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Documentário revive história do lendário Hugo Carvana

Documentário revive história do lendário Hugo Carvana

O próprio artista narra sua trajetória em entrevista a Lulu Corrêa, diretora do filme e diretora-assistente de Hugo por muitos anos

Publicado em 5 de dezembro de 2018 às 00:09

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O ator e diretor durante as filmagens da comédia "Bar Esperança, o Último que Fecha", lançado em 1983. ( Embrafilme/Divulgação)

Muita gente pode lembrar de Hugo Carvana apenas como ator da Globo. Conhecido pelo seus personagens no seriado “Plantão de Polícia” e novelas como “Fera Ferida” e “Celebridade”, o artista sempre esteve presente na televisão, mas foi no cinema que fez ainda mais história. Sua paixão pela sétima arte está retratada no documentário “Carvana: Como Se Faz um Malandro”, dirigido por sua amiga e diretora-assistente Lulu Corrêa, em cartaz no Cine Metrópolis, em Vitória.

Na telona, o próprio Hugo narra toda sua vida e obra em entrevista concedida à diretora alguns meses antes de falecer, em outubro de 2014. A ideia de produzir um documentário sobre a carreira do artista surgiu do próprio Hugo, em 2013, e a escolhida para costurar os relatos foi Lulu. Ele tinha acabado de fazer o filme “Casa da Mãe Joana” quando fez o convite.

“Tivemos uma série de conversas sobre o filme e fizemos o roteiro. Ele já tinha dado entrevista para os filmes do Antonio Pitanga e do Chico Buarque, e ficou agoniado para fazer logo a entrevista. Tirei uma folga e fizemos um dia inteiro de entrevista na casa dele. Achei que seria uma das três entrevistas que programamos, em lugares diferentes, mas ele veio a falecer três meses depois”, relembra Lulu.

HISTÓRICO

Foram mais de 60 filmes no currículo. Além de ator, dublador, roteirista, produtor, Hugo Carvana dirigiu nove longa-metragens durante os seus 60 anos de carreira. A paixão pelo cinema nasceu ainda na juventude na Praça Saens Peña, na Tijuca. Sem dinheiro, o jovem Hugo frequentava os cinco cinemas da região de uma maneira curiosa, ele aproveitava a saída do público, no final da sessão, para entrar de costas na sala de cinema.

Sua estreia foi em 1955, no filme “Trabalhou Bem, Genival”, de Luiz de Barros. Seu primeiro papel de destaque veio em “Esse Rio que Eu Amo”, de Carlos Hugo Christensen, em 1960. Hugo trabalhou com importantes diretores de cinema, participou do Teatro Arena e do movimento do Cinema Novo. Tudo isso está no documentário.

“Hugo faz parte de uma história muito recente do país. Ele é de uma geração que viveu momento de transformações importantes no mundo e no Brasil. O documentário traz um velho artista falando sobre memórias, sobre o país e o cinema brasileiro”, tenta resumir Lulu.

PARCERIA

Lulu Corrêa e Hugo se conheceram durante as gravações do filme “O Homem Nu”, de 1995, dirigido por Hugo. “Um dos produtores executivos do filme me convidou para trabalhar. Foi uma experiência ótima e nunca mais me separei do Hugo. Eu já conhecia o trabalho dele e, quando eu fazia faculdade de cinema na Universidade Federal Fluminense, eu quase fui estagiária de um filme dele, mas alguém passou na minha frente”, lembra.

Em seu primeiro longa-metragem, Lulu teve que trocar de lugar com o seu grande mestre. Ela até tentou pedir um palpite sobre enquadramento, mas Hugo não quis se intrometer e deixou totalmente na mão de seu braço direito. “Ele era uma pessoa que ouvia muito o que o outro tinha a dizer, mas foi estranho mudar de lado”, admite Lulu.

Um dos grandes aprendizados que Lulu carrega dessa parceria de longa data é a felicidade e a paixão pelo trabalho. “O filme mostra essa felicidade extrema que ele tinha no set de filmagem. Mesmo em meio aos contratempos, aquela confusão de gente, o estresse, ele lidava numa boa. Ele adorava aquilo ali”.

O filme mostra diversas passagens ao longo dos anos na vida de Hugo da malandragem carioca que inspirava os filmes como as comédias “Vai Trabalhar, Vagabundo” e “Bar Esperança, o Último que Fecha” as lado político, como artista exilado e defensor da democracia.

Além da entrevista inédita, o documentário traz imagens raras dos arquivos do cinema brasileiro, de Lulu de Barros, Glauber Rocha, Ruy Guerra e Julio Bressane e no arquivo pessoal da família.

“Acho que ele deixa o legado de uma carreira brilhante. Carvana era apaixonado pelo Brasil, pelo Rio, pela vida e pelos filmes que fazia. Era um office boy que disse para mãe que queria largar tudo para ser ator. Ele falava sempre com muita emoção do seu trabalho”, resume Lulu.

CONFIRA

Carvana: Como se Faz um Malandro

Quando: 6 de dezembro às 17h; 9 de dezembro às 18h; 10 de dezembro às 18h10; e 12 de dezembro às 16h.

Onde: Cine Metrópolis. Av. Fernando Ferrari, 514, Campus de Goiabeiras da UFES, Vitória.

Quanto: R$ 10 (inteira) e R$5 (meia).

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Informações: (27) 4009-2376.

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