O pagode que dominou os anos 1990 deixou saudade. Matheus Brant, músico mineiro, é um dos saudosistas que, inspirado nessa época de ouro, fundou em 2014 o bloco Me Beija Que Eu Sou Pagodeiro, um dos principais de Belo Horizonte este ano o bloco reuniu cerca de 30 mil pessoas. Agora, influenciado por sua vivência no bloco, lança Cola Comigo com releituras cheias de personalidade.
Fundei o bloco que transformava os pagodes clássicos em salsa, maracatu, axé e até salsa. Existe uma memória afetiva que desperta grande interesse do público, tanto do axé como do pagode dos anos 90, mas esse gênero musical ainda é tido como algo pejorativo, visto pela elite musical como algo não muito sofisticado. Pouco importa se é uma música de bom ou mau gosto. Aí decidi investigar isso nesse disco, conta Matheus.
Entre as dez faixas, a maioria autoral, está a regravação de Supera, do grupo Alô Som, famosa na voz do cantor Belo, um dos ídolos de Matheus ao lado de Thiaguinho. A faixa-título traz influências da música negra americana e, claro, como a maioria das letras de pagode, fala sobre relações amorosas.
TRILOGIA
O álbum é o segundo da trilogia que começou em 2016 com Assume Que Gosta. O primeiro misturou o pagode ao indie-rock e buscou reaproximar esses dois universos distintos. Essas influências musicais aconteceram de forma natural na minha carreira. Primeiro o indie-rock e agora essa releitura do pagode. Ainda tenho material para um terceiro álbum, diz.
Cola Comigo tem direção artística de César Lacerda e produção musical de Fábio Piczowski. Matheus é acompanhado de uma banda de peso, com percussões, violões e cavaquinho, baixo elétrico, teclados e piano, sopros e lap steel (guitarra havaiana) e um coro feminino.
Além do amor romântico, tema unânime entre os pagodeiros, Matheus fala de feminismo na faixa Juntos, um dueto com Thais Macedo, e igualdade de gênero nas canções Tudo No Menu e Não Erra.
CARREIRA
Aos 33 anos, Matheus também é advogado, escritor e autor do livro A Música e o Vazio no Trabalho Reflexões Jurídicas a Partir de Hannah Arendt. A música o envolveu ainda na infância pelas aulas de violão. O mineiro passou por bandas de rock, reggae e samba de raiz, mas se encontrou mesmo quando fundou o bloco.
O pagode sofre muito preconceito. O próprio samba sofreu isso no início do século passado. E são gêneros muito populares, mas ainda vistos com o algo ruim. Não existe isso, o bom e o mau gosto passam por vários gêneros, não só o pagode, diz.
SERVIÇO
Cola comigo
Matheus Brant
10 faixas, Independente. Disponível nas plataformas de streaming digital.
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