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Em novo livro, Bernadette Lyra traz outro olhar sobre morte e solidão

Em novo livro, Bernadette Lyra traz outro olhar sobre morte e solidão

Escritora capixaba lança "Ulpiana" nesta quinta-feira (30), no Centro de Vitória

Publicado em 29 de maio de 2019 às 21:33

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Ulpiana foi uma necrópole romana situada no atual Kosovo, na península dos Bálcãs, região Sudeste da Europa. A localidade rodeada de conflitos históricos foi o terreno escolhido pela escritora Bernadette Lyra para ambientar seu mais novo romance, “Ulpiana”, lançado nesta quinta-feira (30), às 19h, no Grappino Rangobar, no Centro de Vitória.

Décimo primeiro na lista de romances da escritora capixaba, o livro conta a história de uma mulher já com idade avançada que decidiu acabar com a própria vida quando deparou-se com a solidão e com problemas de saúde. A partir da morte da personagem principal, muitas histórias se entrelaçam e surge um novo ponto na narrativa: a sobrinha que tenta desvendar o enigma da morte da tia.

Os desdobramentos, dados de maneira não-linear, revelam detalhes da vida de várias mulheres, unindo fragmentos de memórias e tramas, e abordando enganos, desenganos e perdas.

Em entrevista ao Gazeta Online, a também professora emérita da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) confidenciou que o ponto de partida para a produção da obra deu-se com o suicídio da atriz Ariclê Perez, ocorrido em 2006, em São Paulo.

“Na época, eu tinha visto ela na rua havia menos de uma semana, elegante como sempre era. Depois, quando morreu, ficou um mistério para mim. Fiquei pensando por que uma mulher se mata. Por muito tempo, quando sentava para escrever outras coisas, isso me vinha à cabeça”, confessa a escritora.

Provocada pelos questionamentos que surgiam em seu próprio pensar sobre o fato, Bernadette passou a colocar as ideias no papel e construiu o arco de personagem. “Às vezes me perguntava o que passou pela cabeça dela, o que aconteceu na vida daquela mulher”, diz, antes de reforçar o quanto ficou tocada com o suicídio.

O processo todo de construção de “Ulpiana” durou cerca de dois anos, o que a autora considera bastante tempo. Apesar do tema denso, a escritora consegue estabelecer uma narrativa leve e envolvente, sem apelar para o tom clichê ou depressivo que pode vir a cercar a morte.

“Sempre pensava nos motivos que levam as pessoas a terem medo de falar em suicídio, mas é preciso falar de alguma maneira, sem tornar aquilo um peso. É claro que há uma dor profunda por trás de todas as mortes, mas eu vi que podia abordar isso sem lamento, sem autocomiseração, com certa tranquilidade e afastamento”, salienta Bernadette, que costuma escrever por cerca de oito horas diárias, como em um expediente próprio.

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Ulpiana. À Lápis, 124 páginas. Quanto: R$ 30. Lançamento nesta quinta-feira (30), às 19h, no Grappino Rangobar.

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