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Formada em 2007 em um dos centros de maior fervo cultural do país, Belo Horizonte, Iconili é uma big band composta por nada menos que 11 integrantes. Com pés fincados na música instrumental, o grupo mescla timbres variados em um trabalho que nos remete a uma espécie de transe.
As referências são inúmeras, e vêm de cruzamentos entre o jazz, africanidades, elementos do rock e toques de ritmo regional brasileiro.
A combinação entre percussões, sopros, guitarras e teclado ganhou, em Quintais, disco que acaba de ser lançado pelo selo Natura Musical, um novo contorno: o grupo agora passou a incorporar vocais em sua sonoridade, mas sem abrir mão da identidade de banda instrumental.
A novidade não veio à toa. A virada dada com o elemento vocal deve-se principalmente à chegada de Josi Lopes à banda. A cantora, que sempre circulou bem pela percussão e pelo sopro, cria vocalizes que geralmente acompanham o arranjo mas em alguns casos busca também criar uma distância do mesmo.
O Quintais começou a ser pensado em 2017, durante uma imersão do grupo no distrito de André do Mato Dentro, em Santa Bárbara, que fica na região da Serra da Gandarela, no interior de Minas, conta Gustavo Cunha, responsável pela guitarra e pelo synth na banda.
INTERAÇÃO
Foi por lá que o embrião das músicas foi composto. Em uma oportunidade, Josi Lopes juntou-se a o grupo durante as conhecidas jam sessions que costumam fazer. Daí para frente, diz Gustavo, a interação de Josi com o restante do grupo foi praticamente cósmica.
Nosso encontro deu-se no Réveillon, em noite de lua cheia, tudo muito simbólico. A coisa fluiu, partimos para novos ensaios, e desenvolvemos muito as músicas durante uma verdadeira imersão no estúdio em Belo Horizonte, completa Gustavo, que além de Josi, tem a companhia de André Orandi (teclados e sax alto), Chaya Vazquez (percussão), Henrique Staino (sax tenor e soprano), João Machala (trombone), Lucas Freitas (sax barítono e clarone), Fernando Monteiro (bateria), Rafa Nunes (percussão), Rafael Mandacaru (guitarra e teremim) e Willian Rosa (baixo).
Neste novo trabalho, Iconili abre mão do afrobeat e aposta em afrobrasilidades, justamente com a ideia de valorizar os regionalismos presentes na riquíssima música brasileira. Destaque para Sete Fluidos, Canoada, Cruz de Agadez e Caboclada, que lembra um congado mineiro. Este disco tem mesmo mais som de Minas que nossos trabalhos anteriores, destaca Gustavo.
Como determina a natureza da música instrumental, com Iconili não seria diferente. O grupo encara o gênero como resistência cultural, e não abre mão da coletividade nas produções.
Todo esse processo do nosso disco, da nossa música, tem mais a vez com existência e resistência. Funcionamos mais como um coletivo artístico do que como banda. Achamos importante dar espaço pras pessoas chegarem com sons, com ideias, com energia, com tudo, conclui o guitarrista.
QUINTAIS
Iconili. Natura Musical, 9 músicas. Disponível nas principais plataformas de streaming.
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