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Tunico da Vila: 'Otto conhece mais as músicas do meu pai do que eu'

Tunico da Vila: "Otto conhece mais as músicas do meu pai do que eu"

Dupla se apresenta nesta sexta-feira, no Spírito Jazz, em homenagem a Martinho da Vila

Publicado em 7 de dezembro de 2018 às 20:16

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O sambista Tunico da Vila, filho de Martinho da Vila. (Divulgação)

Tunico da Vila fez carreira internacional, tocou na Dinamarca e atuou como percussionista da banda do pai, Martinho da Vila, durante 25 anos. Grato ao estado capixaba pelo grande sucesso "Madalena do Jucu", ele conta que tem uma relação de muita admiração pelo congo capixaba. E a admiração é tanta que a filha do músico, que nasce em janeiro, chamará Madalena do Espírito Santo. Além disso, Tunico planeja novos shows no estado para 2019 em homenagem ao congo. Ele se apresenta nesta sexta-feira, ao lado ao amigo Otto, no Spírito Jazz, na Praia do Canto, a partir das 21h. Confira abaixo a entrevista com o músico.

Como funciona o projeto "Tunico da Vila Canta Martinho 80"?

Meu pai comemorou 80 anos em fevereiro e como estou morando em Vitória, não pude participar das comemorações. Aí eu chamei artistas e amigos que fizeram parte da carreira dele para comemorar junto comigo aqui Vitória. Muitos dos convidados conhecem o meu pai antes de eu nascer. Teve Xande de Pilares, Sanda de Sá, Dudu Nobre, Toni Garrido, Criolo... O Otto é um artista que eu gosto muito. É percussionista como eu. Ele entrou na música graças ao "Canta minha gente". Ele conhece as musicas mais do que eu (risos). Nós dois expandimos o som como percussionistas. Eu no samba, ele no maracatu, na ciranda. Voltamos a fazer carreira solo cantando. Ele é um grande artista e um grande amigo.

Você já citou algumas semelhanças com o Otto? Quais outras vocês possuem?

Ele começou como percussionista e participou muito dessa fusão toda de expandir a música para a percussão internacional. Cada um tem sua carreira, ele no maracatu e eu, no partido alto, no samba, no congo, nós dois no candomblé, nos ritmos africanos. Sempre gostei dos shows que tem ritmos angolanos, por exemplo. Tudo que aprendi nesses 30 anos, eu coloquei na carreira de cantor. Explico de onde samba veio, de onde vem as melodias... A música vem da Europa, mas o batuque é brasileiro e africano. A gente pega essa mistura toda dos nossos ancestrais e leva para a Praia do Canto. E isso é legal, levar o samba para todos os lugares, todas as classes. É muita honra fazer esse show com o Otto.

Qual a relação da sua família com o Espírito Santo, que já foi cantado em musicas do seu pai?

Nossa ligação com o Espírito Santo começou com Noel Rosa. Ele se apaixonou por uma capixaba e fez um samba pra ela. Ele abriu o caminho. Muitos anos mais tarde meu pai conheceu o congo e adaptou "Madalena do Jucu", colocou o congo em ritmo do samba. E graças a ele, o Congo foi levado até ao Japão. "Madalena" estourou, sempre foi sucesso na minha família. Comecei na carreira profissionalmente em Guriri. Fui conhecendo e vi que não tem só congo. Tem desfiadeiras e paneleiras. Tem uma cultura muito rica. Fui conversar com o povo. Peguei a cultura, misturei com vários sons e deu tudo certo. Depois eu caso com uma capixaba e começo a ter minha vida em Vitória. Lancei "É dia de rede no mar", onde eu falo dos lugares que eu gosto em Vitória e a cultura do mar presente aqui. Inclusive, o nome da minha filha, que nasce em janeiro, será Madalena do Espírito Santo, em homenagem ao estado. Ia ser só Madalena, mas meu pai pediu para incluir Espírito Santo, lugar que ele é muito grato pelo sucesso de Madalena.

Foi fácil a adaptação? Já conhece os sambas e os bares?

Me adaptei fácil e a primeira coisa que conheci foram os botequins (risos).

Indica algum?

Os Bar do Henrique, em Santa Lúcia. Eu já conhecia Vitoria antes, com o meu pai. Conheci todas as rodas e escolas de samba. Adorei a Piedade e o Bar da Zilda, no Centro. Gostei muito de um samba que conheci na Curva da Jurema.

Temos que aproveitar muito esse cultura ancestral. O Brasil fala muito da cultura europeia, e tem que falar, eles foram colonizadores. As melodias do samba são inspiradas nas europeias. Mas o batuque e a percussão são brasileira. Temos que louvar nossos ancestrais africanos e europeus. Samba é uma coisa artística muito bonita. E o som flui em todos os lugares. Tem os terreiros de candomblé, que mexe com som, percussão, canto e voz há muitos anos. Tem umbanda, jongo, a folia de reis... Cabe ao artista aproveitar essa miscigenação. Aproveitar isso faz bem pro artista e para o público. Eu canto e conto. Tem que levar conhecimento. E o Otto vai ser a cereja bolo dessa mistura musical. Ele é a própria cara da mistura. Vai ser legal porque ele gosta muito do meu pai. Lembro dele cantando Disritmia e chorando igual um doido (risos). E esse encontro vai ser em Vitória, onde eu vivo como carioxaba (risos). E ano quem vem tem mais show por aqui. Posso adiantar que será em homenagem aos 30 anos de Madalena do Jucu. Um show que tem a cara do samba e do Espírito Santo.

Tunico da Vila canta Martinho da Vila e convida Otto

Data: 07/12/2018 - sexta-feira

Horário abertura casa: 20 horas

Local: Spirito Jazz -Rua Madeira de Freitas, 244, Shopping Via Cruzeiro Mall- Praia do Canto

Couvert: Mesas R$300 (4 pessoas) no salão principal

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Reservas: (27) 99506-0438 tel/ Whatsapp

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