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Cercado de expectativas, 'Venom' é um desastre

Cercado de expectativas, "Venom" é um desastre

Filme de um dos vilões mais estilosos dos quadrinhos parece ter sido feito há 15 anos

Publicado em 3 de outubro de 2018 às 21:44

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Tom Hardy vive Eddie Brock, o jornalista possuído pelo alienígena simbionte. (Sony Pictures/divulgação)

Em algum momento lá nos anos 1980, este que vos escreve se encantou por um gibi no qual o Homem-Aranha aparecia na capa com um uniforme preto com uma aranha branca no peito. A paixão pelo universo Marvel veio alguns anos depois, mas aquela história, o final das “Guerras Secretas”, ficou marcada. Após batalhas espaciais ao lado dos Vingadores, o Cabeça de Teia estava com o uniforme destruído e acidentalmente escolheu a máquina de reparos errada. O resultado foi um alienígena simbionte que se uniu ao herói em forma de um uniforme que o deixava mais forte, oferecia um suprimento infinito de teias e que respondia a seus pensamentos.

Quando Peter Parker percebeu que seu novo uniforme era na verdade um ser parasita, tratou de se livrar dele. Rejeitado, o alienígena encontrou em Eddie Brock, um repórter desempregado que odiava o Homem-Aranha, o hospedeiro ideal. Juntos eles se transformaram em Venom, um dos maiores vilões do clássico herói, um ser alimentado pelo ódio.

NAS TELAS

“Venom”, que estreia hoje nos cinemas, é a segunda aventura do vilão na telona. A primeira delas foi em “Homem-Aranha 3” (2007), de Sam Raimi, filme em que sua inclusão foi imposta pelo produtor Avi Arad, sedento por um spin-off protagonizado pelo personagem. O problema é que o longa foi mal recebido pela crítica pelo “emo-aranha” e pelo excesso de vilões – se tornou alvo de críticas do próprio diretor, que perdeu ali sua liberdade criativa que havia tornado os dois primeiros “Homem-Aranha” dirigidos por ele tão marcantes.

O fracasso de Venom nas telonas acabou adiando o filme solo do personagem. Mas é claro que tudo mudou com a ascensão da Marvel Studios, iniciada um ano depois, e, mais recentemente, com o acordo que levou o Homem-Aranha – cujos direitos cinematográficos ainda pertencem à Sony – aos filmes da Marvel. A sede dos produtores por milhões de dólares, afinal, é semelhante à do Venom por sangue.

O curioso é que enquanto a Sony tratava do filme como parte do universo Marvel, a casa dos Vingadores não pensava da mesma forma e deixou claro: trata-se de um produto diferente. A solução para a Sony foi tentar criar seu próprio universo Marvel com os vilões do Aranha, mas...

... a verdade é que "Venom" não é apenas ruim, o filme é um desastre. Dizer que o filme de Ruben Fleischer ("Zumbilândia") seria bom nos anos 2000 é uma ofensa à referida década. Fato é que o roteiro escrito a seis mãos não parece ter aprendido nada com o sucesso da Marvel. 

Sem poder contar com o Homem-Aranha (pelo acordo Marvel e Sony), Venom, o personagem, parece deslocado e sem motivo para existir. O filme, que poderia aproveitar algo dos quadrinhos e até repetir um pouco da fórmula de sucesso de "Deadpool", é cômico nos momentos errados, quase de maneira involuntária, ou seja, é tão ruim que chega a ser engraçado.

Tom Hardy se esforça bastante e até consegue imprimir um pouco de dignidade ao filme. Sua interação com o simbionte, quando não se resume a "tenho fome", funciona melhor do que quando o ator tem que contracenar com a ótima Michelle Williams, que vive a ex-namorada de Eddie Brock, Annie. A personagem até tem bastante espaço (provavelmente em função do peso do nome da atriz), mas a química entre Williams e Hardy é inexistente.

A recepção de “Venom” tem sido péssima entre a crítica, despertando até comparações com “Mulher-Gato” (2004), talvez o pior filme de herói já feito, e o último “Quarteto Fantástico” (2015), um fracasso tão grande que fez a Fox desistir dos heróis e devolvê-los à Marvel. Apesar disso, a comparação mais honesta talvez seja com "Elektra" (2005), um filme que depende de outro personagem e não se sustenta sozinho.

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Claro que se o filme for um sucesso de bilheteria apesar das críticas, o universo dos vilões se mantém, mas, por enquanto, ele parece mais destinado a ser o que “A Múmia” (2017) foi para o universo de monstros da Universal: um filme e nada mais.

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