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Crítica: 'O Primeiro Homem' transforma o grandioso em intimista

Crítica: "O Primeiro Homem" transforma o grandioso em intimista

Dirigido por Damien Chazelle e estrelado por Ryan Gosling, um dos melhores filmes de 2018 agora chega à Netflix

Publicado em 17 de outubro de 2018 às 23:44

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Filme
Filme "O Primeiro Homem". (Netflix/Divulgação)

Damien Chazelle terá 35 anos recém-completados quando ouvir seu nome entre os indicados a Melhor Filme e Melhor Diretor na cerimônia do Oscar 2019, que será realizada em 24 de fevereiro do ano que vem. Vencedor do prêmio de direção ano passado por “La La Land” e indicado em 2015 por “Whiplash”, o cineasta agora se verá na disputa com o excelente “O Primeiro Homem”, que estreia hoje nos cinemas do Estado.

É claro que falar em Oscar, por enquanto, é pura especulação, mas é difícil imaginar um cenário em que Chazelle não esteja entre os indicados. “O Primeiro Homem”, além da grife do diretor, traz a história de Neil Armstrong, o primeiro homem a pisar na Lua, de maneira bem diferente da que estamos acostumados a ver.

Baseado no livro de James R. Hansen e com Ryan Gosling como protagonista, o filme mostra como os americanos venceram os russos na corrida espacial, mas faz um estudo de personagem para transformar um evento grandioso em algo intimista; a chegada à Lua, o tal “pequeno passo para um homem, um salto gigantesco para a humanidade”, é apenas o ápice, o que importa é como Neil e Buzz Aldrin (Corey Stoll) chegaram até ali.

O roteiro de Josh Singer, vencedor do Oscar por “Spotlight” (2015), mostra todo o desenvolvimento do programa espacial americano – do projeto Gemini, em 1961, às diversas tentativas do Apollo. O recorte histórico marcado por tentativas frustradas ajuda na construção do personagem Neil Armstrong.

“O Primeiro Homem” acaba sendo mais um filme sobre os fracassos dos projetos da Nasa do que sobre seus acertos. Acompanhamos o fracasso da Apollo 1 de dentro da nave, por exemplo, em uma sequência que impressiona.

Como o final da trama já é conhecido, as histórias desses fracassos fazem com que o público se apegue a alguns personagens – o destino de Neil é conhecido e ele não é (e nem nunca foi) um sujeito dos mais carismáticos, mas quantos ficaram pelo caminho para que ele entrasse para a História?

Filme
Filme "O Primeiro Homem". (Netflix/Divulgação)

O filme de Chazelle trata de luto e de um sujeito disposto ao sacrifício para um sonho maior – não muito diferente do que faz o personagem do mesmo Gosling em “La La Land”.

Justamente por isso apelo emocional de “O Primeiro Homem” recai sobre Janet (Claire Foy), esposa de Neil, uma mulher que passou boa parte da vida com o sentimento de que seu marido poderia morrer a qualquer momento.

Em seu estudo de personagem, Damien Chazelle não desconstrói ou humaniza um herói americano, mas o traz para mais perto do espectador apesar de escapar dos clichês convencionais de cinebiografias.

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O que fica em “O Primeiro Homem” é uma história de dor e de sacrifício, tudo pontuado por um elenco afiadíssimo, uma excelente fotografia e por silêncios inseridos nos momentos certos. A corrida espacial nunca foi tão pessoal.

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