Se nada se cria, que menos se façam boas recriações. É o caso de O Mundo Sombrio de Sabrina, que chega sexta-feira (26) à Netflix. A quarta encarnação da bruxa Sabrina na cultura pop (já foi HQ, desenho animado e série de TV) é bem diferente da versão mais conhecida, a da série Sabrina, Aprendiz de Feiticeira, estrelada por Melissa Joan Hart e que teve sete temporadas entre 1996 e 2003, o que é um sinal dos novos tempos.
Na verdade, o que resta da Sabrina noventista é, claro, o nome da protagonista, o fato de ela ser uma bruxa, suas tias e seu gato preto, agora um demônio protetor. A nova bruxinha vem pronta para agradar a uma geração de adolescentes e jovens acostumadas a tramas mais desenvolvidas.
Meio bruxa e meio mortal, Sabrina (Kiernan Shipka, de Mad Men) tem que lidar com os dramas adolescentes ao mesmo tempo em que tem que equilibrar suas duas naturezas.
TEMPOS SOMBRIOS
Esqueça toda a fofura e o otimismo presente na série dos anos 1990, a Sabrina de 2018 é um retrato do momento em que vivemos. A série traz uma ambientação sombria, com muitos cultos macabros, sacrifícios humanos, idas e voltas do inferno e até o próprio demônio. As referências a clássicos como O Bebê de Rosemary (1968), de Roman Polanski, estão lá, mas O Mundo Sombrio de Sabrina é conectada com temas atuais há questões de sexualidade, gênero, machismo e patriarcado.
As comparações mais óbvia estão em obras como Riverdale, série que também deriva do acervo da Archie Comics, mas há muito de True Blood na trama comandada por Roberto Aguirre-Sacasa tirando o forte conteúdo sexual da série da HBO povoada por vampiros.
Filha de uma humana com um bruxo, Sabrina vive com suas tias, entre humanos, até que tenha idade suficiente para entrar na Academia das Artes Invisíveis. O problema é que para isso ela precisaria jurar obediência a Satã, mas não está muito disposta a abrir mão de sua humanidade para isso. Com a protagonista no meio de tudo, inicia-se uma batalha silenciosa pela alma da jovem a Igreja Profana e o próprio Diabo parecem fazer questão dela.
Com 10 episódios de cerca de uma hora, a primeira temporada se beneficiaria mais se eles fossem um pouco mais curtos, mas isso não compromete o ritmo. O Mundo Sombrio de Sabrina impressiona o bastante para prender o espectador. Além disso, faz uso de bons cliffhangers e reviravoltas para que o público tenha vontade de voltar à história ao final de cada episódio. As narrativas mais ricas envolvem Sabrina e a Academia das Artes Invisíveis, uma espécie de Hogwarts demoníaca, algo que poderia ser mais explorado.
Por trás dessa roupagem de terror e suspense, O Mundo Sombrio de Sabrina é sobre adolescência e seus dilemas no mundo moderno. Uma obra interessante e que traz um novo olhar sobre uma história clássica, mas ultrapassada.
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