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Exposição resgata as raízes de comunidade quilombola de Cachoeiro

Exposição resgata as raízes de comunidade quilombola de Cachoeiro

A exposição "Monte Alegre" tem entrada gratuita e fica no Shopping Praia da Costa até o dia 14 de outubro

Publicado em 5 de outubro de 2018 às 21:55

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Quase uma semana de vivência diária em uma comunidade quilombola de Monte Alegre, em Cachoeiro de Itapemirim, resultou em uma exposição cheia de sensibilidade e muitas histórias. O capixaba Gabriel de Rezende, 25 anos, foi quem assinou as fotos que estampam até o próximo dia 14 uma sala do segundo andar do Shopping Praia da Costa, em Vila Velha. "Eu quis mostrar que essa sociedade existe, que eles são muito fortes, resistentes, e vivem a coletividade em sua forma mais pura", conta o fotógrafo.

O projeto começou como um trabalho de faculdade de Gabriel. "Eu precisava fazer algo de fotografia documental e achei que esse tema era muito importante para ser debatido nos dias de hoje", lembra. Foi então que o universitário partiu para uma experiência quase antropológica no local. Ele entrou na casa dos quilombolas, dividiu as refeições com eles, e testemunhou como a comunidade funciona.

Segundo Gabriel, essa foto representa bem a comunidade: "Me passa a ideia de família e felicidade em viver". (Gabriel de Rezende)

"Não bastava ir um dia, tirar umas fotos e ir embora. Eu parto do princípio de que, se você quer dar visibilidade a alguém, você precisa conhecer as pessoas e retratar a verdade delas de forma fiel", explica Gabriel. Para ele, nada funciona se o artista não estiver aberto a viver o novo: "Você está dentro da casa deles, né? Eu chegava com calma, ia me apresentando, explicando minha proposta. Fui muito bem recebido".

De acordo com a Fundação Cultural Palmares, atualmente existem mais de 3.000 comunidades certificadas no Brasil. Segundo o site, quilombolas são "descendentes de africanos escravizados que mantêm tradições culturais, de subsistência e religiosas ao longo dos séculos". Para Gabriel, as pessoas ainda têm muito preconceito a respeito desse povo: "Nós ouvimos declarações falsas sobre eles. De que são preguiçosos e estão ali às custas dos outros. Na verdade, eles funcionam muito melhor do que nós. Eles não competem entre si. Pelo contrário, estão em cooperação o tempo inteiro".

As fotos têm como foco os indivíduos da comunidade. "Eu quis retratar as pessoas do dia a dia, as que vivem e trabalham ali. Por isso fui sozinho, para aumentar essa relação de confiança com eles", ressalta Gabriel. E os personagens têm muitas histórias: "Esse senhor [da foto abaixo] é um dos mais antigos de lá. Ele tem grande conhecimento, e conversar com ele foi uma baita experiência".

A exposição, que seria encerrada no dia 8 de outubro, fica em cartaz até o dia 14. (Gabriel de Rezende)

Segundo Gabriel, o senso de coletividade da comunidade funciona muito bem: "Tem uma família que tem um restaurante, e outra cultiva uma horta. As duas fazem uma parceria e um usa os produtos do outro, sem competição. É muito bonito de ver".

No final de novembro, os quilombolas terão uma exposição particular. "Como eles trabalham de segunda a domingo fica difícil deles irem ao Shopping ver as obras. Pretendo voltar lá e levar até mais fotos para eles, entregando uma para cada", comenta Gabriel. "Além de dar visibilidade para eles, estou retornando à comunidade. É minha contrapartida."

"O que mais gosto nessa foto é o olhar misterioso desse menino, captado de forma espontânea. Assim como as outras, nenhuma foi posada", conta Gabriel. (Gabriel de Rezende )

SOBRE O FOTÓGRAFO

Atualmente, Gabriel está cursando o último período de Tecnologia em Fotografia na Universidade de Vila Velha. Seus trabalhos já foram expostos no Brasil e no exterior. Em 2015, ele estava em cartaz na Biblioteca Pública Estadual, em Vitória, à convite da Academia Feminina Espírito-santense de Letras. Em Vila Velha, em 2015 e 2016, participou da Culturada Viral, em Barra do Jucu. Já apresentou suas obras no Rio de Janeiro e até na Áustria, em 2017, com o ensaio Terra Brasilis: cores e ritmos (Brasilianische Erde: Farben und Rytmen).

SERVIÇO

Monte Alegre

Quando: até o dia 14 de outubro, das 8h às 22h.

Onde: Shopping Praia da Costa - Av. Dr. Olívio Lira, 353, Praia da Costa, Vila Velha

Informações: (27) 3320-6000

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