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Renovando fórmula batida, 'Boneca Russa' é enxuta e certeira

Renovando fórmula batida, "Boneca Russa" é enxuta e certeira

Série estrelada por Natasha Lyonne ("Orange is the New Black") acompanha mulher que morre no seu aniversário de 36 anos e passa a repetir o fatídico dia

Publicado em 11 de fevereiro de 2019 às 16:17

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Série "Boneca Russa". (Netflix/Divulgação)

Em um primeiro momento, “Boneca Russa”, disponível na Netflix, se apresenta como uma comédia formulaica: em seu aniversário de 36, Nadia (Natasha Lyonne, de “Orange is The New Black) morre e acorda novamente em meio à festa apenas para morrer de novo e retornar, mais uma vez, ao mesmo local – fórmula de filmes como o clássico “O Feitiço do Tempo” (1993) ou, mais recentemente, “No Limite do Amanh㔠(2014). Nadia, tal qual os personagens de Bill Murray e Tom Cruise em seus respectivos filmes, parte então em busca de entender o que está acontecendo. Por que, afinal, ela retorna sempre àquele momento?

Os primeiros episódios seguem a receita do erro e acerto, ou seja, se algo deu errado em uma tentativa, Nadia tenta corrigir isso na próxima; como uma boa programadora de jogos eletrônicos, a protagonista parte em busca no bug que tanto reinicia o sistema. Isso, claro, gera situações engraçadas, mas ainda é só o começo. É no terceiro episódio que as coisas começam a ficar mais interessantes.

Sem entrar em muitos detalhes para não revelar a trama, podemos dizer que o caminho de Nadia se cruza com o de Alan (Charlie Barnett) e toda a dinâmica da série se transforma: a comédia formulaica ganha contornos mais sérios e desenvolve até uma certa tensão à medida que a história se desenrola.

É justamente nesse “desenrolar” que reside boa parte do mérito de “Boneca Russa”. Aos poucos vamos vendo que as coisas se repetem, mas nem sempre da mesma forma. A repetição também faz o público perceber que o roteiro dá dicas e muito pouco tempo é gasto à toa.

Com oito episódios que não ultrapassam os 30 minutos, a série é enxuta, feita e pensada para ser consumida em uma ou no máximo duas mini-maratonas. A mudança de tom ao longo dos episódios também evita qualquer tipo de desinteresse.

Série "Boneca Russa". (Netflix/Divulgação)

O humor, até pela personalidade de Nadia, está sempre presente, mas nunca é o foco, a risada nunca é forçada. “Boneca Russa”, por mais surpreendente que pareça, é uma série sobre escolhas e dor. Ao repetir momentos que consideram importantes ou não, os personagens embarcam numa reveladora jornada de autoconhecimento.

Ao final, quando tudo parece a caminho de se acertar, a série surpreende novamente em uma nova mudança de dinâmica, o surgimento de elementos de suspense e com uma conclusão cheia de significado.

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É espantoso que uma série de tiro curto como “Boneca Russa” gere tanta reflexão sobre a necessidade de se olhar para as escolhas feitas e a obrigação de lidar com as consequências – a cada escolha, afinal, surge uma nova boneca, uma nova “capa” em torno de cada um.

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