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Escritor lança livro sobre história drag do Espírito Santo

Escritor lança livro sobre história drag do Espírito Santo

Lançamento da obra acontece neste sábado (15), em Vitória; material partiu de pesquisa de mestrado e o livro será distribuído de graça

Publicado em 14 de dezembro de 2018 às 15:43

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Foto usada no livro "Desaquendando a História Drag no Mundo, no Brasil e no Espírito Santo", de Lucas Bragança. (Arquivo/Lucas Bragança)

Lucas Bragança, de 30 anos, é mestrando em Comunicação e Territorialidades da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) e em sua tese buscou explorar um pouco da cultura drag e transformista capixaba. Depois do levantamento, se inspirou ainda mais com os depoimentos colhidos e decidiu transformar essa riqueza da diversidade em livro. A obra será lançada neste sábado (15), no Mucane, no Centro de Vitória. "Desaquendando a História Drag no Mundo, no Brasil e no Espírito Santo", como está sendo chamado o livro, será distribuído de graça durante o evento de lançamento.

Para Lucas, foi novidade se lançar como escritor, mas a experiência lhe rendeu saldo positivo. É que ele sempre se interessou pelo tema e, até por ter escolhido o assunto para o mestrado, decidiu escrever o livro já com um certo conhecimento na área. "Fiquei um ano e três meses produzindo a obra e já tinha uma ideia da cena drag do Espírito Santo. No meu mestrado, eu tratei muito desse cenário nacionalmente e internacionalmente. Mas, no livro, quis regionalizar bem", destaca.

O autor frisa que, com o livro, pretende mostrar como era a cultura drag desde a década de 60 e 70 no Estado e como ela foi se transformando até hoje. "Mudou muito. Tanto que as primeiras 'drags' são as transformistas. Elas usavam da arte sob um outro ângulo e, até pelas mudanças da sociedade como um todo, foram adotando novas características até chegarem ao que conhecemos hoje como drag", contrapõe.

(Arquivo/Lucas Bragança)

Segundo Lucas, que antes de virar pesquisador trabalhava com publicidade, dezenas desses profissionais foram entrevistados para dar vida ao livro e torná-lo o mais real possível. "Eu quis traçar, principalmente, dois planos enquanto escrevia. O primeiro é mostrar esse contraponto de como era antes e de como é hoje. O segundo é fazer um resgate histórico para mostrar como a cultura drag é importante. Ainda hoje, existe muito preconceito e esse panorama ajuda a esclarecer várias coisas", avalia.

RESISTÊNCIA

Para relatar tudo com base em depoimentos reais, o autor chegou até a enfrentar dificuldade para falar com as primeiras transformistas que fizeram história no Espírito Santo. É que, hoje em dia, essas personalidades conquistaram novos empregos e adotaram um estilo de vida diferente e, desde o primeiro contato de Lucas, tinham medo de que o livro pudesse prejudicar de alguma forma.

"Mas consegui contato com um amigo, que tem muita influência nesse meio drag capixaba, e ele, aos poucos, foi me apresentando para essas figuras. Assim, consegui colher todas as informações que são essenciais para a obra", conclui.

No evento de lançamento, Lucas também quer promover um momento de conscientização e um brinde à diversidade que nasce no Estado. Ele convidou todos os que participaram do livro, direta e indiretamente, e também amigos. Lá, vai distribuir exemplares da obra de graça e também as enviará a organizações não governamentais (ONGs) e bibliotecas públicas. "Como o livro também dá um panorama mundial e nacional sobre o tema, pretendo enviar algumas cópias para instituições de outros estados, também", adianta.

TRANSFORMISTA X DRAG QUEEN

Nenhuma das fotos usadas nas 136 páginas do livro são do próprio Lucas. Todas são de acervos particulares e ele apenas fez a curadoria das imagens. No entanto, comenta que as fotos promovem uma linha do tempo bastante interessante entre o que era ser drag na década de 60 e 70 e o que é ser drag em pleno 2018. "Hoje temos como referência Pabllo Vittar, por exemplo, e drags que fazem mais parte da cena musical como DJs", exemplifica, completando: "Mas nem sempre foi assim. A forma como a transformista era vista no início dessa cultura no Espírito Santo é totalmente diferente", aponta.

Por definição, transformista é "ator cujo espetáculo consiste em caricaturar tipos distintos, com trocas rápidas e sucessivas de trajes que identificam esses personagens". Isso traduz o que Lucas quer dizer quando afirma que as primeiras drags capixabas participavam de festas, eventos e outras confraternizações com uma ótica mais artística do ponto de vista da análise. "As drags também são assim. É difícil de explicar, mas é que mudou um pouco dessas primeiras drags para hoje em dia", relata.

Drag, por sua vez, é definida como "pessoa que se veste com roupas extravagantes e imita trejeitos de forma a se apresentar como artista em shows e apresentações". Nesse sentido, Lucas completa: "É uma posição diferente na arte. Transformista e drag têm o mesmo valor, são tão importantes quanto, mas possuem uma atuação distinta. As duas formas, no entanto, enriqueceram demais a cultura do Espírito Santo".

(Divulgação)

SERVIÇO

Lançamento do livro "Desaquendando a História Drag: no Mundo, no Brasil e no Espírito Santo"

Na ocasião, exemplares da obra serão distribuídos de graça aos convidados

Onde: Mucane (Av. República, 121, Centro de Vitória)

Quando: sábado (15), a partir das 19h

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Entrada franca

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