Damien Chazelle terá 35 anos recém-completados quando ouvir seu nome entre os indicados a Melhor Filme e Melhor Diretor na cerimônia do Oscar 2019, que será realizada em 24 de fevereiro do ano que vem. Vencedor do prêmio de direção ano passado por La La Land e indicado em 2015 por Whiplash, o cineasta agora se verá na disputa com o excelente O Primeiro Homem, que estreia hoje nos cinemas do Estado.
É claro que falar em Oscar, por enquanto, é pura especulação, mas é difícil imaginar um cenário em que Chazelle não esteja entre os indicados. O Primeiro Homem, além da grife do diretor, traz a história de Neil Armstrong, o primeiro homem a pisar na Lua, de maneira bem diferente da que estamos acostumados a ver.
Baseado no livro de James R. Hansen e com Ryan Gosling como protagonista, o filme mostra como os americanos venceram os russos na corrida espacial, mas faz um estudo de personagem para transformar um evento grandioso em algo intimista; a chegada à Lua, o tal pequeno passo para um homem, um salto gigantesco para a humanidade, é apenas o ápice, o que importa é como Neil e Buzz Aldrin (Corey Stoll) chegaram até ali.
O roteiro de Josh Singer, vencedor do Oscar por Spotlight (2015), mostra todo o desenvolvimento do programa espacial americano do projeto Gemini, em 1961, às diversas tentativas do Apollo. O recorte histórico marcado por tentativas frustradas ajuda na construção do personagem Neil Armstrong.
O Primeiro Homem acaba sendo mais um filme sobre os fracassos dos projetos da Nasa do que sobre seus acertos. Acompanhamos o fracasso da Apollo 1 de dentro da nave, por exemplo, em uma sequência que impressiona.
Como o final da trama já é conhecido, as histórias desses fracassos fazem com que o público se apegue a alguns personagens o destino de Neil é conhecido e ele não é (e nem nunca foi) um sujeito dos mais carismáticos, mas quantos ficaram pelo caminho para que ele entrasse para a História?
O filme de Chazelle trata de luto e de um sujeito disposto ao sacrifício para um sonho maior não muito diferente do que faz o personagem do mesmo Gosling em La La Land.
Justamente por isso apelo emocional de O Primeiro Homem recai sobre Janet (Claire Foy), esposa de Neil, uma mulher que passou boa parte da vida com o sentimento de que seu marido poderia morrer a qualquer momento.
Em seu estudo de personagem, Damien Chazelle não desconstrói ou humaniza um herói americano, mas o traz para mais perto do espectador apesar de escapar dos clichês convencionais de cinebiografias.
O que fica em O Primeiro Homem é uma história de dor e de sacrifício, tudo pontuado por um elenco afiadíssimo, uma excelente fotografia e por silêncios inseridos nos momentos certos. A corrida espacial nunca foi tão pessoal.
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