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Crítica: 'Animais Fantásticos: Os Crimes de Grindelwald' é para fãs

Crítica: "Animais Fantásticos: Os Crimes de Grindelwald" é para fãs

Novo filme do universo mágico de J.K. Rowling se aprofunda no universo do bruxo Harry Potter e prepara o terreno para acontecimentos grandiosos

Publicado em 14 de novembro de 2018 às 23:40

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"Animais Fantásticos: Os Crimes de Grindelwald". (Warner/Divulgação)

O maior problema de “Animais Fantásticos: Os Crimes de Grindelwald” é ironicamente o que torna possível a sua existência: ser parte do universo Harry Potter criado pela escritora J.K. Rowling – universo que ela agora chama de Wizarding World (“O Mundo Mágico”, em tradução livre) justamente para fugir da figura central de seu protagonista inicial.

O problema, diga-se de passagem, não chega a ser um problemão para a maioria, pelo contrário: é ótimo estar de volta àquele universo em que boa parte dos adultos hoje entre 20 e tantos e 30 e poucos anos passou sua adolescência. Mas onde, então, reside o tal problema?

O problema é o cânone. É difícil mexer em algo tão consolidado e com tantos fãs quanto os livros/filmes protagonizados por Harry Potter. Pouco importa que a roteirista do filme seja a própria J.K. Rowling, a pessoa que criou tudo isso.

"Animais Fantásticos: Os Crimes de Grindelwald". (Warner/Divulgação)

“Animais Fantásticos: Os Crimes de Grindelwald” começa não muito após os acontecimentos de “Animais Fantásticos e Onde Habitam” (2016). O filme tem início com a empolgante fuga do vilão vivido por Johnny Depp pelos céus de Nova York. Depois de uma participação mínima no primeiro filme, Grindelwald é quase protagonista aqui, como o título do filme sugere. Acompanhamos sua jornada para conquistar seguidores e, principalmente, para que o poderoso Creedence (Ezra Miller) permaneça ao seu lado.

Do outro lado da fórmula está Newt Scamander (Eddie Redmayne), que ainda convive com as consequências de seus atos no primeiro filme e agora tem que lidar com o irmão Teseus (Callum Turner), um auror prestes a se casar com Leta Lestrange (Zoë Kravitz), ex-colega de Newt em Hogwarts. Os coadjuvantes do primeiro filme – Tina (Katherine Waterson), Queenie (Alison Sudol) e Jacob (Dan Fogler – estão de volta, mas com papéis de pouco destaque. Quem ganha importância na trama é Alvo Dumbledore (Jude Law), que com certeza terá ainda mais relevância nos próximos filmes.

O passado do poderoso professor e sua relação com Grindelwald são brevemente explorados em alguns diálogos e curtas lembranças. De forma geral, o texto de Rowling e a direção de David Yates (que já dirigiu seis filmes do universo mágico) preparam o terreno para algo maior, o que pode causar em alguns uma sensação de incompletude.

CARISMA

A ótima atuação de Depp, finalmente livre de Jack Sparrow, transforma Grindelwald em um personagem bem desenvolvido e carismático. O texto não faz dele um monstro e seu discurso de “liberdade”, mesmo que isso signifique o sacrifício dos mais fracos, faz dele um populista perigoso e de inegável (e atual) apelo.

"Animais Fantásticos: Os Crimes de Grindelwald". (Warner/Divulgação)

Newt, em contrapartida, continua, na maior parte do tempo, distante do público, que é induzido a gostar dele mais por conta de seus “animais fantásticos” do que por seu próprio carisma. O texto ainda dá uma humanizada no personagem ao explorar seu passado com Leta e seu presente com Tina, mas ele é elipsado pelos arcos do vilão e de Dumbledore, antagonistas que, no final das contas, terão papéis mais essenciais no mundo bruxo.

NARRATIVA

 

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Voltando ao início, “Animais Fantásticos: Os Crimes de Grindelwald” não se sustenta sozinho. Todavia, isso pouco significa em um mundo cada vez mais acostumado às narrativas em série. O filme, como parte de algo maior, cumpre bem a função de ligar os mundos mágicos e real, além de deixar claro que algo grandioso está por vir. É um filme feito para os fãs, mas que tem a dura missão de fazer esses mesmos fãs aceitarem novidades. Não é fácil, mas a jornada promete ser recompensadora.

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