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'Vi uma vibração rock'n'roll no Chay Suede', diz diretor de filme

"Vi uma vibração rock'n'roll no Chay Suede", diz diretor de filme

Lui Farias fala sobre o filme "Minha Fama de Mau", em cartaz nos cinemas do Estado

Publicado em 14 de fevereiro de 2019 às 22:52

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Chay Suede interpreta Erasmo Carlos . (Páprica Fotografias/Divulgação)

Embora lembrado como ícone de um movimento cultural que revelou uma das maiores parcerias musicais do país, Erasmo Carlos também teve sua época de anonimato em que a notoriedade e o reconhecimento não passavam de um sonho na juventude. Mas se, depois de chegada a fama, a carreira na música ganhou as rádios e programas de TV, algumas das experiências por trás dos palcos e das famosas composições só agora vão parar nas telonas.

“Minha Fama de Mau”, o filme que homenageia a história do Tremendão, chega aos cinemas nesta quinta-feira (14). Inspirado na autobiografia homônima (Editora Objetiva) de Erasmo Carlos, o longa é dirigido por Lui Farias.

Entre histórias da vida pessoal e bastidores de apresentações, o longa destaca a amizade e parceria entre Erasmo, interpretado por Chay Suede, e Roberto Carlos, vivido por Gabriel Leone. Já Wanderléa, a Ternurinha, é representada por Malu Rodrigues.

A trilha sonora, obviamente, é uma prioridade na obra. Por isso, além de representar símbolos vivos da música no Brasil, os atores também tiveram a responsabilidade de regravar as músicas que aparecem no longa.

“Acho que até poderia ser dublado, mas o difícil era colocar músicas de vozes muito marcantes na voz de quem não é aquela pessoa”, diz Lui Farias, diretor do filme, ao Gazeta Online. Confira a entrevista completa com o diretor:

Como surgiu a ideia de fazer um filme sobre a história do Erasmo Carlos?

Meu pai (o também diretor Roberto Farias) fez alguns filmes com o Roberto Carlos e eu ficava vendo aquilo. Nessa brincadeira, acabei me aproximando do Erasmo, por questões pessoais. Em um almoço, ele contou que ia começar a escrever um livro de memórias dele e eu disse que adoraria filmar, se ele topasse. Ele me disse: “é seu”.

Diante de uma história tão rica, como foi a seleção para definir quais cenas iriam rodar?

Não foi fácil, mas eu não gosto de filme em que você muda o ator, colocando um para fazer o personagem quando é criança, depois outro para adolescente, depois outro para adulto. Acho que isso confunde o espectador. Diante disso, eu comecei a pensar que a década de 1960 não foi um período devidamente registrado, porque não tinha muita televisão, não era como hoje.

Tem alguma cena do filme que você destacaria?

Tem algumas cenas que provocam lágrimas no espectador. Para mim, um momento marcante do filme é quando Roberto liga para Erasmo pedindo uma música para o filme que ele iria fazer. Esse pedido é um pedido de desculpas e, também, uma oferta de ajuda. A música que surgiu disso foi “Eu sou Terrível”. Acontece que, indiretamente, quem proporcionou essa situação foi meu pai, pois o filme em questão era dele. Quando fui filmar essa cena, dei de cara com a minha própria história ali. Além disso, a cena em que Roberto apresenta a música “Amigo” para o Erasmo é comovente. Na vida real, ela não estava dentro do período que tratamos, mas não tinha como deixar de fora, então a trouxe pro filme.

Como foi a interação entre os atores?

Eu precisava resolver quem faria Erasmo Carlos. Seria um cara parecido, da mesma altura? E teve um momento em que eu me desprendi dessa necessidade da semelhança física e passei a procurar semelhança espiritual, de energia, de vibração. E eu vi essa vibração rock’n’roll no Chay. Ele conhecia muito de Erasmo e isso não era típico de um rapaz de 20 e poucos anos. Ele me disse que queria cantar e aquela segurança me deu a certeza de que isso seria possível. Depois, passei um longo tempo fazendo teste para Roberto Carlos. Quando Gabriel Leone apareceu para o teste, os dois tiveram uma interação inesperada. O Gabriel começou a tocar violão, o Chay já abriu uma segunda voz. Achei aquilo espetacular. Pensei “Roberto e Erasmo estão aqui”. Achei que eles já se conheciam, que tinham ensaiado, mas depois o Chay me contou que nem conhecia o Gabriel. São essas coisas que vão acontecendo que começam a te mostrar que o filme está andando sozinho.

Filme acompanha o auge da geração Jovem Guarda. (Páprica Fotografias/Divulgação)

Quem conhece o Erasmo mais de perto diz que ele tem um humor irreverente, e você deu essa característica ao filme. Como foi isso?

Esse foi meu maior desafio, porque dar ao filme, em linguagem cinematográfica, a personalidade o temperamento do personagem principal não foi fácil. Mas acontece que, por outro lado, havia uma coincidência. Aquela década foi uma década de muita liberdade, não tinha nenhum tipo de impedimento. Quando percebi que colocar o ator para falar diretamente com a câmera era encontrar essa característica, eu pensei “isso é um achado, vai dar super certo”. De repente, ele finge que o tempo parou e que pode falar com você que está ali vendo o filme. E o Chay fez isso de forma espetacular.

E qual foi a reação de Erasmo, Roberto e Wanderléa ao assistirem à história?

Eu assisti à uma coisa histórica. Vi Roberto Carlos e Erasmo Carlos soluçando juntos, sentados na cadeira. Eles choraram muito, assim como tinha acontecido em São Paulo, com Wanderléa. Para mim, foi emocionante e gratificante, porque acho que devolvi em filme a confiança que eles depositaram em mim.

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