Muito se fala da falta de criatividade que assola a indústria cinematográfica hoje entupida de remakes, reboots, adaptações de livros e quadrinhos. Alguns casos, como o Universo Cinematográfico Marvel (e suas cifras), são fáceis de serem defendidos, outros, em contrapartida, se tornam um exemplo da crítica para cada Good Omens (série da Prime Vídeo que adapta obra de Neil Gaiman) há cinco Robin Hood: A Origem ou, no caso, MIB: Homens de Preto Internacional.
A franquia iniciada em 1997 no filme de Barry Sonnenfeld estrelado por Tommy Lee Jones e Will Smith (uma adaptação de quadrinhos) era divertida, inovadora e se sustentava muito na química entre seus protagonistas. A seriedade de K (Tommy Lee Jones) contrastava com o encantamento e a irreverência de J (Will Smith); a batida fórmula de uma dupla com personalidade diferentes ganhava novos contornos com traquitanas à lá James Bond e, claro, alienígenas. O primeiro filme é ótimo, o segundo, razoável. O terceiro, lançado em 2012, é bom, encerrando bem a história daqueles personagens que conhecemos em 97. Qual a necessidade, então, de um quarto filme?
RECOMEÇO
MIB: Homens de Preto Internacional não é um reboot, mas tampouco funciona como uma continuação. O filme dirigido por F. Gary Gray (Straight Outta Compton) acompanha Molly (Tessa Thompson), uma jovem que viu seus pais terem as memórias apagadas e cresceu obcecada com os Homens de Preto.
Uma das partes mais legais do primeiro filme, os perrengues passados por J para entrar na agência, é praticamente ignorada aqui. Molly se torna a Agente M muito rápido e logo é despachada para o escritório da MIB em Londres. Lá encontra T (Liam Neeson), o chefão local, e H (Chris Hemsworth), um ótimo mas atrapalhado agente.
A química entre Tessa e Chris é o que ainda garante charme ao filme. A dupla, que já trabalhou junta em Thor: Ragnarok, se entende e dá um pouco de vida à dinâmica de aprendiz e veterano. Ao contrário do que acontece na trilogia original, porém, H não é um veterano sisudo, mas sim um personagem criado para usar o talento cômico de Hemsworth.
O novo Homens de Preto é genérico e desnecessário. O Internacional do título é pouco aproveitado pelo roteiro, que não leva a ação para novas culturas. O humor nem sempre funciona e a trama é desinteressante. Enquanto marca, Homens de Preto ainda tem relevância e merecia um filme que tivesse força para recolocar a franquia entre as mais interessantes da cultura pop. Não foi desta vez.
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