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Cantor capixaba Aprigio Lyrio ganha biografia não convencional

Cantor capixaba Aprigio Lyrio ganha biografia não convencional

Livro revela vestígios da vida e obra do artista que marcou época na música do Espírito Santo nas décadas de 60 e 70

Publicado em 7 de janeiro de 2019 às 22:53

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Ícone da música capixaba, Aprigio Lyrio (1950-1983) foi um grande personagem da cultura do Espírito Santo nos anos 1960 e 70. Parte de sua história está no livro “Aprigio Lyrio – Simplesmente Mercúrio Cromo”, do autor Fabricio Fernandes, que será lançado hoje, na Curva da Jurema.

Em sua curta trajetória o cantor viveu intensamente e marcou sua geração e outras que o sucederam. Nascido em um domingo de carnaval em 1950, em Vitória, Aprigio faleceu aos 33 anos, mas sua memória prevalece até hoje.

“O que me chamou atenção é que todas as obras de Aprigio que foram lançadas, foram produzidas após a sua morte. A partir daí fiquei pensando o que tinha acontecido com ele antes. Isso me despertou como biógrafo”, explica o autor.

Fabricio fez um trabalho que chama de arqueologia do coração e durante três anos buscou vestígios da vida de Aprigio. “O livro não tem uma narrativa biográfica tradicional. Me envolvo aos vestígios do sujeito e de sua obra, e a partir dos afetos começo a me envolver. A obra se propõe a ser uma escavação arqueológica e como posso usar esses vestígios para potencializar o nome do artista”, conta.

Além do resgate de fotos, gravações e cartas, o autor entrevistou artistas e amigos de Aprigio como Milson Henriques (1938-2016), Afonso Abreu e Ester Mazzi (1945-2016), grande parceira de Aprigio e a quem o autor dedica a obra, já que ela faleceu antes de ver o livro pronto.

A obra também disponibiliza um endereço eletrônico em que Fabricio reuniu os ensaios sobre música escritos por Aprigio e publicados em A GAZETA (confira aqui). O livro ainda traz um QRCode para acessar as músicas interpretadas pelo artista. Entre as canções detalhadas no livro estão “Inovação” (1970) Recifes” (1978), e “Corda Bamba”, composta em parceria com Sérgio Régis.

TRAJETÓRIA

Sua carreira musical começou em 1966, quando Carmélia Maria de Souza o convidou para fazer um show no Iate Clube. Quem conta sobre seu início no livro é a amiga, cantora e compositora Ester Mazzi. Aprigio também foi vocalista da banda Os Mamíferos ao lado de Afonso Abreu, Mario Ruy e Marco Antônio Grijó.

O artista brilhou em palcos como o Teatro Carlos Gomes, nos festivais como o Festival de Verão em Guarapari e o Festival de Música Popular, em Vitória. No Rio de Janeiro, no Teatro Opinião, fez o seu último show ao lado de Os Mamíferos, que já se chamava Mistura Fina.

A última vez em que subiu ao palco foi em 1980, durante um tributo ao jornalista Osmar Silva. Com seu jeito inconfundível, Aprigio misturava estilos musicais como MPB, rock e jazz e se apresentava com um visual elegante e sofisticado.

“Era um artista que atuava no campo da sensibilidade, tanto no modo de conduzir a sua vida como na produção de suas obras. Mas percebi que essa sensibilidade não era uma fragilidade, era intensidade e um modo de vida. Ele atravessava a vida das pessoas. Em uma das entrevistas alguém diz que ele era o centro de tudo, ele era a voz”, define Fabricio.

Para o autor, o livro é uma forma de defender a obra desse “furacão” que fez o seu nome durante tão pouco tempo de carreira e que inventou um modo de viver em um tempo ultrareacionário em uma cidade como Vitória.

“Essa força conservadora tocou a vida e o corpo do Aprigio de forma silenciosa. Hoje as pessoas se expressam, reagem, produzem resistência, mas naquele momento isso aconteceu com ele de uma forma silenciosa. Talvez tenha estabelecido um campo de força e de controle sobre a vida dele de forma severa. Aprigio é essa força, essa invenção. Ele trouxe o frescor, uma potência que eu acho que podem dialogar com as nossas vidas hoje”, opina Fabricio.

ANÁLISE DO AUTOR

"Aprígio: um artista cosmopolita, moderno, com seu estilo dandi, musicalmente híbrido, e que fez de sua vida uma obra de arte, merece ser defendido como certa vez disse o músico Juliano Gauche, na ocasião de uma homenagem realizada pelo programa Conexão Geral, da TV Gazeta.

Ao escrever um livro sobre ele, não realizado um inventário sobre sua vida, mas retomo seus vestígios para que possamos defender o seu nome. Sobretudo para que a partir do livro possamos resistir às forças que fizeram ou deixaram morrer um artista como Aprígio"

Fabricio Fernandez, autor do livro “Aprigio Lyrio: Simplesmente Mercúrio Cromo”

Livro - Foto: Fabricio Fernandez"/>

Aprigio Lyrio: Simplesmente Mercúrio Cromo

Fabricio Fernandez. Editora Independente. 68 páginas. R$ 25

 

 

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