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Crítica: 'Vice' mostra jogo político com roupagem pop

Crítica: "Vice" mostra jogo político com roupagem pop

Indicado a oito Oscar, filme de Adam McKay ("A Grande Aposta") acompanha a jornada política de Dick Cheney, um dos mais temidos políticos do mundo

Publicado em 31 de janeiro de 2019 às 00:12

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"Vice" acompanha a vida de Dick Chenney. (Imagem Filmes/Divulgação)

Do dia 20 de janeiro de 2001 ao mesmo dia, oito anos depois, Dick Cheney talvez tenha sido o sujeito mais poderoso do mundo. O 46º vice-presidente dos EUA é o “pai” da “Guerra ao Terror” que sucedeu os eventos de 11 de setembro de 2001 – é dele, por exemplo, toda a falácia de “armas de destruição em massa” utilizada como desculpa para invadir o Iraque. O curioso é que, apesar de toda a influência que teve na política mundial, pouca gente ouviu falar de Cheney, uma figura quase oculta durante os dois mandatos de George W. Bush na Casa Branca. Indicado a oito Oscar, “Vice” tira a figura de Cheney das sombras e mostra a trajetória do jovem irresponsável que se tornou um dos maiores nomes da política dos EUA.

O filme dirigido por Adam McKay (“A Grande Aposta”) tem Christian Bale e sua habitual entrega no papel principal. A trama tem início com um ultimato de Lynne (Amy Adams) para que Dick abandone as bebedeiras da juventude para seguir carreira na política.

ASCENSÃO

Durante a primeira hora de filme, acompanhamos o início da carreira de Cheney, que se encanta com Donald Rumsfeld (Steve Carell) e se torna seu braço direito durante os governos Nixon e Ford. As ambições políticas, claro, não sumiram quando Ford foi derrotado pelo democrata Jimmy Carter. Após mandatos como deputado, Cheney percebeu que seu poder de articulação seria mais útil nos bastidores, como Secretário de Defesa durante o governo de George H. W Bush, o “Bush pai”.

"Vice" acompanha a vida de Dick Chenney. (Imagem Filmes/Divulgação)

Tudo muda quando George W. Bush (Sam Rockwell), a “ovelha negra” da tradicional dinastia, o convida para concorrer como vice-presidente. A partir daí “Vice” ganha novo ritmo e o espectador finalmente conhece os motivos de Christian Bale ter agradecido a Sat㠓pela inspiração” para interpretar Cheney.

Como fez em “A Grande Aposta”, McKay consegue dar roupagem pop a um assunto espinhoso. O filme tem montagem ágil, texto esperto e não deixa a atenção do espectador fugir do que importa. O diretor ousa (um fim falso separa seus “dois filmes“, por exemplo) e consegue até humanizar a figura de seu protagonista antes de entregar sua real faceta.

Em outros momentos, o destaque fica com o misterioso narrador (Jesse Plemons), que rende momentos inusitados. Como Dick Cheney nunca foi um “livro aberto”, o narrador tenta adivinhar o que o político pensa ou sente – como biografar alguém que não se abre? McKay brinca com isso com maestria e o resultado é primoroso.

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“Vice” faz uso de um ótimo elenco e de um grande trabalho de maquiagem para reconstruir um dos personagens mais temidos e respeitados da política mundial. Trata-se de uma divertida peça política que chega a lembrar os documentários de Michael Moore, e é justamente aí que reside seu ponto fraco: o roteiro não se preocupa com diferentes lados e versões, tornando o filme um retrato unilateral.

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