Algumas obras são tão memoráveis que merecem descansar em paz. Todo cuidado, afinal, é pouco para não estragar um legado, mas é claro que Hollywood não se importa muito com isso os estúdios não resistem à oportunidade de fazer dinheiro, custe o que custar. É por isso que O Retorno de Mary Poppins, que estreia hoje no Estado surpreende tanto.
Primeiro porque foram capazes de deixar o clássico com Julie Andrews descansar calmamente por mais de meio século (o filme original é de 1964), e segundo porque o novo filme, que traz Emily Blunt como a babá cheia de poderes, é realmente bom, não apenas um caça-níquel desalmado.
MAGIA
Enquanto 54 anos se passaram para nós desde o primeiro filme, o segundo se situa 25 anos após a trama original. As crianças Banks Jane (Emily Mortimer) e Michael (Ben Whishaw) estão crescidas e têm que lidar com as durezas da vida adulta. Jane não tem tempo para a vida pessoal e Michael vive em luto após a morte da esposa ao mesmo tempo que tem que cuidar de seus três filhos, Annabel (Pixie Davies), John (Nathanael Saleh) e Georgie (Joel Dawson), em meio à Grande Depressão. A magia ensinada a eles por Mary há muito ficou no passado, e é por isso que a babá chega novamente à residência Banks como se o tempo não tivesse passado.
A nova união de Mary e os Banks encanta o espectador. Os irmãos precisam reaprender o que há de mais importante na vida: o tempo que se passa junto às pessoas queridas, mensagem que Michael, sem tempo para essas besteiras nunca passou a seus filhos, que, por isso, inicialmente resistem à presença de Mary Poppins.
HOMENAGEM
Apesar de ser uma continuação, O Retorno de Mary Poppins funciona mais como uma homenagem e uma maneira de trazer o encanto da história original às novas gerações. As novas canções e os números musicais são tão empolgantes quanto os originais e Emily Blunt brilha no papel principal sem tentar imitar Julie Andrews. Lin Manuel Miranda, por sua vez, praticamente recria a atuação de Dick Van Dyke (que aparece no filme), ainda que como outro personagem.
O roteiro não é inovador e nem adaptado aos novos tempos. O Retorno de Mary Poppins, assim como o filme original, é feito para encantar e divertir; é um filme caloroso e cheio de nostalgia. A obra perfeita para tempos em que todos se levam a sério e proferem discursos de ódio.
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rapido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta