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'Cópias - De Volta à Vida' é tão ruim que não consegue ser 'trash'

"Cópias - De Volta à Vida" é tão ruim que não consegue ser 'trash'

Filme com Keanu Reeves tenta abordar temas sérios, mas resultado é horroroso

Publicado em 17 de abril de 2019 às 23:08

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Cópias - De Volta à Vida. (Paris Filmes)

Se você, leitor, é daqueles que não acreditam em opiniões de críticos ou daqueles que falam que “se o crítico der nota ruim, o filme deve ser bom”, peço aqui, pela primeira vez, um voto de confiança. “Cópias – De Volta à Vida” ("Replicas", no original), em cartaz no Estado, não vale a ida ao cinema, a banda larga ou simplesmente os 102 minutos da vida de alguém.

Pronto desde 2016, o filme chega apenas agora aos cinemas tentando pegar carona na boa fase de Keanu Reeves, seu protagonista – afinal, “John Wick 3”, um dos filmes mais aguardados do ano, estreia em maio.

Na trama dirigida por Jeffrey Nachmanoff, Reeves é Will Foster, um neurocientista que está perto de uma descoberta muito importante: a possibilidade de transferir a consciência e as lembranças de um morto para um corpo cibernético.

Apesar dos avanços já obtidos, Will corre contra o tempo para que o projeto não seja cancelado. No meio disso tudo, sua família sofre um terrível acidente e Will, claro, decide preservar seus entes queridos ao seu modo.

Cópias - De Volta à Vida. (Paris Filmes)

FUROS

Tudo em “Cópias – De Volta à Vida” é apressado e subestima a inteligência do público. Em um momento Will e sua equipe estão sem soluções para o projeto, mas, em seguida, ele e Ed (Thomas Middleditch, de “Sillicon Valley”) são capazes não apenas de extrair e transportar a consciência para outro corpo, mas também de criar clones orgânicos dos familiares de Will – pessoas de idades e tamanhos diferentes cujos corpos milagrosamente ficam prontos ao mesmo tempo.

O curioso é que o roteiro encontra soluções fáceis para todos seus problemas. Ele até ensaia, nas primeiras linhas, uma discussão sobre a ética dos testes, mas tudo se encerra com um argumento esdrúxulo sobre transplantes de coração.

Outra situação que renderia uma boa narrativa, mas é ignorada, é o conflito das cópias com seu criador – tudo se resolve rapidamente apesar de uma revelação que poderia ser o foco principal de um drama bem estruturado.

“Mas ao menos tem boas cenas de ação e efeitos especiais?”. Não e não! “Cópias” é um filme às vezes quase amador, sem refinamento técnico algum. A ação é mal resolvida (corre ali, atira aqui) e os efeitos computadorizados parecem não ter sido finalizados.

Ao fim, o filme protagonizado por Keanu Reeves é daqueles que poderiam até se tornar cultuados na internet caso tivesse ao menos uma reviravolta decente, o que não é o caso. Com uma tentativa de se mostrar subversivo, o terceiro ato da trama apresenta soluções constrangedoras.

Seria melhor para todos que “Cópias – De Volta à Vida” não fosse lançado nos cinemas. Keanu Reeves, já com o cachê no bolso, não passaria essa vergonha, Jeffrey Nachmanoff não teria essa mancha no currículo e nós, os espectadores, não perderíamos dinheiro e tempo de nossas vidas.

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