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'Alien' chega aos 40 anos ainda atual e influenciando a cultura pop

"Alien" chega aos 40 anos ainda atual e influenciando a cultura pop

Cinemark exibe o filme com sessões nesta terça (28) e no sábado (1º). "O Oitavo Passageiro" consagrou Ripley como a primeira heroína de uma superprodução americana.

Publicado em 27 de maio de 2019 às 16:38

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Cena do filme "Alien - O Oitavo Passageiro". (Divulgação/FOX)

Um dos maiores clássicos da ficção-científica, "Alien, O Oitavo Passageiro" completa 40 anos cada vez mais atual e ainda influenciando a cultura pop e as produções do gênero, além de ter originado uma série de sequências, prequels e spin-offs (muitas de gosto duvidoso). Para celebrar o aniversário, o Cinemark Vitória e Vila Velha exibe o syfy de Ridley Scott com sessões especiais nesta terça (28) e no sábado (1º).

É impossível falar do embate entre Ripley e os monstros gosmentos a bordo da nave Nostromo sem contextualizar a época do lançamento do filme. Os tempos eram sombrios e o mundo via o acirramento de um embate de influências culturais, sociais, econômicas e tecnológicas entre russos e americanos, na chamada Guerra Fria. O "medo" do avanço do comunismo, capaz de destruir as bases da sociedade capitalista "livre", estava presente em nosso cotidiano. O "inimigo", neste contexto, nunca esteve tão perto. Na época, a sociedade ainda tentava se adaptar aos traumas da Guerra do Vietnã (1964-1975) quando outro embate armado explodiu no Camboja, com o partido comunista Khmer Vermelho vencendo a guerra civil.

Hollywood, então, precisava criar um "vilão-metafórico", que viria do espaço com o poder de destruir e adestrar os terráqueos. Lógico que o poderio bélico americano conseguiria aniquilar esse inimigo, mostrando quem manda no pedaço. A grosso modo, "Alien, O Oitavo Passageiro" era o filme que o mundo precisava ver.

APOSTAS

Ridley Scott dirige "Alien - O Oitavo Passageiro" em um dos seus enormes cenários construídos em estúdio. (Divulgação/FOX)

Ridley Scott, na época do primeiro "Alien", era um diretor praticamente estreante e mais afeito a filmes de arte. Tinha acabado de dirigir o seu primeiro projeto, "O Duelista" (1977), uma obra-prima baseada na literatura de Joseph Conrad. Os roteiristas Ronald Shusett e Dan O'Bannon e o artista plástico suíço H. R. Giger (responsável pelo histórico designer do alienígena xenomorfo) também eram desconhecidos da grande indústria. A FOX, produtora do longa, queria surfar no sucesso do recém-lançado "Star Wars" (1977) e colocar a ficção-científica de vez no radar das grandes produções. 

O resultado foi muito além do que os executivos esperavam. De inegável talento, Scott fez de seu "Alien, O Oitavo passageiro" uma aventura espacial que brinca entre os gêneros terror e a ficção-científica com maestria, sem esquecer das pitadas de violência, sangue e medo sem precedentes. A direção de arte e cenografia são os destaques, totalmente construídas em estúdio e com poucos efeitos visuais.

O sucesso do filme também se deve ao carisma e a presença cênica de Sigourney Weaver. Vindo do teatro e praticamente estreante atrás das câmeras, a atriz brilha ao fazer de sua Ripley um personagem de camadas dramáticas. Às vezes forte e às vezes frágil, sua tenente é considerada a primeira heroína de uma superprodução americana. Um mulher forte, de certa forma, foi um conceito radical para os anos 1970, principalmente porque vivíamos em uma sociedade em que o papel feminino no cinema era marcado por esteriótipos. Confirmando isso, Ripley, no roteiro original, seria um homem. Uma boa sacada de última hora de um executivo da FOX fez com que os roteiristas mudassem de ideia.

A trama - que acerta ao apostar na narrativa lenta, descritiva e na tensão constante, até explodir no puro horror - é aparentemente simples. Uma nave espacial, ao retornar para a Terra, recebe estranhos sinais vindos de um asteroide. Ao investigarem o local, um dos tripulantes é atacado por um estranho ser. O que parecia ser uma ação isolada se transforma em agonia, pois o militar acaba levando consigo o embrião de um alienígena, que não para de crescer e tem como meta matar todos os tripulantes.

Ridley Scott conta uma história que conta com forte influência estética de "2001: Uma Odisséia no Espaço" (1968), de Stanley Kubrick, e referências à HQ francesa "Metal Hurlant", lançada em 1975 e que tem como um dos criadores o conceituado Jean Giraud, "pai" de outro clássico da ficção: "Moebius".

CURIOSIDADES

Cena do filme "Alien 3", de David Fincher. (Divulgação/FOX)

Há muitas curiosidades nos bastidores do filme praticamente desconhecidas do grande público. A primeira opção para viver Ripley foi Meryl Streep, uma atriz em ascensão, que receberia a sua primeira indicação ao Oscar naquele mesmo ano, com "O Franco Atirador" (1978), clássico do incompreendido Michael Cimino. Streep, na época, estava passando por uma tragédia pessoal: seu namorado, o ator John Cazale, havia morrido de câncer. Não seria apropriado participar de um filme tão sombrio como "Alien". Tom Skerritt também não foi a primeira opção para viver o genioso Dallas. Harrison Ford não aceitou o papel e só voltou a trabalhar com o diretor em outra obra-prima de Ridley: "Blade Runner" (1982).

"Alien, O Oitavo Passageiro" arrecadou US$ 104 milhões nas bilheterias, um número acima da média para a época. Uma série de continuações foi encomendada pelo estúdio. Curiosamente, o conceito estético e narrativo dos três filmes após o original seguem as tendências artísticas de seus diretores: "Aliens, o Resgate" (1986), de James Cameron, aposta na ação; "Alien 3" (1992), de David Fincher, investe no clima claustrofóbico; e "Alien, a Ressurreição" (1997), embaca no realismo fantástico, às vezes exagerado, sempre visto nos longas do francês Jean-Pierre Jeunet.

Scott voltou à série com mais dois filmes: "Prometheus" (2012) e "Alien: Covenant" (2017). Mesmo expandindo o universo da história, os projetos não agradaram o público (especialmente o último),  praticamente enterrando a história.

Cena do filme "Alien - O Oitavo Passageiro" (1979). (Divulgação/FOX)

Dentre os spin-offs, o que mais chama a atenção é "Alien vs. Predador", coletânea de gosto duvidoso em que a FOX reúne os seus dois monstros alienígenas. Nada mais do que projetos caça-niqueis.

Em comemoração aos 40 anos, o estúdio desenvolveu um documentário para a TV, "Memory – The Origins of Alien", de Alexandre O. Philippe; uma cópia remasterizada em 4k, para o lançamento em Blu-Ray; e uma série de seis curtas roteirizada por fãs. Como a Disney acabou de comprar a FOX, o estúdio prometeu voltar a investir na saga. Entre os próximos projetos, duas séries de TV, uma delas para o streaming Hulu/Disney +. Comenta-se também que Scott estaria desenvolvendo um roteiro para um novo filme.

SERVIÇO

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O que é: sessões especiais para comemorar os 40 anos de "Alien - O Oitavo Passageiro" (1979). Nesta terça (28), às 20h, e sábado (1º), às 22h, no Cinemark Vitória e Vila Velha.

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