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Especialistas criticam cura de gagueira após violência em novela da Globo

Especialistas criticam cura de gagueira após violência em novela da Globo

Personagem de Carol Duarte em 'O Sétimo Guardião' volta a falar normalmente depois de ser estrangulada

Publicado em 27 de novembro de 2018 às 20:20

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27/11/2018 - Carol Duarte interpreta Stefânia na novela 'O Sétimo Guardião'. (João Cotta/Globo)

O Conselho Federal de Fonoaudiologia e o Conselho Regional da classe de São Paulo (Crefono) emitiram nota de repúdio na segunda-feira, 26, contra uma cena da novela O Sétimo Guardião, da Globo, exibida no sábado, 24.

Nos trechos, a personagem Stefânia (Carol Duarte), que possui gagueira, é vítima de violência por parte de Sampaio (Marcelo Novais), que a estrangula para forçá-la a falar sobre o interesse dela em uma marca que ele teria no corpo.

Após o episódio, ela sai do quarto tossindo e, ao conversar com Adamastor (Theodoro Cochrane), ele percebe que a garota já não está mais gaga.

Depois, Stefânia vai conversar com Ondina (Ana Beatriz Nogueira) sobre o caso e a cafetina diz: "Ficou tão apavorada, que ficou boa da gagueira. Reza para essa gagueira não voltar".

Em nota, o Crefono disse que a novela tratou a gagueira de forma "perversa". "A cena retratada é de uma irresponsabilidade que não pode ser justificada sob o argumento de ser uma 'obra de ficção'. O resultado do estrangulamento apresentado pela novela não só atribui um sentido positivo ao crime de agressão, como também reforça fundamentos não científicos e expõe as pessoas com gagueira a graves situações de violência que, eventualmente, já podem ser vivenciadas no seu cotidiano", afirma o texto publicado no Facebook e no site da instituição.

Em seu site oficial, o Conselho Federal de Fonoaudiologia, em nome da presidente Thelma Costa, diz que "apesar de sabermos que a obra é ficcional, a cena veiculada é bastante equivocada e desrespeita, de maneira irresponsável, os sujeitos que apresentam gagueira", que no Brasil representam 5% da população.

"Usualmente, pessoas que gaguejam apresentam dificuldade em suas relações sociais, comprometendo seu desempenho escolar e/ou profissional. A gagueira tem tratamento e se feito de forma competente apresenta resultados extremamente promissores, minimizando danos emocionais e sociais. Nesse sentido, afirmamos: não se cura gagueira com susto ou violência e muito menos com agressão", acrescenta a nota.

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O E+ enviou para a Globo um pedido de posicionamento sobre o caso, mas, até a publicação desta nota, ainda não tinha obtido retorno.

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