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Supercombo cheio de experimentos em 'Adeus, Aurora'

Supercombo cheio de experimentos em "Adeus, Aurora"

Quinto disco de estúdio da banda formada em Vitória traz canções tortas, pesadas e tropicais

Publicado em 8 de abril de 2019 às 22:44

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Toledo, André Dea, Leo Ramos, Paulo Vaz e Carol Navarro. (Ivã Santos)

O grande desafio de um músico pop é produzir algo que grude na cabeça do público, mas que, ao mesmo tempo, tenha uma relevância musical, não seja descartável. Em “Adeus, Aurora”, seu sexto disco de estúdio, o Supercombo arrisca, não segue a fórmula que vem dando certo, mas ainda assim entrega um disco pop dos bons.

“É um puta desafio tentar fazer algo que agrade quem entende e trabalha com música e também o público que consome”, conta Leo Ramos, guitarrista, vocalista e cabeça pensante por trás de boa parte das esquisitices do Supercombo.

Atualmente formada por Leo (voz e guitarra), Carol Navarro (baixo e voz), Pedro “Toledo” Ramos (guitarra e voz), Paulo Vaz (teclado) e André Dea (bateria), a banda nasceu em Vitória, em 2007, e sempre se caracterizou por inovações.

Aos poucos, o rock alternativo e pesado de “Festa?” (2007) foi dando espaço a uma música mais abrasileirada no ótimo “Sal Grosso” (2011). “Amianto” (2014), embalado pela faixa-título, pelo hit “Piloto Automático” e pela exposição no “SuperStar”, da Globo, levou a banda a outro nível. Curiosamente, “Rogério” (2016), o disco que veio a seguir, é um trabalho mais “seguro”, menos ousado.

“O ‘Rogério’ é um disco massa, mas não tem novidade nenhuma. A gente tava precisando disso, de fazer algo diferente”, diz Leo, sobre o novo disco.

DESCONSTRUÇÃO

“Adeus, Aurora” tem o tal algo “diferente”. “Na real eu não faço a menor ideia do que tô fazendo 90% do tempo (risos). Chegamos no estúdio, cheio de equipamentos analógicos, e fomos distorcendo tudo, fazendo misturas”, conta Leo. O resultado é um disco com a assinatura do Supercombo, mas também com novidades que surpreendem.

Paulo Vaz, André Dea, Carol Navarro, Leo Ramos e Pedro "Toledo" Ramos: Supercombo 2019. (Ivã Santos)

O disco traz guitarras distorcidas, com afinação baixa, sintetizadores, mas sem o peso de outrora. Além disso, contrariando a sisudez de São Paulo, onde a banda reside, o material é bem “tropical”. O rock ganha ares grandiosos, pronto para os grandes palcos, em “Guarda-Chuva”. “Maremoto”, primeiro single, segue a mesma linha, mas o disco já muda de rumos em “Meu Colorista”, que tem passagens até de reggaeton. “Parafuso a Menos”, que vem em seguida, tem influência de reggae, – tudo isso com as letras às vezes nonsense de Leo.

“Quando a gente gravou o disco originalmente era bem mais pesado. Mas aí a gente foi querendo... Não era inovar, mas fazer algo diferente. Exercer essa capacidade de se desconstruir, fazer algo sem pé nem cabeça, mas totalmente pop”, explica o músico, que garante que tudo o que está ali é facilmente reproduzível ao vivo. “Só tem um canal de guitarra meu e um do Toledo. Claro que muda alguma coisa, mas ao vivo é nessa pegada”.

Outra novidade é a maior presença da baixista Carol Navarro nos vocais, algo que já tinha dado certo em “Rogério”. Carol agora divide as vozes com Leo em quase todas as músicas – em umas, como “Cela”, ela canta sozinha o refrão, como já fazia em “Magaiver”, no disco anterior. “A gente queria trazer ela mais pra frente. Ela tem muita presença”, pondera Leo.

HQ

“Adeus, Aurora” também é o nome a revista em quadrinhos que o Supercombo lançou na CCXP do ano passado, em dezembro. Desenhada por Jean Diaz, curiosamente guitarrista da banda nos dois primeiros discos, e roteirizada pelo próprio Leo, a HQ traz a jornada do herói de Aurora, uma menina que se descobre durante a trama.

“O disco tem essa temática com letras de aceitação, descobertas, crescimento pessoal, algo meio filosófico. Não é necessariamente uma trilha sonora para a revista, mas pode ser. Se lançássemos uma coisa que só funcionaria com a outra, ficaríamos limitados”, explica o músico.

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