Se você, leitor, é daqueles que não acreditam em opiniões de críticos ou daqueles que falam que se o crítico der nota ruim, o filme deve ser bom, peço aqui, pela primeira vez, um voto de confiança. Cópias De Volta à Vida ("Replicas", no original), em cartaz no Estado, não vale a ida ao cinema, a banda larga ou simplesmente os 102 minutos da vida de alguém.
Pronto desde 2016, o filme chega apenas agora aos cinemas tentando pegar carona na boa fase de Keanu Reeves, seu protagonista afinal, John Wick 3, um dos filmes mais aguardados do ano, estreia em maio.
Na trama dirigida por Jeffrey Nachmanoff, Reeves é Will Foster, um neurocientista que está perto de uma descoberta muito importante: a possibilidade de transferir a consciência e as lembranças de um morto para um corpo cibernético.
Apesar dos avanços já obtidos, Will corre contra o tempo para que o projeto não seja cancelado. No meio disso tudo, sua família sofre um terrível acidente e Will, claro, decide preservar seus entes queridos ao seu modo.
FUROS
Tudo em Cópias De Volta à Vida é apressado e subestima a inteligência do público. Em um momento Will e sua equipe estão sem soluções para o projeto, mas, em seguida, ele e Ed (Thomas Middleditch, de Sillicon Valley) são capazes não apenas de extrair e transportar a consciência para outro corpo, mas também de criar clones orgânicos dos familiares de Will pessoas de idades e tamanhos diferentes cujos corpos milagrosamente ficam prontos ao mesmo tempo.
O curioso é que o roteiro encontra soluções fáceis para todos seus problemas. Ele até ensaia, nas primeiras linhas, uma discussão sobre a ética dos testes, mas tudo se encerra com um argumento esdrúxulo sobre transplantes de coração.
Outra situação que renderia uma boa narrativa, mas é ignorada, é o conflito das cópias com seu criador tudo se resolve rapidamente apesar de uma revelação que poderia ser o foco principal de um drama bem estruturado.
Mas ao menos tem boas cenas de ação e efeitos especiais?. Não e não! Cópias é um filme às vezes quase amador, sem refinamento técnico algum. A ação é mal resolvida (corre ali, atira aqui) e os efeitos computadorizados parecem não ter sido finalizados.
Ao fim, o filme protagonizado por Keanu Reeves é daqueles que poderiam até se tornar cultuados na internet caso tivesse ao menos uma reviravolta decente, o que não é o caso. Com uma tentativa de se mostrar subversivo, o terceiro ato da trama apresenta soluções constrangedoras.
Seria melhor para todos que Cópias De Volta à Vida não fosse lançado nos cinemas. Keanu Reeves, já com o cachê no bolso, não passaria essa vergonha, Jeffrey Nachmanoff não teria essa mancha no currículo e nós, os espectadores, não perderíamos dinheiro e tempo de nossas vidas.
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