessantes.
Essa humanização é justamente uma das características mais legais de Jack Ryan, a série. Krasinski vem de um papel de sucesso no cinema e se tornou um rosto conhecido para o espectador. Seu personagem não vai resolver gigantescos enigmas ou derrotar, sozinho, uma grande organização terrorista ele até demonstra certa inaptidão social no jogo de conquista de Cathy (Abbie Cornish) e uma resistência a se tornar um herói, mesmo que tenha um passado de soldado.
O que pesa contra Jack Ryan, ao menos para os não-americanos, é a visão americanizada de tudo. Apesar da já citada humanização de alguns vilões, boa parte dos outros personagens árabes é estereotipada; a série inclusive se utiliza da tática nada contra, tenho até alguns amigos... ao colocar um mocinho muçulmano, mas o acerto não é total.
Com um alto investimento cada episódio custou US$ 8 milhões , Jack Ryan merecia ter um roteiro do nível de suas cenas de ação. Apesar de interessante e de justificar a maratona, não traz nada que Homeland, por exemplo, já não tenha feito melhor.
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