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Mel Gibson e Sean Penn estrelam drama de época abaixo da média

Mel Gibson e Sean Penn estrelam drama de época abaixo da média

"O Gênio e o Louco", drama sobre a criação do "Dicionário de Oxford", chega nesta quinta-feira (18) aos cinemas do Estado

Publicado em 17 de abril de 2019 às 17:21

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Filme: "O Gênio e o Louco". (Divulgação)

Antes de qualquer juízo de valor sobre “O Gênio e o Louco” (2019), que estreia nesta quinta (18) nos cinemas do Espírito Santo, é preciso contextualizar sua turbulenta produção, o que pode explicar os problemas estruturais do filme.

Megalomaníaco e perfeccionista (vide as confusões causadas nos bastidores de seu filme mais controverso, “Apocalypto”, de 2006), Mel Gibson gestou o projeto de “O Gênio e o Louco” por mais de 10 anos. Amigo do diretor do longa, Farhad Safinia, estreante atrás das câmeras e um dos roteiristas de “Apocalypto”, o astro queria regravar cenas na Universidade de Oxford - onde se passa boa parte da trama - e aumentar o orçamento já estourado. Com a recusa dos produtores, Gibson e Safinia abandoram a produção antes da finalização e se recusaram a promovê-lo depois de pronto.

O resultado do filme espelha os problemas de seus bastidores. Trata-se de um drama desigual, de boa contextualização de época (figurinos e direção de arte), mas narrativa arrastada, com um pé no melodramático e atuações acima do tom (especialmente de Sean Penn, um bom ator, mas que adora um overacting e cair na caricatura cênica, lembrando aqui sua desastrosa presença em “Uma Lição de Amor”, de 2001).

LOUCURA E GENIALIDADE

Na trama, que tem uma premissa interessante, James Murray (Mel Gibson, digno no papel) é um estudioso de línguas que recebe, na metade do século XIX, o desafio de reunir todas as palavras e verbetes da língua inglesa em um único projeto, o hoje conceituado “Dicionário de Oxford”.

Seu maior companheiro de jornada é um ex-cirurgião do exército americano, William Chester Minor (Sean Penn), com “fantasmas de guerra” para serem exorcizados e que mata um homem no auge da loucura. Internado em um sanatório britânico, o médico fica obcecado pelas letras e cataloga milhares de novas palavras, sendo definitivo para a confecção do dicionário.

Baseado no livro de Simon Winchester, “O Professor e o Louco” (título mais sensato do que o do filme no Brasil, pois o gênio em questão é Chester Minor e não James Murray), o longa dispara para todos os lados sem chegar a lugar algum. Causa estranheza uma sequência de ação na abertura (com tiroteios e assassinatos). Estranho para um drama de época. Além disso, um romance platônico que não chega a lugar nenhum, entre William Chester Minor e a viúva do homem que ele assassinou (vivida pela boa Natalie Dormer, de “Game of Thrones” e “Penny Dreadful”), também soa fora de contexto.

"Dicionário de Oxford": palavras que causam controvérsia

Considerado o livro mais completo em termos de catalogação de palavras e verbetes da língua inglesa, O “Dicionário de Oxford” virou referência para estudantes e pesquisadores da língua bretã. Editado pela conceituada universidade que dá nome ao projeto, já teve duas edições impressas (uma em 1928, época em que se passa o filme “O Gênio e o Louco”, e outra em 1989), atualizações anuais e uma versão online, lançada em 2000, que recebe quase três milhões de acessos por mês. Uma terceira edição está sendo feita há 19 anos e deve ser lançada no início da próxima década.

Com cerca de 20 livros, que juntos somam mais de 21 mil páginas, e milhares de palavras catalogadas, o “Dicionário de Oxford” anualmente escolhe uma palavra do ano, que, normalmente, é motivo de debates acalorados entre os estudiosos e pesquisadores. No ano passado, a escolhida foi “tóxico”, eleita tanto por questões ambientais óbvias, como por conta da onda conservadora que está assolando o mundo na atualidade. Causaram polêmica em 2015, com “emoji que chora de rir”, e em 2016, com “pós-verdade”. Comenta-se que, para 2019, a escolhida deve ser “brexit”, uma referência à saída do Reino Unido da União Europeia.

 

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